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Repensar para impactar: empreendedoras recalculam ‘rota’ da própria carreira e turbinam a economia local

Conheça as histórias da cabeleireira Suzana Brito; da profissional do livro, Roberta Souza e da costureira e confeiteira Tânia Maria

relogio min de leitura | Escrito por Renata Sena e Cyntia Fonseca | 04 de junho de 2023 - 13:10
Suzana Brito transformou o sonho em negócio que impacta a vida de mais de 10 mulheres, de forma direta e indireta
Suzana Brito transformou o sonho em negócio que impacta a vida de mais de 10 mulheres, de forma direta e indireta -

De porta em porta. Escondida em locais públicos. Com salas pequenas ou mesmo no cantinho da sala de casa. Às vezes, com apoio e força somente da própria voz. Apostar no próprio negócio não é uma decisão fácil de ser tomada, principalmente quando se abre mão de uma profissão que carrega status e a falsa sensação de realização. Porém, cada vez mais mulheres multitarefas movidas pela paixão e impulsionadas pela necessidade, usam seus sonhos para criar empreendimentos que transformam suas vidas e a de diversas pessoas que cruzam seus caminhos.


É claro que além de analisar todos os riscos, é preciso concentrar esforços, muitas vezes solitário, nessa missão de fazer o sonho se transformar em 'ganha pão'. Mas desistir nunca foi uma opção para Suzana Brito, Roberta Souza e Tânia Maria de Oliveira. 

Apesar de pertencerem a ramos distintos de atuação, uma característica une as três microempresárias de dois municípios no Rio de Janeiro — São Gonçalo e Maricá — de uma estatística que cresce a cada dia no Brasil. 

Dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostram que os pequenos negócios respondem por 99% das empresas brasileiras e concentraram, em 2022, quase 80% dos empregos formais gerados no Brasil, ajudando a recuperar a economia do país pós pandemia.


E foi nesse cenário de retomada financeira que a cabeleireira Suzana Brito, 26 anos, especialista em fios reais, pode 'devolver' à população, em forma de geração de empregos, tudo o que conquistou nos últimos três anos. No início de 2023, a Suzana inaugurou, em São Gonçalo, o Fiore, um estúdio capilar especializado em cuidados com cabelos reais, sem uso de químicas que possam alterar os fios de suas clientes. 

Thamiris Gonçalves, Suzana Brito e Marcelle Porto
Thamiris Gonçalves, Suzana Brito e Marcelle Porto |  Foto: Filipe Aguiar
 

Seu empreendimento está entre os 83,4 mil novos pequenos negócios que foram abertos no estado do Rio de Janeiro no primeiro trimestre deste ano, segundo aponta o Sebrae Rio.
Estudante de Engenharia, na ocasião, a gonçalense era o orgulho da família por estar cursando uma graduação que poderia lhe oferecer um futuro brilhante, segundo seus pais. Ela se dividia entre terminar a faculdade e fazer sobrancelhas ou corte de cabelos em clientes que se escondiam com ela em provadores de lojas de departamentos.


"Não tinha onde atender minhas clientes e fazia o que podia nos provadores de uma determinada loja, no shopping. Era uma forma de ir para perto delas e conseguir fazer meu trabalho. Muitas vezes eu saía do shopping para comer um sanduíche natural, pois o dinheiro não dava para almoçar na praça de alimentação", lembrou Suzana, já com os olhos marejados, enquanto olhava seu novo estúdio, com detalhes planejados e executados como ela sempre sonhou.


Contudo, após anos de estudo — tanto de engenharia, como obrigação principal, quanto de saúde capilar, por querer se especializar no que amava fazer — ela teve a certeza que não era nos cálculos que seria feliz. 

"Eu percebi que precisava fazer o que queria e sabia. Desde sempre, eu estudo muito o assunto, me dedico e busco o melhor que posso sobre o tema. Aí veio a pandemia e tudo precisou ser recalculado. Cuidar do cabelo não é só cuidar do fio de alguém, é cuidar da autoestima, da alma, da representatividade e aceitação. E foi na pandemia que isso ficou ainda mais claro para todo mundo", recordou.  


