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Reencontro após 58 anos

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 14 de maio de 2016 - 20:27
Norma Cormack e Altay reviveram histórias na cozinha da casa do artista. local onde todos gostam de ficar, segundo ele próprio.
Norma Cormack e Altay reviveram histórias na cozinha da casa do artista. local onde todos gostam de ficar, segundo ele próprio. -

Você se recorda do rosto ou do nome da primeira professora? E da primeira “arte” que aprontou na escola? Na correria do cotidiano, muitas vezes não temos tempo sequer para relembrar bons momentos da adolescência ou da infância. Menos provável ainda é ter tempo para reencontrar aqueles que um dia fizeram parte do passado. Foi com esse pensamento que a professora gonçalense Norma Cormack, de 75 anos, hoje comerciante, procurou O SÃO GONÇALO para tentar realizar um sonho: reencontrar um aluno da turma de 1958.

O aluno é ninguém menos que o cantor e o compositor Altay Veloso, de 65 anos. E apesar de ele morar na mesma casa desde a época da infância, quis o destino que o reencontro tão sonhado por Norma demorasse quase seis décadas para acontecer.

“Nossa, é um sonho. Vocês estão realizando um sonho mesmo. Há uns anos, soube por uma outra aluna que estudou com ele, que Altay era compositor e cantor famoso. Ela falou ‘O cantor é aquele seu aluno Altay’. Desde então sempre me vinha a vontade de encontrá-lo. Pedi o contato dele a pessoas próximas, mas nunca consegui”, relembrou dona Norma, ainda no carro, enquanto seguia para o momento tão esperado. A tarde de outono apresentava um céu limpo, sem nuvens, e no ar a sensação de nostalgia era quase palpável. Dona Norma estava ansiosa, na expectativa. Três palmas e um chamado “Seu Altay!” foram suficientes para que o artista aparecesse na porta. Com sorriso no rosto e cachimbo na mão, marcas registradas do artista, Altay recebeu a professora e a equipe de reportagem de braços abertos. Se o reconhecimento não ocorreu de primeira - afinal, Altay tinha apenas sete anos na época - a simpatia foi instantânea. Convidados a entrar, toda a conversa que se desenrolou recheada de memórias e risadas aconteceu na cozinha, local que todos mais gostam de ficar, segundo Altay.

“Que coisa boa, que bacana”, repetia seguidamente o compositor, ao tentar se localizar na foto em preto e branco levada por Dona Norma.

Como velhos amigos que se reencontram para um café - ilustremente servido pela esposa, Maria Célia, mais conhecida como Celinha - longos minutos de muitas lembranças se passaram. “Olha aqui o Jorge Garuba. Miralda, Crimeia. Que bacana”, apontava na foto. “Lembro muito de Dona Enésia, a diretora da escola. Há um tempo, encontrei com o filho dela, o José Augusto, que se formou dentista. Com a Leninha, eu encontrava sempre. Minha prima Rita também estudou lá”, relembrou Altay referindo-se ao extinto Externato Rui Barbosa, no Porto Novo. Atualmente, existe uma residência no local.

“Lembro de uma vez que fiz xixi na calça. Não sei o que aconteceu, se fiquei com vergonha de pedir para ir ao banheiro. Saí todo molhado da escola. E naquela época, o caminho a pé parecia tão longe”, brincou.

“Ah, as professoras eram mais rígidas naquela época. O ensino também era muito diferente. A gente passava o dever diretamente nos cadernos dos alunos e corrigia um por um. Na época, eu estudava à noite no Colégio Orlando Rangel, e lecionava à tarde”, recordou Dona Norma, sem deixar de lembrar o quanto Altay - que naquele tempo assinava como Altair - era caprichado e muito organizado com o material. O encontro foi finalizado com a troca de número de telefones e presentes. Dona Norma recebeu, autografados, dois DVDs do compositor, um deles, a ópera “O Alabê de Jerusalém”.

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