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Busca por melhor qualidade de vida pode explicar ida de gonçalenses a Maricá

Enquanto São Gonçalo perdeu 10% de seus habitantes, a vizinha Maricá aumentou sua população em 50%

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 30 de junho de 2023 - 10:10
Os municípios de São Gonçalo e Maricá vivem dois opostos:
Os municípios de São Gonçalo e Maricá vivem dois opostos: -

Os municípios de São Gonçalo e Maricá vivem dois opostos: enquanto o primeiro perde população, o segundo ganhou uma quantidade expressiva de habitantes nos últimos 12 anos, segundo o Censo 2022, divulgado pelo IBGE nesta quarta-feira (28). Por isso, O SÃO GONÇALO ouviu gonçalenses que deixaram a cidade para viver em outros locais, inclusive na cidade vizinha de Maricá.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, São Gonçalo teve uma queda significativa no seu número de habitantes. Entre 2010 e 2022, o município foi o com mais de 100 mil habitantes que mais perdeu moradores em todo o País, passando de 999.728 para 896.744 pessoas. A população gonçalense encolheu 10,3% nos últimos 12 anos, ou seja, em números absolutos, a redução foi de 102.984 pessoas. Foi a maior perda de habitantes entre todas as cidades do Rio de Janeiro.


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Já população de Maricá chegou a 197.300 pessoas, o que representa um aumento de 54,87% em comparação ao último Censo, publicado em 2010, em que cidade possuía 127.461 habitantes. No ranking de população dos municípios, Maricá está na 15ª colocação no Estado, na 74ª colocação na região Sudeste e na 154ª colocação no Brasil.

"Acredito que isso aconteceu devido às melhorias na infraestrutura da cidade, aos programas sociais que a prefeitura realiza, além do transporte público gratuito. A cidade também conta com belíssimas paisagens, pontos turísticos gratuitos, área de lazer e esporte, boas escolas públicas e o aumento de postos de saúde. Mas ainda faltam investimentos em segurança pública e em geração de empregos", diz Miriã Cristiano, moradora de Maricá desde dezembro de 2010.

Um urbanista entrevistado pelo G1 acredita que a migração de habitantes da Região Metropolitana do Rio para outras cidades pode ser explicada, possivelmente, por falhas das políticas públicas em dois principais campos: na segurança pública e na mobilidade urbana. Já em relação à Maricá, estaria acontecendo o contrário: o município tem acertado na elaboração das políticas públicas. A boa utilização dos recursos dos royalties do petróleo, o oferecimento de uma melhor qualidade de vida e o transporte público com tarifa zero podem ser algumas das razões que estão atraindo mais habitantes.

Para o prefeito Fabiano Horta, esses números mostram que Maricá superou o conceito de "cidade dormitório" e hoje as pessoas estariam encontrando no município oportunidades de trabalho, moradia e contam com políticas de proteção social. 

“O sucesso das nossas políticas permitiu que a cidade continuasse com essa população crescendo com a Tarifa Zero, com uma rede de proteção social muito forte com o RBC onde mais de 42 mil pessoas recebem 200 mumbucas por mês para utilizar no comércio local. O Passaporte Universitário garante que o filho do trabalhador faça uma faculdade com o curso pago integralmente pela prefeitura, o Hospital Dr. Ernesto Che Guevara inaugurado na pandemia e que se tornou referência em cirurgias. Essas iniciativas fazem com que moradores de outras cidades enxerguem Maricá como local que protege a família e que gera oportunidades”, declara Fabiano.

Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de 2022 colocaram Maricá entre as cidades com mais de 150 mil habitantes no Brasil que teve a maior variação relativa de emprego formal de carteira assinada. Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico, Igor Sardinha, o município planeja o futuro com programas de estímulo à economia local e à proteção econômica, como o Programa de Proteção ao Trabalhador (PPT), iniciativa que formaliza, protege, e garante direitos ao trabalhador informal, e o Fomenta Maricá, que traz linhas de crédito para trabalhadores informais e empresários.

Segundo a gonçalense Michele Soares, que nasceu e se criou na cidade, assim como o marido, o nascimento do seu filho, em 2002, foi o principal motivo da mudança da família para Maricá. O casal começou a cogitar a migração em busca de uma qualidade de vida melhor para o fruto do relacionamento.

“Vimos em Maricá um município que nos proporciona uma vida social com mais lazer. Várias praças ao ar livre com academias, esportes e entretenimentos. Estamos bem satisfeitos e felizes morando aqui, na verdade superou as nossas expectativas. Nosso filho não pensa em sair daqui para lugar nenhum e esse também é nosso pensamento”, diz Michele, que mora na cidade há 10 anos.

Para ela, as praias, lagoas, cachoeiras e montanhas do município tornam o dia a dia da família bem mais agradável, “pois nada melhor do que uma caminhada e pedalada em um desses ambientes naturais”.

Para a vereadora de São Gonçalo Priscilla Canedo, a violência e a falta de investimento na qualidade de vida da população são os principais motivos da redução populacional.

“Esse dado reflete que os moradores de São Gonçalo estão saindo da cidade em busca de uma qualidade de vida melhor em outras cidades”, expõe.

Já a Prefeitura de São Gonçalo recebeu com reservas a informação de que o município sofreu uma redução de mais de 200 mil habitantes, segundo o Censo 2022. A prefeitura acredita que os dados atuais do censo demográfico não refletem a realidade, já que o município possui 495.325 inscrições imobiliárias e, seguindo a média de 2,5 habitantes por residência do próprio IBGE, só de população dentro das inscrições imobiliárias poderia ser estimada um quantitativo de 1,2 milhão de habitantes.

"Deve-se levar em consideração o número insuficiente de recenseadores, devido à diminuição de recursos para o recenseamento. A quantidade de domicílios fechados e de pessoas que não quiseram responder à pesquisa ou que não estavam em casa durante a visita dos recenseadores também pode ser considerado um fator da drástica redução populacional no município", afirma.

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