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'Briga boa' no samba: Porto da Pedra e União da Ilha largam na frente na disputa por título na Série Ouro

Sossego e Cubango também honraram as tradições de boas apresentações, mas detalhes podem afastá-las do título. Oito agremiações concluem desfiles da Série Ouro na noite dessa quinta-feira (21)

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 21 de abril de 2022 - 20:59
A Porto da Pedra sonha com a volta ao grupo especial
A Porto da Pedra sonha com a volta ao grupo especial -

Participaram da cobertura especial: 

Ana Carolina Moraes, Ari Lopes, Sérgio Soares e Tiago Soares - Reportagens e edição

Chefia de Reportagem: Ari Lopes, Cyntia Fonseca, Marcela Freitas, Sérgio Soares e Tiago Soares 

Chefia de fotografia: Kiko Charret

Fotos: Layla Mussi

Samba suor e lágrimas. A noite dessa quarta-feira (20) foi de emoções fortes na retomada dos desfiles oficiais das escolas de samba no Carnaval fora de época do Rio de Janeiro. Depois que a pandemia do coronavírus fez as autoridades suspenderem a festa do Momo em 2021, sete escolas de samba da Série Ouro (antigo Grupo de Acesso), deram a largada na disputa, que esse ano promete ser acirrada. Porto da Pedra, União da Ilha sairam na frente, com desfiles muito aplaudidos pelo público e elogiados pela crítica, em uma Marquês de Sapucaí revigorada, com melhorias de estrutura e nova iluminação, que custaram cerca de R$ 10 milhões. Veio também de Niterói uma boa surpresa, com a Sossego, em uma apresentação imponente e emocionada, mas com pequenos detalhes que devem afastá-la do título. Mas o que deveria ser apenas alegria se transformou em grande tristeza, quando um carro alegórico da Em Cima da Hora, primeira a desfilar, atropelou a esmagou as duas pernas de uma adolescente de treze anos. A crinça permanece em estado grave e perdeu uma delas. Para a realização do trabalho de perícia, houve atraso de mais de duas horas e meia, fazendo com que a festa terminasse no início da manhã.

A Porto da Pedra apresentou um desfile emocionante e deve disputar título
A Porto da Pedra apresentou um desfile emocionante e deve disputar título |  Foto: Layla Mussi
  

Mas a noite também reservou outras surpresas no palco maior do samba, como por exemplo, a apresentação da Acadêmicos do Cubango, que foi para a Sapucaí mergulhada, com incertezas se manteria o alto nível dos últimos anos, quando desfilou entre as primeiras colocadas, construindo a imagem de sempre ser favorita a chegar à elite, algo que nunca aconteceu na história da verda e branca da Zona Norte da cidade. Com a diretoria 'rachada' o mundo do samba foi 'sacudido' por uma onda de boatos sobre supostos problemas na preparação escola, a saída de Patrícia da presidência e até que a agremiação não teria condições de desfilar.

Alegorias imponentes foram levadas pela Cubango, mas detalhes em acabamentos podem tirar pontos
Alegorias imponentes foram levadas pela Cubango, mas detalhes em acabamentos podem tirar pontos |  Foto: Layla Mussi

Se os boatos não emplacaram, a Cubango mostrou uma apresentação digna, mas os problemas nas alegorias, a exemplo do que houve no ano passado, devem deixar mais longe o sonho do título. Mas se a primeira noite de desfiles foi de emoções fortes, o mesmo deve se repetir nessa quinta-feira (21), quando outras oito agremiações vão se apresentar na Sapucaí. São elas: Lins Imperial, Inocentes de Belford Roxo, Estácio de Sá, Santa Cruz, Unidos de Padre Miguel, Vigário Geral, Império da Tijuca e Império Serrano. A seguir, confira como foi a primeira noite de desfiles na Série Ouro, com análise de cada apresentação na Marquês de Sapucaí. 

A Em Cima da Hora não foi bem
A Em Cima da Hora não foi bem |  Foto: Divulgação/Carnavalesco RJ

Em Cima da Hora - A Em Cima da Hora abriu os desfiles da Série Ouro. A escola apresentou o enredo “33 – Destino Dom Pedro II”, uma reedição do Carnaval de 1984. O desfile foi aberto com irreverência e alegria, mas houve problemas de evolução, com 'buracos' aos longo do desfile. A harmonia também teve problemas, pois muitos componentes não cantaram o samba, considerado um dos melhores da história da escola. Deverá brigar por posições intermediárias, mas há quem ache que há risco de queda. 

Cubango - A verde e branca levou para a Sapucaí o enredo “O Amor Preto Cura: Chica Xavier, a Mãe Baiana do Brasil”, assinado pelo carnavalesco João Vitor Araújo. Mesmo após o desfile apontado como  um dos melhores da noite e tecnicamente elogiado pela crítica especializada, com ressalvas a problemas nos carros, o que deve tirar pontos da preciosos. Mesmo com uma apresentação digna, fantasias luxuosas e canto forte, a escola veio menor em relação aos anos anteriores, mas mostrou a velha garra. 

