De SG para Copacabana: Caravana de mulheres negras celebra o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha
No Brasil, o dia 25 de julho também relembra a importância de Tereza de Benguela, uma líder quilombola do século XVIII

Em busca de discutir temas de importância social como igualdade racial e de gênero, a data de 25 de julho foi escolhida para celebrar o Dia Internacional da Mulher Negra Latina-Americana e Caribenha, após a união de forças de inúmeras mulheres em um encontro na República Dominicana. Em comemoração a esse dia, no Rio de Janeiro será realizada uma marcha pela orla de Copacabana, no próximo domingo (27), e as mulheres de São Gonçalo que tiverem interesse em participar estão mais do que convidadas, pois sairá uma caravana da Praça Zé Garoto às 9h e outra no Jardim Catarina às 8h30.
A Marcha das Mulheres Negras do Rio de Janeiro está em sua décima primeira edição. Esse ano, acontecerá às 10 da manhã na Praça do Lido, em Copacabana, e acontece em prol do combate ao racismo, da violência, em favor à justiça e ao poder de fala da mulher negra.
Dia Internacional da Mulher Negra Latina-Americana e Caribenha
A data foi instituída há 33 anos, como uma forma de resistência sobre a violência e desigualdade que as pessoas negras, principalmente as mulheres, são vítimas. Dessa forma, em 1992, um grupo de mulheres realizaram o primeiro Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas, ocorrido em Santo Domingo, na República Dominicana. No evento, foram discutidas as questões que afetavam essas mulheres e também as soluções que poderiam ser adotadas para melhorar sua condição de vida.
Do encontro originou-se a Rede de Mulheres Afro-Latina-Americanas e Afro-Caribenhas que, ao lado da Organizações das Nações Unidas (ONU), teve a missão de instituir no dia 25 de julho o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha, que desde então vem promovendo debates sobre inúmeras temáticas sociais.
Símbolo da liderança feminina: Tereza Benguela
No Brasil, o dia 25 de julho possui um símbolo para essa causa, pois em 2014 foi instituído através da Lei nº 12.987, como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.

Tereza de Bengela viveu no período da escravidão no Brasil no século XVIII. A mulher que se tornou símbolo de liderança feminina, comandou por cerca de 20 anos o Quilombo do Quariterê, localizado em uma área onde hoje se encontra o estado de Mato Grosso.
A Marcha das Mulheres Negras do Rio de Janeiro
A Marcha foi criada há 10 anos, e é vista pelas participantes como um ato de resistência para afirmar a luta pelos direitos, a ancestralidade e coletividade, afim do direito do bem-viver.

Leila Santos, 57, membro do Fórum de Mulheres Negras de São Gonçalo (FMNSG), fala que a importância da Marcha passa por ser realizada por mulheres que normalmente não teriam a voz que merecem. “As mulheres dos coletivos, que são mulheres de periferia, nos lugares de poder, política, mães, quando nos unimos, nós fortalecemos outras mulheres que não têm nenhum direito, nem têm ainda essa possibilidade de estar indo nessa marcha. Essa marcha é um chamado, é uma forma da gente mostrar que a gente precisa umas das outras, que a gente precisa se unir.”.
A escolha de realizar a passeata em Copacabana é pelo fato de muitas não terem tido a chance de ir algum dia até o bairro, e quem foi, ter ido à trabalho. “Quando a gente fala em Copacabana, é porque é um lugar onde não nos querem, não querem o povo preto lá. A maioria das mulheres negras estão dentro dos apartamentos, lavando, limpando. Quando a gente está na avenida, passando na marcha, gritando por nossos direitos, é para essas mulheres que estão lá em cima nos prédios olharem também e veem que a gente está ali por elas, está representando elas, que na próxima marcha, para elas descerem e estarem ali também com a gente em busca e luta, em fortalecimento para nossos direitos, para o nosso bem viver, por justiça, por uma educação inclusiva, por uma vida digna. A nossa marcha é para isso.”
“A gente faz essa marcha no dia 27 por ser um domingo, porque a data é dia 25 de julho, que é o dia da mulher negra latina-americana e caribenha. Então, quando a gente lembra da nossa ancestralidade aqui no Brasil, a gente lembra que Tereza de Benguela, Lélia Gonzalez, nós somos herdeiros dessas mulheres na força, na luta, porque nós, mulheres negras, estamos sempre lutando. Quando a gente vai para a marcha, a gente sente essa energia, essa força de várias mulheres juntas lutando por um objetivo, para saberem que podem contar com outras mulheres negras que estão na luta por elas. E, elas vindo de encontro a gente, nessa marcha, elas vão sentir exatamente isso, sentir que elas não estão sozinhas.”, explica Leila sobre a importância da marcha.

São Gonçalo faz parte da passeata e a expectativa é que para essa edição cerca de 160 mulheres gonçalenses se reúnam, com três ônibus saindo da cidade, com participantes de diversos grupos como o Emancipa, o Coletivo de Mulheres do Jardim Catarina, o Fórum de Mulheres de São Gonçalo, o Coletivo de Mulheres do Salgueiro e o Coletivo de Mulheres de Guaxindiba.
Para participar da caravana, é necessário preencher o formulário ou entrar em contato nos telefones.
21-98247062. - Leila Santos
21-982997703 - Sara Isa
21-974296701 - Rosilene