Diferente da maioria dos empreendedores, Suzana ganhou a chance de mostrar seu talento na pandemia. Com shoppings fechados, o único local possível para atender seus clientes era em suas casas. E ela ia, com mochila, mala de rodinhas, iluminação, um telefone celular para registrar tudo e muita vontade de plantar mais uma semente de aceitação, de porta em porta, atendendo cada cliente como dava. Na vida dela, o dinheiro não parava de circular, já que o que ganhava, investia em conhecimento e materiais de trabalho.

Imagem ilustrativa da imagem Repensar para impactar: empreendedoras recalculam ‘rota’ da própria carreira e turbinam a economia local
 


"Era um período de medo e dor para todo mundo, claro. Mas, quando as medidas de isolamento foram relaxando, a gente passou a ter um cenário de descobertas. As mulheres ficaram meses sem poder ir ao salão alisar o cabelo e nasceu aí um movimento muito forte de transição capilar. Era comum que as meninas nem soubessem como eram seus fios naturais. E eu ia à casa das clientes, atendia, ensinava como cuidar do cabelo sem química, realizava cronograma capilar para as clientes seguirem se cuidando em casa. Participei da descoberta e do autoconhecimento de muitas clientes minhas, enquanto eu também passava pelo mesmo processo, na vida pessoal e profissional", contou.

Apesar de tudo, apoio
 





Enquanto Suzana ficava cada vez mais conhecida pelo seu trabalho, mais ela sofria com o deslocamento, a correria de horários para atender e o peso que carregava de uma casa para outra.

"Tadinha. Minha filha está indo fazer uns cabelinhos'. Eu ouvia isso dos meus pais. Embora eles sempre que podiam me levavam até a casa do cliente, me buscavam quando o atendimento terminava tarde. Eles participavam de tudo, mas no fundo não viam aquilo como trabalho", disse a profissional, que hoje emprega o pai e a mãe, que são os braços direito e esquerdo dela no funcionamento do estúdio. 

Quando eles finalmente entenderam que ela era feliz, e poderia ser bem sucedida na profissão, a escolha deixou de ser tabu, e hoje ambos falam com orgulho que a filha é cabeleireira. 

Seu atual marido, desde quando ainda era namorado, também foi outro elo importante na corrente de força que se formou para levar Suzana até onde ela está atualmente. Gabriel já foi motorista, carregador de malas, auxiliar de tudo o que a cabeleireira precisava, desde quando ela iniciou com o atendimento a domicílio. Mas o que a microempresária destaca é que o fundamental sempre foi o apoio.

"Meus pais não achavam maravilhoso eu largar a faculdade. Mas, sempre me apoiaram como pais. E o Gabriel também. Minha família era e é meu apoio, meu chão e meu norte. Eu sei do meu potencial, sei onde quero chegar e ainda o que posso conquistar. Mas a opinião e ajuda deles sempre será indispensável na minha trajetória", garantiu.

Quanto mais Suzana se dedicava ao sonho, mais crescia profissionalmente e levava pessoas consigo. Após passar por provadores e rodar de casa em casa, Suzana foi chamada por uma amiga para atender em seu salão. De lá, a cabeleireira foi para a sua primeira sala, e levou a amiga.



"Eu entendi que precisava de um espaço maior. A Amanda tinha acabado de perder a mãe e não dava para seguir sozinha, então ela foi trabalhar comigo na sala. Crescemos juntas, como microempresárias e como mulheres", relembrou Suzana, que com orgulho destaca que atualmente a Amanda também tem seu espaço próprio e virou geradora de empregos, ajudando a fomentar a economia feminina.



Na primeira sala, Suzana não tinha funcionários diretos. Ela ajudava na renda dos pais, que atuavam nos bastidores do empreendimento e recebiam por isso. No entanto, ela  já usava sua "fama" para incentivar outros empreendedores. 


Na pequena sala, Suzana tinha paredes pintadas com desenhos de uma artista gonçalense, mulher. O projeto foi feito por uma arquiteta que trabalha de forma independente, mulher. As clientes que produziam doces, bolos e outras comidinhas, vez ou outra recebiam encomendas dela, que deixava os produtos para serem consumidos por outras clientes. Era seu jeito de ajudar quem precisava de uma 'mãozinha', como ela mesma precisara pouco tempo antes.



