Educação sob os escombros
Alunos e professores protestam para exigir reforma de escola em SG fechada há mais de um ano

O colorido da Escola Estadual Tarcísio Bueno, obra do renomado artista plástico Carlos Sclair, deu lugar a um espaço sombrio. As cores alegres parecem ter ficado num passado distante da instituição de ensino do Paraíso, em São Gonçalo, que está prestes a fechar as portas, às vésperas de seu cinquentenário.
O prédio por onde circulou milhares de alunos está em ruínas. Documentos descartados, móveis quebrados, paredes sujas e a rede elétrica completamente danificada formam o ambiente atual da instituição de ensino.
A escola que ganhou o nome de um dos principais generais da Força Expedicionária Brasileira durante a Segunda Guerra Mundial, na Itália, agora está nas trincheiras para tentar sobreviver. A luta dessa vez é de pais, alunos e professores, que tal qual Tarcísio Bueno travam uma verdadeira batalha com o governo do estado.
Em agosto do ano passado, o teto de uma das salas unidade de ensino desabou e alunos foram impedidos de continuar estudando ali. Com a promessa de reforma e entrega das obras no ano letivo de 2017, os estudantes foram remanejados para o Ciep 236 (Djair Cabral Malheiros) e 335 Ciep 237 (Wladimir Herzog), ambos próximos à unidade com problema.
Na manhã de ontem, alunos e professores fizeram uma manifestação em frente à instituição de ensino após terem sido comunicados pela Secretaria de Educação que a escola será extinta. O estado, no entanto, afirma que a escola não será fechada.
De acordo com o professor de Língua Portuguesa Alessandro Domingues, de 40 anos, a decisão é arbitrária e rompe com o compromisso feito à comunidade escolar de que a unidade seria reformada e entregue aos estudantes no ano que vem. Ainda segundo o professor, a verba estimada em R$ 11 milhões entrou no orçamento do governo.
“A verba foi destinada, mas usaram a desculpa da crise para que o valor não fosse aplicado na reforma. Eles falam em arrestos na justiça, mas o primeiro só ocorreu em maio e quantia já estava na conta em fevereiro. Isso significa que tínhamos uma verba disponível e as obras não foram feitas”, explicou. “Na segunda-feira, fomos comunicados sobre extinção da escola. Na terça, houve uma pequena reunião com professores e, de forma voluntariosa, nos comunicaram que a decisão foi revista. Na quarta, em nova reunião, dessa vez em Niterói, eles voltaram a falar em fechar a escola. Essa decisão é absurda”, emendou.
Nova manifestação - Contrários à decisão, alunos e professores preparam um novo protesto com data ainda indefinida. Dessa vez, além da manifestação, estão previstos um pocket show, com apresentação de professores músicos na porta da escola.
Escolas ameaçadas - No inicio desta semana, a Secretaria de Educação anunciou o fechamento de outras duas escolas da região: o Ciep 251 (Dona Maria Portugal), em Niterói, e o Ciep 425 (Professora Marlucy Salles de Almeida), em São Gonçalo. A direção do Sepe e os membros de comunidades escolares afetadas apresentaram denúncia de fechamento de escolas estaduais em Niterói e São Gonçalo numa audiência pública, na Alerj. Cerca de 20 escolas serão fechadas em 2017 em todo o estado.