Um sonhador solidário

Por Thiago Soares
Trabalhador, escritor e banguense. Se a história de vida de Genivaldo Batista da Silva, de 60 anos, fosse resumida, essas seriam as partes mais importantes. Nascido em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e radicado em Niterói, o zelador realizou um lindo gesto antes de conseguir a publicação do seu único livro: doar 50% de toda arrecadação a uma instituição social.
Autor da obra ‘Memórias de um sonhador’, lançado em 2012, Genivaldo conta em seu livro suas histórias vividas. Poucas pessoas sabem, porém, uma das mais belas de sua vida. Quando ainda lutava para conseguir uma editora para lançar seu livro, o zelador prometeu doar parte do que ganharia para a Apae.
“Chegou um dia que eu precisava fazer alguma coisa para conseguir o lançamento do livro. Cheguei na janela da minha casa e conversei com Deus. Prometi que doaria 50% de tudo que ganhasse com o livro para alguma instituição e acabei escolhendo a Apae”, disse o sorridente escritor. Prometido e cumprido. Hoje, quatro depois do lançamento, o livro não se tornou um best-seller, porém rendeu algum dinheiro e parte foi corretamente destinado à Apae de Niterói.
“Logo que recebi a primeira quantia eu fui até a Apae, no Centro, e doei. Depois disso, passei a ajudar regularmente a instituição”, contou. Além da literatura, Genivaldo tem outra grande paixão: o Bangu Atlético Clube. Mas quem pensa que o amor do escritor ao clube nasceu por acaso, se engana. Segundo o zelador, a identificação aconteceu pelo time ser uma instituição do proletariado e não um clube de elite como os grandes do estado.
“O Bangu desde que foi criado é um time do povo, dos trabalhadores, dos negros. Nunca foi de elite, como Flamengo, Fluminense, Botafogo e Vasco. Nosso clube foi o primeiro a por um negro em campo e foi até excluído de um campeonato por isso. Além disso, uma vinheta com o nome do Bangu numa rádio carioca era linda e me chamou a atenção. Por tudo isso a minha identificação com ele”, afirmou.
Autor já planeja sua segunda publicação
Atualmente consolidado em Niterói, onde é zelador de um prédio comercial, no mesmo endereço onde mora, na Rua Miguel de Frias, em Icaraí, o banguense já pensa no futuro. Com uma nova história na cabeça, Genivaldo sonha em lançar seu segundo livro.
“É verdade, tenho uma boa história sobre traição. É algo real que aconteceu em São João de Meriti e me interessou. Já comecei a procurar editora e espero conseguir mais para frente”, finalizou com um sorriso no rosto. Para comprar o livro “Memórias de um sonhador”, basta ir até a banca do Antônio, que fica na Rua Miguel de Frias, em frente ao Centro Clínico Icaraí. O valor da obra de Genivaldo Batista é de R$ 25.
Passagem por SG - Apesar de ter nascido na Baixada e morar em Niterói, o escritor passou quase uma década morando em São Gonçalo, nos anos 1990. Mesmo tendo sido uma passagem relativamente curta, Genivaldo lembra com carinho dos anos no município e conta que alguns amigos brincam com ele de que seu nome deveria batizar uma escola municipal que existia no Bairro das Palmeiras.
“Na época eu gostava muito de ajudar as pessoas, principalmente as crianças. E a tal escola estava largada. Vendo isso, eu fazia limpeza, cortava grama, capim, deixava a escola numa situação boa para os alunos. Por estes motivos, tenho amigos que brincam que a prefeitura deveria ter dado meu nome à escola na época”, revelou Genivaldo.