Dados do Sebrae mostram que as mulheres são responsáveis por 38% dos empreendimentos no estado do Rio de Janeiro, atualmente, totalizando 941 mil empreendedoras. Somente 9% deste número é de empregadoras. Suzana trabalha para que os 91% que empreendem por conta própria tenham mais visibilidade; o que consequentemente aumenta a renda, ajudando a mudar a realidade do estado, onde 33% deste total têm ensino superior completo.

Ainda assim, o gênero obtém rendimento mensal menor que os homens. Segundo o Sebrae, os empreendedores têm um rendimento mensal de 13,4% acima das mulheres, mesmo elas sendo mais escolarizadas.

CRESCER E FLORESCER



Suzana sabia que podia ir além. Queria gerar empregos. E após três anos atendendo na sala que levava seu nome, percebeu, mais uma vez, que era hora de seguir. "Era o momento de tirar o sonho do papel. Precisava realizar o sonho de ter meu estúdio, gerar empregos, fomentar a economia e movimentar a renda da cidade", relembrou a cabeleireira, que floresceu.

Suzana Brito
Suzana Brito |  Foto: Filipe Aguiar
 


O Fiore, que significa florescer, foi inaugurado em um show de apoio a quem empreende. Uma exposição aos amigos e clientes que foram à inauguração. Do projeto à arte, design de interiores a móveis. Do buffet oferecido na ocasião ao capuccino que a casa oferece diariamente. Tudo foi planejado, avaliado e executado por microempresários e pequenos empreendedores da região, com maioria de mulheres.

"Cacho é um conjunto de flores e frutos que nascem bem próximos um do outro, entre si. E o trabalho da Suzana é isso. Quem senta na cadeira dela, quem tem a Suzana por perto, floresce. O Fiore vem de flor, como nossos cachos, e ao longo desse tempo a gente foi plantando, brotando e hoje florescemos. Então, o Fiore veio para florescer a individualidade de cada uma que cerca a Suzana", explicou a cliente, social media e diretora criativa da Suzana, Joyce Machado.

E foi florescendo e formando cachos que hoje Suzana é responsável diretamente por oito funcionários. As funcionárias do salão são mulheres, especialistas em cabelos reais. Negra, gorda, mãe, meia idade. Sem padrão pré-estabelecido, quebrando tabus e enaltecendo o melhor de cada uma. Suzana e seus colaboradores poderiam facilmente estrelar um catálogo sobre representatividade e diversidade.

O CNPJ da empresa explicita que o estabelecimento cuida de cabelos, mas, para Suzana, o dinheiro que circula no local, movimenta a economia e cuida da autoestima. Diz sim para quem estava acostumada a ouvir não e, principalmente, ajuda a mulher a entender que é possível sonhar, apesar das dificuldades que é empreender.

De jovem sonhadora à realizadora de sonhos
 




O lado empreendedor também aflorou para Roberta Souza, moradora de Maricá, num misto de sonho, acaso e necessidade. Formada em Comunicação Social, ela considera que está caminhando para a sua melhor fase profissional. Mãe de três, casada, jornalista, escritora, hoje comanda a microempresa de assessoria de imprensa, Gaia Comunicação; e a Afeto Editora, com 16 autores e 20 títulos publicados.

Roberta Souza, empreendedora do mercado do livro
Roberta Souza, empreendedora do mercado do livro |  Foto: Divulgação
 



Multifacetada e persistente, como tantas mulheres empreendedoras, Roberta, atualmente, se considera feliz e completa, mas nem sempre foi assim. “Aos 20, eu era uma jovem sonhadora que trabalhava muito para ajudar minha família. Ainda estava no comecinho da minha vida profissional, descobrindo os caminhos que me trariam aonde estou. Comecei a trabalhar aos 16, em uma empresa de fast food. Depois disso, trabalhei em empresas de informática, padaria, faculdade, editora. Em 26 anos, muita água rolou em minha vida profissional”, conta.

A virada de chave de assalariada para microempreendedora aconteceu assim que viu a necessidade de reorganizar a vida pessoal e familiar, ao mudar-se de Niterói para Maricá. Ela queria continuar trabalhando com o que sempre sonhou, a escrita de ficção e o jornalismo; então com o apoio do marido e da família, abriu a Gaia Comunicação e passou a trabalhar como assessora de imprensa de forma autônoma.

