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Tragédia do Gran Circus em Niterói completa 60 anos nesta sexta-feira

Mais de 500 pessoas morreram e outras 800 ficaram feridas

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 17 de dezembro de 2021 - 14:46
Incêndio criminoso tirou a vida de centenas de pessoas
Incêndio criminoso tirou a vida de centenas de pessoas -

A tragédia do Gran Circus Norte-Americano, que deixou mais de 500 pessoas mortas em Niterói, completa 60 anos nesta sexta-feira (17). No dia 15 de dezembro de 1961, centenas de pessoas perderam suas vidas devido ao incêndio criminoso que gerou uma comoção nacional e internacional e foi o ponto de partida para a criação do cemitério São Miguel, localizado no bairro de mesmo nome, em São Gonçalo. 

O Gran Circus Norte-Americano, de propriedade de Danilo Stevanovich, estreou em Niterói no dia 15 de dezembro de 1961, instalando-se na Praça Expedicionário, na Avenida Feliciano Sodré, Centro da cidade. À época, anunciava-se como o maior e mais completo circo da América Latina, contando com cerca de 60 artistas, 20 empregados e 150 animais. Não à toa, atraiu uma multidão interessada em conhecer a novidade.

O proprietário contratou cerca de 50 trabalhadores para realizar a montagem do circo. Um deles, Adilson Marcelino Alves, conhecido como 'Dequinha', tinha passagens criminais e apresentava problemas mentais. Por conta de problemas com Danilo Stevanovich, acabou sendo demitido, o que o deixou inconformado. Desde então, ele passou a rondar as imediações do circo em busca de vingança. 

Depois de diversas tentativas de frustrar a realização dos espetáculos nos dias 15 e 16 de dezembro, 'Dequinha' levou a cabo no dia 18 de dezembro seu plano de colocar fogo no circo como uma forma de vingança. Ele teve o apoio de José dos Santos, o 'Pardal', e Walter Rosa dos Santos, conhecido como 'Bigode'. Às 15h45 do dia 17, com cerca de três mil pessoas na plateia, funcionários do Gran Circus começaram a notar as primeiras chamas na lona, que era de algodão revestido de parafina, apesar de ter sido anunciada como de náilon. 

Com pouco mais de cinco minutos, o circo já estava completamente consumido pelas chamas. Ao todo, 503 pessoas morreram, das quais 70% eram crianças, e outras 800 ficaram feridas. A tragédia gerou um caos em Niterói e em toda a região metropolitana do Rio. Médicos de todas as regiões, inclusive de clínicas particulares, foram convocados para atender os feridos. O estádio Caio Martins, em Niterói, precisou ser transformado em uma grande oficina para a construção rápida de caixões, já que todas as agências funerárias da região haviam esgotado seus estoques. 

Na segunda-feira, 18 de dezembro, o presidente da República, João Goulart, e o Primeiro-Ministro, Tancredo Neves, visitaram a cidade e acompanharam de perto a situação dos feridos. Os corpos carbonizados foram retirados do local e levados ao estádio Caio Martins, já que o cemitério do Maruí, em Niterói, ficou com lotação esgotada. 

A tragédia também ganhou repercussão internacional. O então Papa João XXIII mandou rezar uma missão em homenagem aos mortos no Gran Circus. Além disso, o Brasil recebeu doações de diversos países para tratar os feridos: Chile, Argentina e Uruguai enviaram médicos, enquanto o hospital Bathesta, em Washington, nos Estados Unidos, enviou 33 mil cm cúbicos de pele seca, para que fossem feitos enxertos. 

Condenados

'Dequinha' foi preso no dia 22 de dezembro de 1961 e condenado a 16 anos de prisão e mais 6 anos de internação em manicômio judiciário. No entanto, depois de sete anos, ele conseguiu fugir da Penitenciária Vieira Ferreira, em Niterói, onde havia sido preso. Dias depois, foi encontrado morto a tiros no morro Boa Vista, que fica entre o Centro e a Zona Norte de Niterói. 'Bigode', um dos comparsas, foi condenado a 16 anos de prisão e mais 1 ano em colônia agrícola, enquanto 'Pardal' recebeu 14 anos de condenação e mais 2 anos em colônia agrícola. 

Cemitério São Miguel foi construído para enterrar vítimas do incêndio
Cemitério São Miguel foi construído para enterrar vítimas do incêndio |  Foto: Reprodução
  

Cemitério São Miguel

A construção do cemitério São Miguel foi uma iniciativa da prefeitura de São Gonçalo para poder receber os mortos da tragédia, já que o cemitério do Maruí, em Niterói, havia esgotado sua capacidade. Os enterros começaram às pressas e as primeiras vítimas foram enterradas em covas rasas na área de roça. Uma semana após a tragédia, mais de duas centenas de corpos ainda estavam guardados em frigoríficos de Niterói esperando serem enterrados. Para isso, o Executivo gonçalense desapropriou parte das terras que faziam parte do Palacete do Mimi, propriedade do então Barão de São Gonçalo, localizada no bairro São Miguel. 

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