Corpo de Kempes será velado com amigos na Arena Condá

Por Renata Sena
Os pais do jogador da Chapecoense, Everton Kempes do Santos Gonçalves, de 34 anos, embarcam para Chapecó na manhã de hoje. O corpo do atacante será levado para a cidade, em Santa Catarina, onde será velado coletivamente com os colegas de clube, mortos na tragédia aérea. O local do enterro do atleta ainda não foi definido.
“Vou respeitar minha nora e meu neto, que já entende as coisas, para decidirmos o local do enterro. Kempes foi formado e cresceu, profissionalmente, em São Gonçalo, mas ele vivia com a família no Sul, um lugar que sempre gostou. Acredito que tudo será feito por lá”, contou o pai do atleta, o gerente comercial Amaro Gonçalves, 62, que mora com a esposa, a também gerente comercial Maria das Graças Gonçalves, 62, em Alcântara.
Apaixonado por futebol, Amaro pressentiu que teria um filho jogador e batizou os três meninos com o nome de Kempes, em homenagem ao atacante argentino Mario Kempes, campeão mundial de 1978. “Tinha certeza que um dos meus filhos seria jogador. E ele foi. E ele brilhou. Queria que esse pressentimento tivesse voltado, agora, e eu não tivesse deixado ele embarcar naquele avião. Mas, infelizmente, não pude. Tudo que acontece é plano de Deus e, agora, precisamos pedir que Deus conforte nossos corações”, falou, emocionado, o pai do jogador. Questionado sobre o melhor presente que o filho deu, ele não hesitou em responder. “Não há bem material que compre os presentes espirituais. As lembranças são muitas, mas minha maior herança são meus netos. Ele sempre foi um bom filho e um bom pai”, destacou.
Medo – Kempes cresceu e foi descoberto em São Gonçalo e, atualmente, emprestava o talento para a Chapecoense, para onde retornou após jogar do Japão. O motivo da volta ao Brasil é estarrecedor: queria evitar voos longos. O medo de Kempes, da esposa e dos filhos, um menino de oito anos e uma menina de dois, nasceu há cerca de dois anos, quando o avião que a família estava sofreu uma pane e realizou um pouso de emergência. Na época, Kempes abriu mão do alto salário e voltou para o Brasil.
Apesar do medo de longos voos, Kempes embarcou para a Colômbia, onde iria disputar a primeira partida da final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional. Com ele, outras 76 pessoas, entre tripulantes, jornalistas e integrantes da delegação Chapecoense estavam na aeronave RJ85, da companhia boliviana Lamia, que caiu na madrugada de segunda-feira.