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Africana ou gonçalense? Conheça a foliã que virou meme após ser entrevistada na Sapucaí

Filha de pais brasileiros, Marly nasceu na Costa do Marfim, onde morou até os 17 anos

relogio min de leitura | Escrito por Daniel Magalhães | 22 de abril de 2022 - 15:25
Após morar 17 anos na Costa do Marfim, onde nasceu, Marly veio para SG, onde os pais se conheceram
Após morar 17 anos na Costa do Marfim, onde nasceu, Marly veio para SG, onde os pais se conheceram -

Quem acompanhou pela televisão o primeiro dia dos desfiles das escolas de samba da Série Ouro na Sapucaí certamente assistiu à entrevista de uma jovem que afirmou ser da Costa do Marfim. A entrevista viralizou após os internautas notarem que a 'turista', chamada Marly Tavares da Silva Gustavo, falou em português com um sotaque carioca bem carregado, o que gerou dúvidas sobre a verdadeira nacionalidade da foliã. A O SÃO GONÇALO, ela contou a história de como veio parar na cidade.

Apesar do nome bem abrasileirado, Marly é realmente africana. Filha de pais gonçalenses, a trancista nasceu na África enquanto os pais moravam na Costa do Marfim, país para onde o pai, o ex-jogador e treinador Joel Carlos Gustavo, foi trabalhar após receber uma oportunidade em um clube de futebol. Após passar alguns anos em um clube de Burkina Faso, ele seguiu trabalhando em outros clubes na África, principalmente na Costa do Marfim. Ainda no continente, ele trabalhou em outros clubes africanos de peso, como o RCK (Rail Clube Kadiogo) e o AS Oumé. 

No entanto, em 2012, Joel sofreu uma parada cardíaca e morreu aos 49 anos. Três anos depois, em 2015, a viúva de Joel e as filhas decidiram voltar para o Brasil. 

"Viemos ao Brasil no dia 21 de março de 2015. Depois de ter vivido 4 anos no Burkina Faso e 21 anos na Costa do Marfim o meu pai faleceu, aí minha mãe decidiu voltar para o Brasil, já que ela tinha ido para lá por causa do trabalho dele. Ele era jogador aqui no Brasil e foi tentar a chance na África. Chegando lá, se tornou treinador e acabou ficando. Nesse meio tempo, ele veio para o Brasil umas duas vezes sozinho para visitar a família. Ele sempre quis trazer a gente pro Brasil, infelizmente ele faleceu, voltamos sem ele.", explicou Marly.

"Na verdade, não temos família de sangue lá, minha mãe então sentiu mais falta da família e decidiu voltar. Hoje moramos no apartamento dos meus avós maternos. E aqui na Brasilândia mora uma boa parte da minha família materna e paterna.", completou.

Nascida no Côte d’Ivoire Abidjan Maternité Henriette Konan Bedié Blokoss Cocody, Marly é craque no francês e por isso deixou escapulir um 'Oui' ao ser questionada pelo repórter no Sambódromo. Perguntada sobre o sotaque carioca bem carregado, ela responde que foi perdendo o sotaque francês e incorporando o sotaque carioca por conviver bastante com brasileiros, mas já adianta que está voltando a praticar o francês com os amigos africanos.

"Eu sou muito de interagir com as pessoas, converso muito, então eu acho que eu perdi o sotaque francês por causa disso. Eu converso muito em português, eu convivo com brasileiro, né. Passo também o dia todo com clientes, com o público. Eu nunca tive tanto sotaque comparada a alguns dos meus irmãos.", explicou. "Mas ultimamente eu tive oportunidade de conhecer vários africanos com quem eu pratico mais. Eu era perdida nas palavras, hoje eu tô melhor. Nunca deixei de falar, assistir filme, séries em francês.", disse.

Marly está assustada com a fama repentina, mas acredita que esta pode ser uma ótima oportunidade para divulgar sua cultura e seu trabalho com trancista. 

"Eu tô meio perdida ainda, tentando me acostumar com isso tudo, eu era um pouquinho reservada nas coisas, muita vergonha de aparecer nas redes, ainda mais por vídeo. Divulgar o meu trabalho é meu objetivo agora. Ser conhecida como uma trancista africana, não como uma africana gringa", disse aos risos.

Ela conta que aprendeu a trançar ainda na África, pouco tempo antes de vir para o Brasil. 

"Eu trabalho como trancista tem 5 anos. Eu comecei a aprender a trançar quando soube que eu viria pro Brasil. A minha mãe me encorajou a fazer porque estava na moda aqui no Brasil e, enquanto eu não conseguisse um trabalho, eu ganharia dinheiro fazendo trança. Assim, comecei nas tranças com a ajuda da menina que trabalhava com a minha mãe lá na Costa do Marfim e era nossa trancista. Quando cheguei, comecei a praticar nas minha irmãs até atender fora."

Hoje, Marly atende à domicílio, recebe clientes em casa e também no salão da prima no Centro de Niterói. Ela também atende suas clientes através de seu perfil no Instagram

"A trança é vida né? É uma arte, é prática para todo tipo de pessoas. Serve para todo mundo usar. Quem tem cabelo liso, cacheado, ondulado, crespos, não importa a textura ou o tom de pele. Eu amo o que eu faço, e faço de coração.", finalizou.

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