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Umbandistas alegam intolerância religiosa após Cruzeiro das Almas amanhecer quebrado no Cemitério São Miguel

Funcionários do cemitério dizem que o monumento caiu devido à falta de manutenção pelo tempo que foi instalado

relogio min de leitura | Escrito por Daniel Magalhães | 16 de dezembro de 2021 - 13:29
Funcionários do cemitério, no entanto, dizem que o monumento caiu devido ao tempo que foi instalado
Funcionários do cemitério, no entanto, dizem que o monumento caiu devido ao tempo que foi instalado -

Umbandistas denunciam um caso de intolerância religiosa no Cemitério São Miguel, em São Gonçalo. O monumento conhecido como Cruzeiro das Almas é um símbolo importante para religiões de matrizes africanas e católicos, que representa a passagem de uma pessoa do mundo dos vivos para o plano do pós-vida. Segundo Fernando Torres, membro e fundador do MuseUmbanda, foi feita uma denúncia anônima de que o monumento amanheceu destruído na última segunda-feira (13). De acordo com a denúncia, funcionários disseram que saíram do cemitério após mais um dia de trabalho e encontraram o Cruzeiro da Almas destruído a marteladas no dia seguinte.

Para o diretor Fernando Torres, o monumento não caiu acidentalmente, mas foi alvo de um ato de intolerância religiosa devido a forma como foi danificado. No chão, ao redor do objeto, é possível observar pertences deixados ali completamente quebrados e despedaçados. Ele acredita que um grupo de extremistas neopentecostais esteja por trás da vandalização. "Historicamente os evangélicos neopentecostais já abriram guerra corpo a corpo no Dia de Finados, em vários cemitérios para atrapalhar as homenagens aos mortos e o acender de velas nos cruzeiros.", disse.

Atos como esse para interromper as homenagens feitas por umbandistas no Dia de Finados aconteceram em diferentes cidades do Brasil, sendo uma delas Niterói, que em 2018 presenciou um ato de intolerância de evangélicos neopentecostais no Cemitério do Maruí, no Barreto. Na ocasião, cristãos vestidos com camisas amarelas invadiram o espaço onde os umbandistas e candomblecistas faziam as homenagens. Eles gritavam frases como  “Jesus é o rei dos reis, a estrela da manhã”, “O nome de Jesus é poderoso”. Com medo, os umbandistas e candomblecistas foram embora do local.

Nesta terça-feira (14), a reportagem de O SÃO GONÇALO foi ao Cemitério de São Miguel, em São Gonçalo. No local, funcionários relataram que o monumento não foi vandalizado, mas que caiu devido aos danos que sofreu ao longo de todo o tempo que ficou instalado no local. "Ninguém quebrou não. A cruz já estava ali há mais de 40 anos, toda danificada, não aguentou e caiu sozinha. Eu estava na hora que aconteceu.", disse um dos funcionários do cemitério, que não quis se identificar.

Independentemente de ter sido um ato de vandalismo ou apenas um acidente, fieis que utilizam o monumento perguntam quando a Prefeitura tomará providências para que um novo seja instalado no local. 

"É importante que a Prefeitura de São Gonçalo recoloque esse símbolo no lugar, pois ele é parte da tradição e da cultura dos religiosos da cidade que veem naquela espaço um elemento sagrado e imprescindível a fé", reforçou Fernando.

A Prefeitura de São Gonçalo foi contactada para falar sobre o assunto, mas não respondeu até a publicação da reportagem.

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