Depois da chuva, o recomeço

Aos poucos, moradores de áreas atingidas pelo temporal estão voltando para as residências em SG -
Por Marcela Freitas
Após o forte temporal que devastou 38 bairros de São Gonçalo, é hora de recomeçar. Cinco dias após a chuva, que deixou 700 pessoas desalojadas devido à enchente, moradores começam a voltar para suas casas. Apenas 48 pessoas continuam alojadas na Igreja de Nossa Senhora de Santana, em Itaúna. Todas residem no bairro Palmeiras, onde a água já baixou.
Heloísa Helena de Souza, 53 anos, moradora da Rua Prado Lopes (antiga 7), no Jardim Catarina, está alojada na casa da tia, mas na manhã de ontem, retornou ao seu imóvel para calcular os prejuízos.
Segundo ela, está e a terceira enchente que enfrenta este ano. Desta vez, a força da água derrubou parte de sua cozinha e o imóvel corre o risco de desabar. “Havia acabado de reformar a cozinha. Estou sem chão. Mas é preciso recomeçar. Estou aguardando o laudo da Defesa Civil para entrar com o pedido de aluguel social. Não tenho como continuar aqui. È muito sofrimento. A água levou tudo até a minha geladeira. Sobraram poucas peças de roupas que estou lavando e os utensílios de cozinha”, disse.
Vítima das chuvas de 2010 Julio Cézar de Souza, 45 anos, também morador da Rua 7, contou que não sabe nem por onde começar. Sua casa está coberta por lama e, ele perdeu os dois automóveis. “Perdi tudo em 2010 e um amigo me emprestou essa casa. Não é a primeira vez que sofro enchente aqui, mas essa foi uma das mais difíceis. A água chegou a quase 2 metros. Não tenho como entrar na casa. Vou esperar a lama secar para voltar”, disse ele que está na casa de parentes.
A Prefeitura de São Gonçalo informou que a cidade não teve nenhum caso de desabrigados. O município registrou 700 pessoas desalojadas em órgãos da prefeitura e igrejas das regiões.
Em SG e Niterói, pontos para doações à vítimas
Quem quiser e puder ajudar as vítimas das chuvas pode procurar um dos postos de doações espalhados pela cidade. Entre os locais que estão recebendo donativos está o Pronto Socorro do Zé Garoto e Alcântara, no Centro Cultural Joaquim Lavoura e no prédio anexo da prefeitura, na Rua Uriscina Vargas, no Mutondo (rua em frente ao 7BPM).
Além destes pontos, é possível entregar as doações no Shopping Partage, Igreja Congregacional do Alcântara (esquina com Praça Chico Mendes), Salão Star Bela, na Avenida São Paulo, 30, na Trindade e Canto do Rio Foot-Ball Club.
As doações podem ser feitas na secretaria do clube de terça a domingo, entre 8h e 19h. O Canto do Rio receberá os donativos como alimentos não perecíveis, leite, fraldas descartáveis e material de higiene e limpeza. O clube fica no Centro de Niterói.
Desabrigados ocupam imóveis
Desde a última sexta-feira, 499 apartamentos dos condomínios Residenciais Parque das Araras e Bem-te-vis, no Jóquei, em São Gonçalo, foram ocupados ilegalmente por famílias atingidas pelas chuvas.
Mesmo estando todos os apartamentos ocupados, mais de 150 pessoas estão alojadas no salão de festa do empreendimento.
Representante do Residência Bem Te Vi Oracina Vieira, a Nana, de 51 anos, disse que está no local só para ajudar as famílias. “Temos pessoas aqui cadastradas em aluguel social que nunca receberam a ajuda. Queremos apenas que os direitos sejam respeitados. Nossa ocupação é pacifica. Só vamos sair daqui quando a situação for resolvida”, afirmou.
Moradora de Santa Isabel, Franciele Souza Borges, 29 anos, se mudou para o local com a mãe de 60 anos e os quatro filhos. “Minha casa caiu e não temos para onde ir. Quando soube dessa ocupação me mudei para cá”, declarou.
A Caixa Econômica Federal ressaltou que busca preservar o direito dos reais beneficiários, selecionados pelo município, de acordo com a regras do Programa Minha Casa Minha Vida.