Boatos tumultuaram arrancada final, mas erscola de Niterói fez apresentação dígna
Boatos tumultuaram arrancada final, mas erscola de Niterói fez apresentação dígna |  Foto: Layla Mussi

Crise - A crise na escola começou por causa de desentendimentos de parte da diretoria com a atual presidente, a ex-porta bandeira da agremiação, Patrícia Cunha, por causa da demora na entrega de fantasias compradas em algumas alas e o rítimo considerado por alguns demasiadamente lento na conclusão dos carros alegoricos no Barracão da escola, no Rio. Na reta final de preparação, a presidente, percebendo que a situação estava, de fato, atrapalhando o bom andamento dos trabalhos, afastou vários sambistas da diretoria, ato que foi respondido com uma 'chuva' de boatos nas redes sociais e falsas informações passadas à imprensa relativos à supostos problemas na escola e até a sobre a saída da gestora, que compareceu à Marquês de Sapucaí, mas por precaução, desfilou cercada por seis diretores. 

Unidos da Ponte - a Unidos da Ponte trouxe para a Avenida o enredo Santa Dulce dos Pobres – O Anjo Bom da Bahia e mostrou a história da freira que virou santa. A escola de São João de Merirti apresentou um desfile irregular, alternando bons e maus momentos. Com problemas de evolução e erro na apresentação do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Emanuel Lima e Camyla Nascimento, atravessou a pista em 56 minutos, um a mais que o permitido no regulamento. A apresentação deve custar um lugar nas posições intermediárias.  

Porto da Pedra - A Porto da Pedra foi a primeira arrancar os gritos de 'campeã' no Carnaval de 2022. E não era para menos. Com grande torcida nas arquibancadas e um samba contgiante, considerado um dos melhores entre as escolas da Série A em 2022, a escola confirmou por mais um ano, uma preparação muito organizada, construida nas gestão do presidente licenciado Fásbio Montibelo, atual vice presidente da Lierj, que tem mantido o 'Tigre' entre as primeiras colocadas todos os anos. O apoio da Prefeitura de São Gonçalo também permitiu um investimento maior. O próprio prefeito, Capitão Nelson, foi à Sapucaí pedir apoio à agremiação.

Desfile da escola de São Gonçalo foi muito aplaudido
Desfile da escola de São Gonçalo foi muito aplaudido |  Foto: Layla Mussi

União da Ilha - Logo depois da Porto da Pedra, veio outra forte candidata ao título. A União da Ilha apostou na homenagem a Nossa Senhora de Aparecida, Padroeira do Brasil, no Carnaval de 2022, após queda para o acesso em 2022. Como herdou uma estrutura maior da edição anterior, pode trazer para a Sapucaí o alto nível do Grupo Especial. incendiou as arquibancadas com enormes e bem acabadas alegorias. Outro destaque positivo da apresentação foi a Comissão de Frente, que se dividiu em várias partes e não cometeu erros. Ao fim do desfile, a Ilha pecou na evolução e teve que correr para fechar o desfile com 54 minutos. A bateria sequer fez toda apresentação no último módulo, detalhe que pode tirar pontos preciosos.  

A União da Ilha também 'deu show' e sonha com volta à elite
A União da Ilha também 'deu show' e sonha com volta à elite |  Foto: Divulgação/Caravalesco

Unidos de Bangu - Faltou luxo e organização no desfile em homenagem a Castor de Andrade, de autoria do carnavalesco Marcus Paulo. O atraso de mais de duas horas nos desfiles atingiu 'em cheio a escola, que entrou já com o dia raiando, o que tirou o impacto  da iluminação dos carros. As alegorias e fantasias, aliás, com pouca qualidade e problemas de acabamento, foram os pontos negativos do desfile. A vermelha e branco da Zona Oeste terminou sua apresentação com 58 minutos, o que fará com que a escola seja penalizada em três décimos no julgamento oficial 

Marcelo Adnet, Paulo Beckam e  e cia no desfile da Sossego
Marcelo Adnet, Paulo Beckam e e cia no desfile da Sossego |  Foto: Layla Mussi

Acadêmicos do Sossego - Com o enredo “Visões Xamânicas”, o Sossego encerrou o primeiro dia de desfile fechando a apresentação com 53 minutos, já com o dia claro, o que tirou o impacto na iluminação dos luxuosos e bem acabados carros alegóricos da escola. As alegorias aliás, com muito bom gosto na combinação de cores, foram o ponto alto da apresentação, embalada com entusiasmo no belo samba composto por Marcelo Adnet, Paulo Beckam,  Rod Torres e  cia. Detalhes em acabamento em uma das alegorias, ornamentada em bambu, e roupas diferentes nas fantasias de uma das alas devem tirar pontos preciosos e deixar a 'Lira' do largo da Batalha mais lonnge do título. 

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