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Apae pode fechar as portas

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 21 de outubro de 2016 - 10:45
Na Apae, os assistidos fazem diferentes atividades que contribuem e ajudam o desenvolvimento
Na Apae, os assistidos fazem diferentes atividades que contribuem e ajudam o desenvolvimento -

Por Thiago Soares

Depois de quase 50 anos prestando serviços sociais à população, a Apae de São Gonçalo pode fechar as portas. O motivo é a falta de recursos. A instituição, que antes recebia verbas dos governos federal e municipal, agora está há pelo menos oito meses sem repasses. Em desespero, a direção da unidade estendeu uma faixa no muro alertando sobre a situação.

A presidente a Apae do município, Javanira Vieira de Lira, de 71 anos, disse que precisa de R$600 mil para manter as atividades até o fim deste ano. “Hoje, para sobrevivermos, até o fim de dezembro, precisaríamos de R$600 mil. Não temos dinheiro, e a partir de segunda-feira, não teremos nem alimentos para todos os nossos atendidos”, contou.

Com 520 crianças assistidas e a vontade de não interromper o trabalho, o coordenador artístico da Apae, Argeílson Joaquim da Cunha, 47, falou o que levou a direção a colocar a faixa no muro. “É um ato de total desespero. Estamos tentando alertar a sociedade da gravidade do nosso problema. Muitas destas crianças têm a Apae como sua segunda casa. Eles não podem perder este serviço, seria um regresso na vida deles”, explicou.

Com mais da metade da vida dedicada ao trabalho na associação, a professora Angelina Capella, 53, fez um apelo aos gonçalenses. “Trabalho aqui desde os 17 anos. Nunca tive outro emprego e não quero ter. Já estou aposentada, mas sigo firme. Todos precisam entender que o nosso problema é de toda sociedade. Todos precisam nos ajudar”, pediu.

Frequentadora da instituição nos últimos anos por conta de seu filho Lineker Rodrigues, 22, portador de Síndrome de Down, Cláudia Rodrigues, 51, lamentou a possibilidade de fechamento do local. “A Apae é tudo para meu filho. Ele não vai conseguir ser o mesmo se esse tratamento acabar. Aqui, ele tem tudo. Quando não podemos vir, ele pergunta. Torço para que tudo se resolva”, lamentou.

Mesmo com todos os problemas, Javanira informou que não desistirá. “Segunda-feira, as portas estarão abertas, com ou sem dinheiro. Não vamos parar. Mesmo nesta situação, não quero sair daqui”, disse.

Atualmente, os 72 funcionários completam dois meses de salários atrasados. Quem quiser ajudar, basta ligar para 2712-9968 ou depositar qualquer quantia na conta 35516-X, Ag. 0394-8 do Banco do Brasil.

A assessoria de imprensa do Ministério da Saúde informou que não existe Apae habilitada no município de São Gonçalo que receba verbas do Sistema Único de Saúde (SUS) e sim a Associação Brasileira de Assistência ao Excepcional (Abrae), que está com o repasse mensal de R$ 140 mil em dia. A verba é repassada ao Fundo Municipal de Saúde, a quem compete gerenciar e enviá-la à instituição. Cabe ressaltar que a pasta já notificou duas vezes a Secretaria Municipal de Saúde de São Gonçalo, responsável pela contratualização da Abrae, para justificar os atrasos e solucionar as pendências de pagamento. A assessoria de imprensa da Prefeitura de São Gonçalo não deu retorno até o fechamento desta edição.

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