“Há oito anos, esse mercado ainda era bom, os pagamentos não eram baixos e era muito mais fácil conseguir veículos de mídia espontânea para a divulgação dos trabalhos dos meus clientes. No início, viajei muito (trabalhando para cantores), conheci muitos artistas de nome (trabalhando para atores) e escritores com muito potencial”, relembra Roberta.

Tudo seguia bem até que precisou reinventar-se mais uma vez após o baque mundial gerado pela pandemia do coronavírus.

“Um pouco antes da pandemia, em 2018, me tornei mãe de dois, um por adoção e um gerado em meu ventre. A terceira filha, também por adoção, chegou em 2022, uma jovem já na maioridade. A gravidez de risco (por eu ser diabética) e um bebê pequeno me fizeram parar com tudo. Eu precisava focar naquele momento. Logo depois, a pandemia chegou e trancou todos em casa. Eu já não publicava meus livros desde 2015, e este cenário de morte iminente me fez perceber o quanto eu tinha produzido e não estava publicado. Foi assim que surgiram as novas publicações e o retorno aos contatos com autores e leitores. Foi ótimo para a minha mente, que pedia socorro por algo que a fizesse trabalhar novamente”, explica, acrescentando que foi logo após a pandemia que retomou aos poucos com as atividades como assessora.

“Percebi como o mercado estava mudado, saturado e bem diferente do que eu conhecia. Comecei a desenhar a ideia de ter a minha própria editora. Afinal, 20 anos de expertise em publicações, não só minhas, como de diversos autores, não é para qualquer um”, conta Roberta, com bom humor.

Tal como Suzana, a pandemia trouxe à Roberta novas oportunidades. Foi o período em que seu lado escritora voltou a aflorar e ela pode publicar livros e participar de eventos online. “Produzi muito na pandemia como escritora e como profissional do livro, trabalhando como organizadora de coletâneas, copy e ghost writer”, relembra.

Imagem ilustrativa da imagem Repensar para impactar: empreendedoras recalculam ‘rota’ da própria carreira e turbinam a economia local
 




Foi com esse mix de experiências que Roberta mais uma vez pôs em prática seu desejo de empreender pelo viés da literatura e, em parceria com outro editor, Nilton Oliveira, ela abriu a Afeto Editora, que hoje caminha para ser uma casa editorial referência na cidade de Maricá e região.

E o que começou com um sonho tímido de menina, hoje se materializa por meio da realização de sonhos de outros escritores, sem contar os profissionais que são beneficiados indiretamente, ao prestarem seus serviços ao longo de todo o processo da publicação de livros. Designers, capistas, revisores, gráfica. Uma cadeia de profissionais, de diferentes áreas, é afetada e envolvida a cada lançamento.

Por conta disso, Roberta considera a abertura da editora como sua principal conquista na jornada profissional até agora. “Trabalho no mercado editorial desde os 19, amo o que eu faço e sempre quis poder dar aos autores a mesma alegria que eu tenho ao receber meus livros. Estou muito feliz com essa caminhada”, resume.


Guerreiras, não. Humanas.

Não é uma novidade que, em relação a décadas anteriores, o cenário das mulheres em posições de empreendedorismo e liderança aumentou. Mas uma informação que não pode passar despercebida é a que os homens que empreendem lucram mais que as mulheres empreendedoras, como descrito acima. 

Roberta Souza reconhece como privilégio o fato de ter contado com uma rede de apoio, quando decidiu pela maternidade. Mas também salienta que, apesar de toda a ajuda, este pode ser um fator preponderante para a disparidade econômica entre homens e mulheres.

Roberta Souza e suas criações
Roberta Souza e suas criações |  Foto: Reprodução
 




“Tive um episódio de estresse no fim de 2021, por conta da carga de cuidar dos pequenos, que ainda não estavam na escola e começaram a apresentar necessidades especiais. Isso ao mesmo tempo em que buscava me recolocar no mercado de trabalho. Alguns dias eram muito desafiadores, outros eu não conseguia trabalhar de jeito nenhum. As coisas melhoraram quando eles iniciaram a caminhada escolar em 2022. Era muito frustrante não conseguir me ajustar aos prazos. Muitas vezes trabalhei madrugadas adentro, foi bem desafiador. Mas eu não podia parar, essa opção nunca existiu em minha mente”, recorda.

