Na Semana do Consumidor, clientes compartilham visões sobre direitos e situação do comércio
Data começou a ser reconhecida oficialmente em 1985

De Black Friday a datas comemorativas internacionais, não são poucas as ocasiões do calendário estrangeiro que o mercado brasileiro aproveita para integrar mais uma oportunidade de aquecer o comércio com promoções. Uma das que vem ganhando destaque nos últimos anos é o Dia do Consumidor, celebrado na última quarta-feira (15/03), que, para muitos estabelecimentos, tem se expandido para uma Semana inteira do Consumidor.
A data só foi reconhecida oficialmente pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1985, mas suas inspirações datam do 15 de março de 1962, quando o então presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, realizou um pronunciamento em que comentava os direitos fundamentais de todo consumidor. Assim, a efeméride, além de uma 'desculpa' para promoções nos estabelecimentos, também costuma servir para reforçar a importância de combater abusos de vendedores.
Algumas práticas desrespeitosas aos clientes já são, há tempos, reconhecida pelos consumidores como irregulares perante a lei; como é o caso do clássico ‘troco em bala’. Outras, porém, ainda enganam alguns clientes, como a ‘multa’ para pessoas que deixam restos no prato em rodízios ou a proibição de envio de produto sem autorização prévia a quem compra.
A consumidora Sandra Angélica, de 55 anos, conta que já passou por situações em que se sentiu ‘passada para trás’ por alguma prática escusa de um vendedor. “Isso é absurdo. Às vezes, eles cobram umas tarifas e nem explicam. Falam que tem uma taxa de não sei que”, compartilha. Apesar disso, ela revela que não é do tipo de questionar muito e, quando algo do tipo acontece, prefere deixar o local do que discutir pelo direito: “Tipo, eu acato. Se é assim, é assim né. Às vezes eu não compro, quando tem alguma taxa, deixo de comprar”.

Já o adolescente Juan Bais, de 15 anos, explica que, quando passa por alguma situação em que seu direito como comprador é ameaçado, não gosta de deixar a situação passar sem uma explicação. “Na hora eu reajo, digo que o preço está errado. Se eu não tiver o dinheiro na hora, o que eu vou fazer?”, cogita. Sua amiga Catarina Guimarães conta que não costuma passar por situações do tipo, mas que, se visse a si mesma tendo seu direito desrespeitado, apelaria para uma medida que ela considera mais drástica. “Eu chamaria minha mãe”, confessa, rindo, a jovem.
A dupla saiu junta pelo Centro de Niterói no último Dia do Consumidor para comprar roupas. Apesar da data, eles relatam que não viram muita vantagem nos preços encontrados. “Não estou achando mais barato, estão piores [os preços]”, declara Catarina. A aposentada Helena Lemos, de 70 anos, que também aproveitou o dia para ver alguns preços, concordou: “Tava sabendo da Semana do Consumidor, mas não comprei nada. Não acredito nessas promoções, é tudo mentira. E os preços estão altíssimos, exorbitantes. De tudo, vestiário, alimentício, todo o custo de vida está muito alto”, acredita a senhora.

Já Anderson Barbosa, de 36 anos, pensa que algumas lojas chegaram a oferecer ofertas interessantes na data. ”Pela data, variam muito [os preços]. Os vendedores tem que montar algo para chamar atenção dos clientes, aí eles aproveitam essa época, semana do consumidor, e tal”, compartilha.
Em enquete realizada no Instagram do jornal O São Gonçalo, alguns leitores também compartilharam seus planos para as datas. No Dia do Consumidor, na quarta (17/03), cerca de 87% deles não haviam aproveitado ofertas por conta dos festejos da Semana de promoções. Destes, 37% sequer cogitava tentar aproveitar alguma oferta.
Isso não significa, entretanto, que os seguidores que responderam à pesquisa não gostem de ir às compras. 54% deles se considerava um pouco consumista e apenas 22% não se via como nem um pouco seduzido pelas atrações do consumo. Em geral, a maioria deles concorda que, entre Dias do Consumidor e outros eventos, o aquecimento do comércio nos últimos anos não tem mudado muito no país. Perguntados sobre o comércio no contexto de pós-pandemia, 52% deles afirmaram não ver qualquer diferença.