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Flipei acusa Prefeitura de SP de censura após cancelamento de evento na Praça das Artes

Organização da Festa Literária Pirata das Editoras Independentes denuncia quebra de contrato e vê decisão como represália ao conteúdo político de mesas sobre a Palestina

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 04 de agosto de 2025 - 09:05
Festa Literária Pirata das Editoras Independentes
Festa Literária Pirata das Editoras Independentes -

A Festa Literária Pirata das Editoras Independentes (Flipei) acusou a Prefeitura de São Paulo de censura após o cancelamento, de última hora, da edição marcada para esta semana (6 a 10 de agosto) na Praça das Artes, no centro da cidade. O evento, que seria realizado em parceria com a Fundação Theatro Municipal — responsável pela gestão do espaço —, foi suspenso sob a justificativa de “conteúdo e finalidade de cunho político-ideológico”.

A decisão foi comunicada aos organizadores na noite de sexta-feira (1º), a apenas cinco dias do evento, por meio de ofício assinado por Abrão Mafra, diretor da fundação vinculada à Secretaria Municipal de Cultura, na gestão de Ricardo Nunes (MDB).

Segundo o documento, o teor do evento contrariaria os princípios de "neutralidade e impessoalidade" exigidos na utilização de equipamentos públicos. A nota ressalta ainda que manifestações político-partidárias só seriam permitidas se estivessem alinhadas a propostas pedagógicas, artísticas ou institucionais diretamente relacionadas à atuação das escolas geridas.

A organização da Flipei contestou a justificativa, alegando que a suspensão revela um incômodo com os temas abordados na programação, como a questão palestina.

Um dos destaques da festa seria uma mesa com o historiador israelense Ilan Pappé, que já relatou estar sofrendo perseguições por tratar do assunto no Brasil, além da participação do ativista Thiago Ávila, integrante da flotilha humanitária interceptada por Israel.

“O lobby sionista que vem sendo mobilizado contra a discussão da causa palestina também está atuando aqui”, publicou a feira em seu perfil oficial.

A Flipei ainda denunciou o rompimento contratual por parte da Fundação Theatro Municipal. Segundo a organização, o acordo, firmado cinco meses atrás, previa que qualquer eventual rescisão deveria ser comunicada com pelo menos 15 dias de antecedência. A montagem do evento começaria já nos dias 4 e 5 de setembro, com a abertura marcada para o dia 6.

Apesar do imbróglio, os organizadores garantem que a programação da edição 2025 está mantida, com os mesmos dias e horários, no Galpão Elza Soares, a poucos quilômetros da Praça das Artes, onde seria inicialmente.

Eles também afirmam que medidas judiciais e políticas estão sendo adotadas para responsabilizar a Fundação Theatro Municipal, a Secretaria de Cultura e a própria Prefeitura de São Paulo pelo que classificam como um “ato autoritário e absurdo de censura”.

O jornalista Jamil Chade, que também participaria do evento, se manifestou em seu Instagram, chamando o episódio de “censura insuportável”. Ele afirmou que sua palestra, agendada para o dia 9, será mantida, independentemente do local. “Minha fala será justamente sobre a onda autoritária,  agora com um exemplo concreto do que isso significa”, declarou.

O Galpão Elza Soares, novo local da Flipei, é Alameda Eduardo Prado, 474, Campos Elíseos, São Paulo.

Editoras de todo o país 

Mais de 200 editoras independentes de todo o Brasil marcarão presença na Flipei, oferecendo descontos de até 40% em seus produtos. 

Entre as editoras da região metropolitana estão na lista Instituto Povo do Livro de Maricá e Mapa das Letras, de São Gonçalo. 

A programação completa da Flipei pode ser acompanhada pelo Instagram @flipeioficial.

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