Adestrador de cães sofre injúria racial em Maricá
Mulher que passava pelo local chamou o profissional de 'macaco' e tentou agredi-lo fisicamente

O adestrador de cães Marcos Aurélio Lima, de 47 anos, foi vítima de injúria racial ao tentar se defender de um ataque de cães, em Maricá. Uma mulher que passava pelo local achou que ele estava chutando os animais e resolveu o agredir verbalmente e fisicamente.
O episódio aconteceu na última terça-feira (8), em Inoã, quando Marcos seguia para uma consulta com um dentista.
Ele conta que, ao passar pela Estrada de Itaipuaçu, dois cães de rua o atacaram, e usando sua experiência de adestrador, conseguiu se defender sem machucar os animais. Neste momento, uma mulher teria cruzado o carro na calçada dizendo que ele estaria chutando os cachorros, o que Marcos nega.
Segundo o profissional, ele explicou para a mulher a situação, e mesmo assim, momentos depois, ela teria jogado o próprio carro contra Marcos, em uma tentativa de atropelá-lo. "Escorregou na lama, porque viu que eu ia te atropelar", teria dito a motorista.
Mais a frente, Marcos relata que a mulher estacionou onde ele iria passar e, escondida, surgiu na sua frente para tentar acertá-lo com um pedaço de madeira.
“Luto artes marciais e evitei o confronto recuando e alertando para as pessoas em volta que ela estava vindo para cima de mim. Caso alguém olhasse para uma mulher bem vestida, saindo de um HB20 zero, em cima de um homem correndo com celular na mão, provavelmente iria imaginar que eu era o errado na situação”, relata o adestrador.
Segundo ele, a mulher teria o difamado para as pessoas que estavam próximas ao local, e veio novamente para cima dele tentando o furar com a chave do carro.
"A partir daí, ela decidiu me ofender me chamando de 'preto', 'macaco', dizendo 'eu sou racista mesmo, seu preto macaco' e se movimentando como um macaco", conta Marcos Aurélio, que resolveu ignorar e seguir para a sua consulta.
Em seguida, populares teriam levado a mulher para o DPO mais próximo, mas como a vítima não estava presente, os agentes não puderam prendê-la.
Ao retornar do dentista, o adestrador conta que pessoas se solidarizaram e o alertaram para tomar cuidado com a agressora. Também confirmaram que os cães costumam tentar atacar os transeuntes. Alguns contaram que até fizeram filmagens da situação.
"Fiquei com muito receio de ser agredido por estranhos achando que eu poderia estar errado na história, mas confesso que fiquei muito surpreso com a solidariedade. Após a repercussão muitos defensores de animais que eu já ajudei me ligaram se solidarizando também. Isso me fez conseguir dormir, pois tudo isso me fez muito mal", contou.
Marcos revelou ainda que seu filho de oito anos quando soube da situação chorou e disse "que absurdo meu pai passar por isso gostando de animais".
"Se manifestem contra o racismo ou qualquer outro mal. Lutar vale a pena, por isso não se calem. Estou com advogado, pois esses crimes não podem ficar impunes!", desabafou o adestrador.
O caso foi registrado na 82ª DP (Maricá) como injúria por preconceito e tentativa de lesão corporal. A assessoria da Polícia Civil afirmou que diligências estão em andamento para esclarecer todos os fatos.