Instagram Facebook Twitter Whatsapp
Dólar R$ 5,7322 | Euro R$ 6,2309
Search

Familiares de Durval, morto por vizinho no Colubandê, protestam contra decisão que soltou o acusado

Desembargador autorizou que o sargento da Marinha responda o crime em liberdade

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 12 de setembro de 2022 - 12:09
Familiares protestaram na frente do Fórum do Colubandê
Familiares protestaram na frente do Fórum do Colubandê -

"A justiça se calou, mas não vai nos calar!" Esse foi o coro que familiares do Durval Teófilo, morto por três tiros, na porta do condomínio onde morava, gritou em frente ao Fórum do Colubandê, em São Gonçalo, na manhã desta segunda-feira (12). O ato, marcado por indignação,  foi realizado em protesto à decisão do desembargador Cairo Ítalo França David que autorizou que Aurélio Alves Bezerra, o homem que atirou contra Durval, respondesse ao crime em liberdade. 

"A justiça nos calou. Deu a liberdade para o Aurélio enquanto meu marido está preso lá no caixão eternamente. Amanhã é aniversário do meu marido e eu tô aqui nessa situação. Só eu sei o que é passar noites em claro secando as lágrimas da minha filha, que fez sete anos e já passou o primeiro aniversário sem o pai", desabafou Luziane Teófilo, de 35 anos, esposa da vítima. 

"Eu quero falar diretamente com o desembargador Cairo: Porque o senhor fez isso? Deu prioridade a um assassino covarde? A um assassino racista? O senhor tem em mãos a minha liberdade e a liberdade da minha filha. Ela vive com medo, eu vivo com medo. Eu confiei na justiça, a gente fez tudo que podia fazer", questionou a viúva complementando. 

"A justiça deu tudo para o desembargador e ele falou que não era suficiente.  Ele quer o que, nossa certidão de óbito? Ele tá com sangue do meu marido nas mãos. Eu quero saber porque ele fez isso. Se fosse meu marido que tivesse dado três tiros no Durval será que ele também daria a liberdade para ele?", perguntou, com a voz embargada. 

Viúva de Teófilo diz que ela e a filha vivem com medo
Viúva de Teófilo diz que ela e a filha vivem com medo |  Foto: Layla Mussi
 

A esposa da vítima aproveitou também para questionar o homem que tirou a vida de seu marido. "Por que minha filha com seis anos teve que ver o pai assassinado, caído no chão? Pois ele dizer que confundiu é mentira. Abrir a boca pra falar que confundiu meu marido é mentira. Porque ele estava lá há três anos e ele conhecia sim. Meu marido estava chegando em casa para descansar, enquanto você, Aurélio, estava de tocaia e deu três tiros nele. Executou. Você executou o Durval! O que você foi fazer no meu condomínio? Acabar com minha família? Você é um covarde, racista e idiota". Para finalizar ela ainda completou: "Durval era um trabalhador, chefe de família, excelente pai, amigo e irmão. Ele era capaz de tirar a roupa do corpo para dar. Um homem íntegro. Não era vagabundo, não. O único vagabundo aqui era você,  Aurélio. Amanhã é aniversário do Durval e o presente que o desembargador deu foi soltar seu assassino.

Desembargador manda soltar sargento da Marinha preso há sete meses

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) determinou na última sexta-feira (9), que o sargento da Marinha, Aurélio Alves Bezerra, acusado de matar o vizinho Durval Teófilo Filho, de 38 anos, em fevereiro deste ano, seja solto. Aurélio foi flagrado por câmeras de segurança atirando três vezes de dentro do carro contra Durval, que morava no mesmo condomínio dele, no Colubandê, em São Gonçalo. Ele alegou que achava que seria assaltado pelo vizinho que chegava do trabalho. De acordo com a defesa do sargento, a decisão ainda não foi cumprida, e por enquanto, Bezerra segue preso.

A defesa de Aurélio entrou com um novo pedido de habeas corpus, que foi aceito pelo desembargador Cairo Ítalo França, da 5ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, ontem. O sargento havia sido preso em flagrante na época do crime, em fevereiro.

"Após recebidas as informações da autoridade indicada coatora, verifico que o paciente (Aurélio) foi pronunciado e a prisão mantida sem que fossem apontados dados objetivos e concretos que tornem legítima a manutenção da custódia do paciente, que está preso há cerca de sete meses, tendo tido tempo para meditar acerca dos fatos a si imputados", afirma trecho da decisão da Justiça.

Segundo a decisão do desembargador, Aurélio está proibido de mudar de endereço. Ele também não poderá ser afastar da comarca onde mora por mais de oito dias sem autorização judicial. O sargento está proibido de manter contato com parentes de vítima, por qualquer meio de comunicação. 

A determinação também destaca que outras medidas cautelares, como comparecimento em juízo até o dia 10 de cada mês, prestação de conta de suas atividades e comparecer em juízo sempre que for notificado.

Relembre o caso

Durval e Aurélio moravam no mesmo condomínio no Colubandê, em São Gonçalo. Como o local não tem porteiro, cada família tinha um controle para abrir o portão principal. No dia do crime, Aurélio alegou que havia esquecido a chave e esperava alguém abrir o portão. Enquanto ele esperava, Aurélio chegava do trabalho e mexia na bolsa que carregava. Durval se aproximava do portão de casa quando Aurélio sacou a arma e atirou de dentro do seu carro.

 

Autor: Layla Mussi
 

O sargento admitiu que não conseguia ver com clareza o objeto que o vizinho carregava e disse que, ao ouvir do homem que ele também era morador de seu condomínio, prestou socorro após dar três tiros contra o vizinho. 

A família da vítima acredita que ele foi assassinado por ser negro, já que o sargento presumiu que Durval era um assaltante.

Matérias Relacionadas