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Vendedor de balas morto nas Barcas é enterrado no Cemitério do Maruí

Câmeras das barcas comprovam que não houve tentativa de roubo

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 15 de fevereiro de 2022 - 18:00
Familiares utilizaram a caixa de balas como símbolo de protesto contra a morte de Hyago
Familiares utilizaram a caixa de balas como símbolo de protesto contra a morte de Hyago -

Parentes e colegas de trabalho do jovem Hyago Macedo, de 22 anos, foram nesta terça-feira (15) ao Cemitério do Maruí, no Barreto, em Niterói, para se despedirem do vendedor de balas que foi morto por um policial à paisana por volta de 12h de ontem enquanto tentava vender seus produtos para um cliente na fila da bilheteria das Barcas, na Praça Arariboia, no Centro de Niterói. O clima de revolta e indignação também gerou um protesto que se iniciou no cemitério e depois seguiu para o terminal das Barcas, onde o crime aconteceu.

No local, cerca de 50 pessoas, entre familiares do jovem lamentaram a morte de Hyago e pediram por justiça. Segurando cartazes com frases como "Queremos Justiça", "Mais um jovem inocente morto", "Mais uma família que chora" e outras frases de revolta, os presentes cantaram louvores e choraram a morte do amigo assassinado enquanto tentava bater a meta de venda de caixinhas de bala. Emocionado, o compadre de Hyago, Esdras Souza, contou que o jovem era apaixonado pela filha e estava trabalhando com foco em realizar a festa de aniversário para ela, que vai completar dois anos no próximo dia 26.

Parentes protestaram no cemitério e depois seguiram para as Barcas
Parentes protestaram no cemitério e depois seguiram para as Barcas |  Foto: Filipe Aguiar
 

"Ele era muito apaixonado pela filha. No sábado a gente se encontrou pra decidir as coisas da festa dela. Estão falando que ele estava tentando assaltar um cliente ali. Ele trabalhava naquele lugar todos os dias há mais de dois anos de manhã até de tarde, lutando para fazer o aniversário da filha dele. Ele ia assaltar alguém no lugar que ele trabalha há dois anos? Eu não acredito.", disse Esdras, que completou dizendo que houve omissão de socorro. "Ninguém deu socorro, ele ficou agonizando muito tempo no chão. Temos vídeos dele agonizando no chão e por que ninguém ajudou?", questionou.

Emocionada, a irmã de Hyago, Andreza Macedo, contou sobre a fim triste que o irmão e outros familiares tiveram. 

“Meu irmão passou por uma vida muito difícil, sem mãe, sem atenção. Ele depois de crescido começou a vender os doces dele, conheceu a mulher dele, teve a filhinha, tava super feliz com a pequenininha, não tava fazendo nada de errado, tava trabalhando pra levar o sustento pra família dentro de casa e aconteceu essa tragédia com meu irmão desse jeito, dessa forma. Muito triste ver a vida dele ser tirada dessa maneira, de uma forma covarde, bruta, sem sentimento nenhum.", disse a irmã, que já lida com a morte de familiares há anos. "Minha mãe foi assassinada em 2009, minha irmã foi assassinada em 2020 e agora meu irmão. Ele não merecia isso.", completou.

Após o enterro encerrar às 16h30, os familiares e amigos de Hyago foram ao terminal das Barcas, onde protestaram mais uma vez pela morte do jovem assassinado covardemente pelo policial, que responderá por homicídio doloso, com agravante por motivo fútil.

Corpo do jovem foi velado debaixo de uma fraca e fina chuva
Corpo do jovem foi velado debaixo de uma fraca e fina chuva |  Foto: Filipe Aguiar
 

Imagens de câmeras de segurança comprovam que não houve tentativa de roubo

No local também estava presente a Secretaria de Direitos Humanos de Niterói. Segundo o secretário, Raphael Costa, as câmeras de segurança da estação das Barcas desmentem a versão de que Hyago tentou assaltar um dos clientes que estavam na fila da bilheteria. 

"Foram cruciais para a investigação as imagens das câmeras de segurança que chegaram através da CCR Barcas que comprovam que não houve nenhuma tentativa de furto, roubo, nem de violência por parte de Hyago. É sim mais um ato cruel de violência por parte do policial que está preso. Então a gente continua acompanhando as investigações para garantir que esse inquérito seja levado adiante e não haja nenhum caso de impunidade.", frisou o secretário. 

O secretário também disse que a secretaria de Direitos Humanos está prestando gratuitamente acompanhamento psicológico e socioassistencial para os familiares. Além disso, todo o sepultamento foi pago pela secretaria, uma vez que os familiares não possuem condições financeiras para arcar com o velório e enterro. 

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