Maio Furta-cor conscientiza sobre a saúde mental materna
Objetivo da campanha é desfazer o peso das falsas expectativas e promover uma rede de apoio à maternidade.
Nas redes sociais, a maternidade é romantizada. Tudo parece perfeito, natural e sem filtros. Fora das telas, no dia a dia a pressão social vem de todos os lados impondo altas expectativas e exigindo perfeição. Muito prazer, a maternidade real chegou. É aí que especialistas alertam para a necessidade de uma assistência à saúde mental materna, tema da Campanha Maio Furta-cor.
O adoecimento mental em meio aos desafios da maternidade não é novidade. Segundo pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), uma em cada quatro mães no Brasil são diagnosticadas com depressão pós-parto, além da sobrecarga em conciliar a maternidade com as tarefas de casa, o trabalho externo e ser esposa, na maioria das vezes, abrindo portas para a ansiedade, esgotamento mental e o burnout.
A campanha Maio Furta-Cor é recente, de 2020 e tem o objetivo de desfazer o peso das falsas expectativas e promover uma rede de apoio à maternidade.
De acordo com a psicoterapeuta Sandra Salomão, formada pela UFRJ e diretora do CgT Sandra Salomão, o bem-estar psíquico e emocional da mãe é o mais fragilizado com tanta pressão. “A maternidade por si só já é uma experiência em tempo integral. Quando a jornada é dupla ou tripla, como fazer a aritmética do tempo? Como manter a saúde emocional em um cotidiano repleto de cobranças? Essa mãe precisa de um tempo para ela mesma e para cuidar da sua saúde mental”, enfatiza Sandra, que também é terapeuta de casais e famílias, e professora de Psicologia da PUC-RJ.
Entre os principais sintomas estão exaustão, tristeza profunda, abandono, falta de disposição e tempo para autocuidado. No entanto, ao invés de ser encarada com a complexidade que a envolve, a maternidade é frequentemente romantizada na sociedade: "espera-se que a mãe realize todas as tarefas com perfeição, o que apenas gera mais ansiedade, frustração e culpa. A maternidade é uma experiência única e individualizada, não sendo possível exigir perfeição ou impor expectativas", revela a especialista.
A escolha da furta-cor escolhida para representar a campanha nacional de Maio da saúde mental das mães tem sentido semelhante, já que não existe uma cor absoluta e a tonalidade se altera de acordo com a luz que recebe. Da mesma forma, no espectro da maternidade cabem todas as cores e com isso, não existe um padrão único e perfeito de maternidade a se cobrar.