Representatividade: empresa de SG leva Papai Noel negro para entrega de presentes
Andorinhas Presentes Afetivos foi idealizada por Laura Aguiar; conheça a história

"O Papai Noel parece alguém da minha família", "O Papai Noel é marrom, igual ao papai". As frases, bem semelhantes são de duas crianças com idades bem distintas: a primeira foi dita pela Dandara Freitas, de seis anos. A segunda, foi 'obra' do Tiago Sena, de dois anos. As frases foram faladas depois que essas crianças receberam a visita de um Papai Noel negro, e enfatizaram o fato de que representatividade importa, sim!
E é por acreditar no poder do lúdico e do amor que uma empresa de São Gonçalo, a Andorinhas Presentes Afetivos, idealizou entregas de seus produtos com um Papai Noel negro, para mostrar representatividade de forma mágica.
A ideia foi da proprietária da Andorinhas, Laura Aguiar, que apesar de ser uma mulher branca, entende que essa nova geração precisa ser potencializada.
"Eu acredito muito na força dessa geração que está vindo. E quero fazer o máximo que puder. Eu entendo que esse não é meu lugar de fala, justamente por não ser negra, mas busquei orientação profissional e recebi ajuda de mães negras para fazer isso acontecer", contou Laura.
Para entender como a Andorinhas poderia agir nesse assunto, Laura recebeu orientação de duas psicólogas, a Hindiara Rodrigues, e a Vivian Alves, além de conversar com mães negras. "As profissionais disseram que seria maravilhoso abordar o tema de um jeito lúdico. As mães me ajudaram a preparar a equipe, o Papai e a mamãe Noel, essa feita pela própria Laura, para possíveis perguntas constrangedoras. Mas, vou destacar que até agora nenhum constrangimento aconteceu. As crianças não questionavam nada, nem o fato do Papai Noel ser negro e a Mamãe Noel ser branca, muita coisa foi dito, sem que as crianças dissessem nada. Eram olhares e sorrisos. O poder da representatividade ali, na nossa frente", declarou.
Para a criadora de conteúdo, atriz e humorista, Isa Freitas, de 28 anos, a visita do Papai Noel negro mudou a visão dos filhos sobre o 'bom velhinho'.
"A Dandara tinha medo de tirar foto com ele em shopping, aqui ela fez carinho no Papai Noel. Eles trouxeram luz, esperança e magia aqui dentro do meu lar. Eles encheram meu coração de alegria e eu queria que toda criança preta tivesse essa oportunidade", disse.
"Apesar dessas crianças serem mais forte e terem oportunidade que nós não tivemos, eles vão passar por racismo e vão sofrer. Então é a gente cuidar enquanto são novos. O que eu puder injetar em consciência social nos meus filhos, eu vou injetar. Essa atitude é muito bacana e muito representativa", finalizou a atriz.
Para o porteiro Gabriel Alencar, pai do pequeno Tiago, a visita do Papai Noel disse muito, sem precisar dizer nada. "Ele não deve lembrar do Papai Noel do ano passado. Então, acredito que o Papai Noel preto será o primeiro de sua memória. E é sobre isso que falamos aqui o tempo todo: a necessidade de naturalizar o preto em qualquer lugar. Ele não comentou nada durante a visita, mas depois falou que ele era marrom como eu. Ou seja, ele viu nossa família ali representada. Ele se viu, afinal o Tiago é negro, embora tenha a cor da pele um pouco mais clara que a minha", explicou o porteiro.
Laura finalizou falando que o projeto, que terá outros tipos de entregas representativas a partir de janeiro, não tem interesse em tirar a validação de um para validar o outro. "Não é que queremos que o Papai Noel seja somente negro. O que queremos mostrar é que ele pode ser negro também. Pode ser asiático, pode ser ruivo. E pensamos assim em todos os pontos. Um Papai Noel não anula o outro, mas tudo se completa e se encaixa. E é sobre isso que trabalhamos".
A Andorinhas terá a última entrega, com o Papai Noel negro, no próximo dia 21. Para informações sobre a empresa o contato é através do Instagram @oiandorinhas.