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Plaza Shopping censura exposição LGBTQIA+ após ataques homofóbicos

Artista Diego Moura havia sido convidado pelo próprio shopping para expor sua obra em totens que explicam o significado de cada letra da sigla

relogio min de leitura | Escrito por Ana Carolina Moraes | 11 de junho de 2022 - 18:39
A exposição estava exposta no corredor do terceiro piso do Plaza
A exposição estava exposta no corredor do terceiro piso do Plaza -

No mês de junho, quando é comemorando o Mês do Orgulho LGBTQIA+, integrantes e simpatizantes das comunidades de todo o mundo procuram expor suas lutas, provocando o debate e suas resistências contra o  preconceito e a homofobia. Essa era a intenção do artista plástico gonçalense Diego Moura, de 32 anos, ao aceitar um convite do Plaza Shopping, em Niterói, para que realizasse a exposição 'Abecedário da Diversidade', um trabalho onde explicava didaticamente cada letra da sigla LGBTQIA+. Mas, o que Diego não esperava é que em menos de 24 horas após o início da exposição, que estava aberta ao público nos corredores do terceiro piso do shopping desde quinta-feira (09), o próprio Plaza censurasse a obra,  que foi transferida para uma sala fechada.  

O artista disse que o Plaza retirou a exposição dos corredores sem o seu consentimento, e que resolveu censurar o trabalho, após ataques homofóbicos em redes sociais e pressão de um vereador da cidade. "É com muita indignação que venho informar que a minha exposição “O Abecedário da Diversidade” foi CENSURADA pelo SHOPPING PLAZA NITERÓI, após a mostra ter recebido um ataque homofóbico. Exatamente isso! Minha arte foi escondida NUMA SALA EM OBRA PARA AGRADAR HOMOFÓBICOS NO MÊS DA DIVERSIDADE! (sic)", protestou o artista no Instagram.

Diego trabalha com uma arte lúdica, pop e colorida, com o surrealismo
Diego trabalha com uma arte lúdica, pop e colorida, com o surrealismo |  Foto: Divulgação
 

O jornalista Ricardo Rigel, de 33 anos, casado com Diego há 15 anos, também condenou a censura do Plaza Shopping à exposição. "Somos de São Gonçalo e crescemos nessa luta. Nesse mês da diversidade, o Diego foi convidado para mostrar esse trabalho em totens com imagens de artistas da comunidade LGBTQIA+, como a Linn da Quebrada e o Paulo Gustavo. Nas imagens, que misturam o lúdico, o pop e o surrealismo, os artistas aparecem fazendo 'biquinho', como em selfies de redes sociais. E, atrás de cada totem tem uma letra da sigla LGBTQIA+, e a explicação do seu significado. Os textos foram inspirados no site Brasil Escola, ou seja, tinham cunho educativo", disse Ricardo.

Depois da felicidade pelo convite do shopping e a concretização da exposição, Diego afirma que ficou extremamente frustrado com a atitude da administração do Plaza de remover suas obras do local previamente combinado e escondê-las numa sala. "Estamos acostumados a receber ataques nas redes sociais, mas conversamos com o Plaza e eles nos garantiram que não iriam ceder a qualquer tipo de pressão. Falaram que iriam nos proteger caso sofrêssemos algum tipo de ataque desse tipo, mas a primeira coisa que fizeram foi esconder a exposição, que havia sido aprovada pela equipe de diversidade do shopping. Inclusive, uma funcionária trans foi homenageada e aprovou a ideia. Nós não fomos apoiados. Eles descaracterizaram a exposição como um todo, mudaram toda a forma que o Diego organizou os totens e desrespeitaram o trabalho dele. Tudo isso, sem avisar nada. Eles só falaram do ocorrido com a gente depois que o caso viralizou. O centro comercial mandou uma mensagem protocolar falando da mudança de espaço e o Diego explicou que não autorizava essa alteração, que se sentiu desrespeitado como profissional", contou Rigel.

Em um vídeo postado em redes sociais, Ricardo Rigel relata que o Plaza shopping informou que retirou a exposição dos corredores principais a pedido dos lojistas, que teriam se sentidos prejudicados pelos corredores estarem ocupado com a exposição. No entanto, o jornalista afirma que procurou os lojistas, que negaram ter censurado as obras. "Eles me disseram que amaram o trabalho de Diego e que jamais pediram para retirar. Alguns até falaram que se sentiram representados", garantiu o jornalista.

O casal disse que esteve no tentou shopping e ficou cerca de quatro horas no local, tentando resolver a situação, mas não tiveram sucesso. "Queremos que as pessoas entendam que não estamos atrás de mídia, mas queremos uma justificativa plausível para a falta de respeito ao Diego como artista. Ele foi convidado pelo shopping para expor um tema sensível e importante, o centro comercial prometeu apoio e cedeu ao recebermos os primeiros ataques. Nós sentimos como se fosse uma censura, e aí tivemos que nos expor de uma forma que não gostaríamos de fazer. Agradecemos a todos que estão nos dando voz. Nós estamos procurando apoio jurídico e psicológico para enfrentarmos isso tudo que mexeu com a gente, é muita dor!", explicou Ricardo Rigel.

Um dos que atacou a exposição foi o vereador bolsonarista Douglas Gomes. Num vídeo, ele afirma que "a exposição era um absurdo" e que "o Plaza estava sexualizando as crianças e pessoas". "Já tivemos vários problemas nesse shopping, pois aqui homens de saia podem usar o banheiro feminino", acusa o vereador no vídeo. Ele diz, ainda, que "é difícil para os pais levarem seus filhos no shopping e explicarem o significado das letras da sigla LGBTQIA+".  

Em nota, o Plaza Shopping informou que "preza pela tolerância e que sempre quer propor um ambiente de respeito aos clientes, lojistas e colaboradores". A empresa ainda disse que a "exposição, contratada pelo shopping, está acontecendo em uma loja no 3º andar, com entrada gratuita, para não impactar o fluxo do mall, especialmente no período de Dia dos Namorados". O centro comercial confirmou que o que foi exposto nas obras de arte tem caráter informativo e busca levar para o "conhecimento do público em geral a definição de cada letra da sigla LGBTQIA+, além de imagens de personalidades do movimento".

O caso ocorreu no Plaza Shopping Niterói
O caso ocorreu no Plaza Shopping Niterói |  Foto: Divulgação
 

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