Família tem residência interditada e tomada por lama após deslizamento no Largo da Batalha
Moradores relatam que queda foi resultado de infiltração ocasionada por obra da Prefeitura

Uma residência no Largo da Batalha, em Niterói, foi tomada por lama e barro após um deslizamento de terra que derrubou um muro de contenção na lateral da casa. A queda aconteceu no último dia 2 de novembro; a situação acabou piorando com as chuvas desta quarta-feira (16).
O acidente, relatam moradores, aconteceu devido a uma infiltração ocasionada pelas fortes chuvas. A infiltração, por sua vez, teria começado após uma obra de pavimentação feita pela Prefeitura Municipal de Niterói em um terreno público ao lado do imóvel.
"Desde que a Prefeitura fez essa obra de recapeamento e rebaixou o meio-fio, quando chove a água vai escorrendo e infiltrando nesse terreno. Aí, depois de 36 horas de chuva, no dia 2, à noite, deu no que deu", conta Edna Carvalho, de 37 anos, que teve a casa interditada por conta do deslizamento.

Ela relata que seu imóvel, que está na fase final de construção, foi gravemente atingido pelo deslizamento e está inacessível. A casa de sua sogra, abaixo, e a dos tios de seu marido, ao lado, também foram afetadas.
Na época do deslizamento, a família acionou a Defesa Civil, que apareceu 16 horas depois. "Eles interditaram e mandaram a gente sair da casa, mas sem dar nenhum tipo de assistência. Nos mandaram procurar um abrigo. Como vamos sair daqui com uma criança e três idosos pra procurar abrigo sem direcionamento?", questiona a moradora.
O acidente mudou a rotina da família, que está morando com o filho de 10 anos na casa da sogra, de 73, no mesmo terreno. Edna, que trabalha com artesanato em seu ateliê caseiro, precisou cancelar alguns trabalhos por conta do acidente. A residência de baixo não tem quartos o bastante para todos e eles precisaram 'improvisar' o espaço em alguns cômodos para dormir. Porém, nesta quarta (16), as chuvas causaram mais deslizamentos, e, desta vez, a casa de baixo também foi atingida.
"Voltaram as chuvas, caiu mais e, dessa vez, entrou barro e água dentro da cozinha. Quase quebrou a parede da cozinha", compartilha Edna. Seu marido, Marcos Vinícius Silva, 37, precisou deixar o expediente na loja de eletrônicos onde trabalha para ajudar a amenizar a situação em casa.
"A gente não sabia que esse meio-fio da rua de cima estava caído e que tinha água descendo igual a uma cachoeira. É um problema que não é nosso, eles [Prefeitura] que fizeram as obras, o terreno é deles. Não somos nós que temos que ficar fiscalizando", afirma o morador.

Além de afetar a família, composta também pelos tios, de 75 e 79 anos, a situação representa riscos para outros moradores do local. "Imagina se a rua toda desliza? Vai derrubar não só nossa casa, mas os vizinhos dos lados. Prejudica um monte de gente", se preocupa Marcos.
Ele relembra que a família procurou a Prefeitura e a Empresa Municipal de Moradia Urbanização e Saneamento (EMUSA), e seguem aguardando providências: "A gente foi na EMUSA, pedimos tudo direitinho. Eles falaram que iriam vir checar e não vieram".
Por esse motivo, os moradores relatam que fica difícil manter as esperanças de um suporte. "Perspectiva, sinceramente, não tenho nenhuma. O problema é que ficam esperando uma catástrofe para tomar providência. Quando, Deus me livre, acontecer uma tragédia, aí eles vêm", lamenta Edna.
Procurada, a Prefeitura de Niterói não se posicionou até o fechamento desta reportagem. A matéria será atualizada quando a resposta sobre o caso for recebida.
