Amigo de Kempes quer guardar só as boas lembranças do jogador
Por Renata Sena
“Erga essa cabeça, mete o pé e vai na fé. Manda essa tristeza embora. Basta acreditar que um novo dia vai raiar. Sua hora vai chegar”. Eternizada ao som do Grupo Revelação, essa era a trilha sonora da vida de Everton Kempes dos Santos Gonçalves, de 34 anos, jogador da Chapecoense e uma das vítimas fatais do trágico desastre aéreo.
Criado em São Gonçalo, Kempes nutria uma enorme admiração por Xande de Pilares, ex-vocalista do grupo Revelação, e chegou a usar tranças para homenagear o ídolo. No entanto, a canção passou a fazer mais sentido para os amigos do atleta. “Desde então, a gente só tenta mandar a tristeza embora”, disse emocionado o administrador Paulo Sérgio Bastos, 34, que era compadre de Kempes.
Muito abalado, Paulinho, como era chamado pelo amigo, relembrou o início da carreira de Kempes. “A gente jogou junto, em 1998, no Canto do Rio. Depois, ficamos um tempo afastado por causa das carreiras e nos reencontramos. A partir de então, não nos separamos mais. Estive com ele no último jogo. São muitas lembranças”, relembra.
Paulinho falou com Kempes, na última segunda-feira, 20 minutos antes dele embarcar. “Quando soube do acidente durante a madrugada, entrei em contato com a esposa dele. A gente não queria acreditar, mas se ele estivesse vivo, teria feito contato. No final da tarde, perdemos a esperança e percebemos que a hora dele havia chegado”, disse Paulinho, que preferiu não ir para Chapecó, em Santa Catarina, para guardar as melhores imagens do amigo.
O corpo do atleta deve chegar em Chapecó, na madrugada de amanhã, e será velado coletivamente por aproximadamente seis horas. Os familiares vão ter cerca de uma hora de cerimônia fechada e depois os torcedores terão acesso ao velório coletivo, na Arena Condá, em Chapecó. O enterro do atleta ainda não tem local definido e a família ainda não divulgou se o sepultamento será em São Gonçalo ou em Porto Alegre, onde Kempes vivia com a esposa e os dois filhos.