Para ela, o fim da romantização da “mulher guerreira” é um caminho para a verdadeira paridade entre gêneros em todos os aspectos, incluindo o setor empreendedor.

“Não existe nada de romântico em ter que lutar o triplo para ter o que o homem tem com mais facilidade. No quesito maternidade, sempre somos nós as primeiras a serem ‘escolhidas’ a estarem nas reuniões da escola, a levarem às terapias, médicos, sem falar nos cuidados de casa. E a vida profissional, fica como? O fato de eu ser empreendedora, ter auxílio em casa e trabalhar com autonomia me ajuda muito nisso, mas e as que não têm esses horários flexíveis? Que precisam prestar conta de cargas horárias gigantescas? No meu ponto de vista, chega a ser desumano”, completa a jornalista.

Empreender e suas conquistas
 




Enquanto Suzana e Roberta iniciam a trajetória no empreendedorismo com geração de renda para terceiros, Tânia Maria de Oliveira, de 54 anos, empreende há mais de 20, e engrossa os números do Sebrae que apontam que 91% das empreendedoras atuais trabalham por conta própria. Costureira profissional, a gonçalense se reinventa desde que virou mãe, há 30 anos.

"Estudar o projeto, ter coragem e disposição", esse é o lema de vida da costureira desde os 15 anos. Tânia se profissionalizou na área aos 19. Desde então, atuou com confecção de roupas. Quando a filha nasceu, ela passou a trabalhar em casa, ainda para confecções. No nascimento do segundo filho, 13 anos depois, passou também a realizar costuras particulares, e incluiu a revenda de cosméticos como complemento da renda.

Tânia Maria e o filho, Ananias Junior, na formatura do Ensino Médio
Tânia Maria e o filho, Ananias Junior, na formatura do Ensino Médio |  Foto: Divulgação
 




Até que na pandemia, a confecção que Tânia trabalhava fechou e ela, mais uma vez, precisou se reinventar e pensar em um novo projeto. Foi quando passou a fazer bolos para vender. Ela produz diariamente bolos de sabores variados, doces e salgados, que são embalados em fatias individuais para revenda nas ruas e pequenos comércios. Também faz bolos sob encomenda para eventos em empresas e festividades sociais e/ou culturais. Atualmente, a renda gerada pelos bolos corresponde a uma alta de 41% em relação ao que ela recebia como costureira.

Apesar da mudança de direção, Tânia segue no ramo de serviços, fazendo parte dos 50,92% dos empreendedores que atuam nesse setor.

"Trabalhar em casa me permitiu acompanhar meus filhos, e a prioridade de tudo que sonhava em conquistar passou a ser o estudo deles. Não abri mão de oferecer a eles uma boa base de estudos, para que mais tarde conseguissem chegar à faculdade. E eu consegui, graças a Deus. Hoje tenho uma filha jornalista e um filho que está cursando Ciência da Computação. Eles são, sem dúvida, a maior conquista que o empreendedorismo me permitiu".
No entanto, Tânia reforça que além das conquistas positivas, trabalhar por conta própria também pode levar à exaustão. "Alinhar filhos, marido, tarefas domésticas, não é fácil. Fiquei com pressão alta, ansiedade, parei na emergência e precisei aprender a reconhecer meus limites", destacou a confeiteira, que passou a apostar na reeducação alimentar e em exercícios físicos para manter a saúde "em dia".

Por conta das novas regras sanitárias durante a pandemia, Tânia teve a ideia de vender os bolos já embalados para facilitar o consumo na rua
Por conta das novas regras sanitárias durante a pandemia, Tânia teve a ideia de vender os bolos já embalados para facilitar o consumo na rua |  Foto: Divulgação
 

E, mais uma vez, Tânia prova que ser mulher e empreendedora é desafio em dose dupla. "Empreender não é fácil, não é romântico nem glamouroso. Ser mulher, profissional, mãe...nos exige muito. Mas empreender é para todo mundo. Tendo foco, persistência e coragem é possível vencer e levantar outras mulheres com a gente. Enquanto eles tentam nos diminuir, vamos seguir provando que não somos guerreiras, somos competentes, qualificadas, destemidas e iguais a todos os homens que buscam o que estamos buscando", completa.

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