Homem que mantinha família em cárcere privado não tinha emprego formal
O homem também disse à polícia não ter pai declarado e não ter completado o primeiro grau

Luiz Antônio Santos Silva, de 49 anos, que manteve por 17 anos a família em cárcere privado em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio, não chegou a completar o primeiro grau e disse não ter pai declarado. Natural da Bahia, o homem informou que trabalhava como motorista e fazendo polimento em carros.
O homem que vivia de "bicos" decidiu não falar assim que foi preso em flagrante na última quinta-feira e quando passou pela audiência de custódia, no sábado, quando teve sua prisão em flagrante convertida em preventiva. Porém, contou aos policiais do 27º BPM que mantinha a família presa para preservá-la.
Luiz Antônio e a mulher e mãe de seus dois filhos, de 19 e 22 anos, são primos de primeiro grau. Ele os trancava em casa pela manhã, sem comida e iluminação, e só retornava no final do dia. O pai amarrava os filhos numa cama com dois colchões velhos, sujos e mofados.
Segundo o chefe do setor operacional do 27º BPM (Santa Cruz), o capitão William Oliveira, o homem disse aos policiais que não fez nada de errado, pois "os filhos eram doentes mentais e precisavam estar presos".
De acordo com a mulher de Luiz Antônio e mãe dos dois jovens, os filhos têm problemas psicológicos, mas ela não esclareceu se é devido às condições do cárcere ou se é desde o nascimento de ambos.
Em depoimento à polícia, a também vítima do biscateiro, que vivia uma união estável há 23 anos, relatou que o homem não bebe e nem fuma. Ele também declarou que não é dependente químico.
Na casa em que os familiares eram mantidos presos, a polícia apreendeu um objeto similar a um pedaço de ferro, porém não está confirmado se ele usava o artefato nas agressões que a mulher dizia que eram praticadas por ele.
Depois de serem liberados pelo hospital, a mãe e os dois filhos foram para a casa de um familiar. A mulher solicitou uma medida protetiva, de acordo com a Lei Maria da Penha, proibindo o Luiz Antônio de se aproximar deles.
O homem está preso e deve responder por cárcere privado, maus tratos e tortura.