'Negratividade': Conheça a força da cultura gonçalense que ganhou o Brasil
Nascido em SG, o coletivo mistura música, dança e resistência em um movimento que vai do soul ao funk, passando pelo hip hop e pela valorização da negritude. O Grupo é o convidado da Série 'OSG ENCONTROS'

De São Gonçalo, o coletivo Negratividade mistura música, dança e resistência em um movimento que vai do soul ao funk, passando pelo hip hop e pela valorização da negritude. Com mais de 145 mil visualizações em um de seus vídeos, o grupo se consolida como uma das vozes mais potentes da cena cultural fluminense. O programa OSG ENCONTROS recebeu os artistas Xavão e Arcanjo, integrantes do COLETIVO, para um bate-papo sobre a trajetória, os desafios e o crescimento do grupo que vem conquistando público dentro e fora da região.
OSG- Como surgiu o Negra Atividade?
Xavão: O Negratividade nasceu em 2020, em São Gonçalo, minha terra. A ideia vem de uma pesquisa que eu fazia desde 2016 sobre musicalidade black, soul, funk — sempre com foco na negritude e na diversidade cultural. Após a pandemia, começamos a tocar em São Gonçalo, Niterói e Rio. O DJ Arcanjo entrou para o projeto, e hoje somos uma banda e também um coletivo. Além da música, criamos o evento Baile em Black, que é um dos nossos maiores orgulhos.

OSG- O projeto vai além da música, certo?
Arcanjo: Sim, hoje o Negratividade é mais que uma banda. Temos dançarinos, equipe técnica, produtores e colaboradores. É uma família, um coletivo que cresce junto, cada um contribuindo com o seu talento.
OSG- Como foi o primeiro show do grupo?
Xavão - Nosso primeiro show foi em 2020, no auge da pandemia. Como não podíamos nos apresentar com público, fizemos uma live no Teatro Oscar Niemeyer, em Niterói. Foi a nossa estreia e um momento muito marcante, que deu força pra seguir em frente.

OSG- Mesmo com as restrições, vocês cresceram muito. Como conseguiram isso?
Arcanjo: A internet foi essencial. Fizemos lives, lançamos vídeos e músicas novas. A proposta do Negratividade é transformar as dificuldades em arte. Mesmo em tempos negativos, encontramos um jeito de espalhar positividade.
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OSG- E como nasceu o evento “Bailinho Black”?
Xavão: O "Bailinho Black" surgiu depois da pandemia, quando as pessoas estavam com vontade de se reencontrar. Começamos em pequenos espaços — bares, bistrôs, locais underground — e reunimos o público pra ouvir soul, hip hop, funk. Foi um respiro cultural e um reencontro com a nossa essência.

OSG- As apresentações eram ao vivo?
Arcanjo: Sempre ao vivo! Tocávamos músicas autorais e também covers. Muitas vezes, depois que o evento acabava, o público continuava na calçada com violão, cantando até o amanhecer. Eram momentos mágicos.
OSG - Isso aproximou muito o público de vocês, não é?
Xavão: Com certeza. Muitos fãs viraram parte da equipe. Um virou fotógrafo, outro produtor, outro dançarino. Hoje o Negratividade é um time. Trabalham conosco a produtora Viviane Santos, a DJ Cora e vários músicos que participam dos shows.
OSG - Quais são as redes sociais do grupo?
Xavão: O grupo está no Instagram como @negraatividadeoficial. O meu perfil é @xavaodg.
Arcanjo: E o meu é @djarcanjo, tudo junto, bem fácil de achar.
OSG - Vocês lançaram uma música que está fazendo sucesso. Conte mais sobre ela.
Xavão: É a canção “Rolé por São Gonçalo”, que já ultrapassou 145 mil visualizações no YouTube. A música fala da nossa cidade, dos eventos, da história local. É uma forma de valorizar nossa cultura e resgatar memórias da região.

OSG- Que mensagem vocês deixam para quem sonha em viver de arte?
Xavão: Não existe fórmula pronta. O importante é não desistir e se profissionalizar. O artista precisa se ver como uma empresa, se capacitar, entender o lado prático da carreira. Isso faz toda diferença.
Arcanjo: E eu diria: Faz! Corre atrás. Como dizia Tim Maia, “se der, não faça” — mas se você ama, faça assim mesmo. Dá trabalho, mas é prazeroso. A arte é inevitável pra quem nasceu pra ela.
Entrevistador: Em nome da equipe do OSG Encontros, agradeço muito a presença de vocês. Foi um prazer enorme recebê-los.