Primeira edição do Circuito 'Ler pra Va-Ler' em São Gonçalo acontece na Fazenda Colubandê; confira!
Evento termina no próximo sábado (11)

Termina no próximo sábado (11) a primeira edição do Ler Pra Valer em São Gonçalo. O grande evento literário, que começou no último sábado (4) foi o primeiro em São Gonçalo e ocupou a Fazenda Colubandê, um dos patrimônios históricos da cidade, que há muito tempo estava "às moscas". O evento acontece em parceria com a Secretaria Estadual de Educação e a estimativa é de que pelo menos cem mil pessoas passem pelo evento, entre estudantes, professores, mediadores de leitura e o público gonçalense e de cidades no entorno. O evento reúne mais de 30 tendas com venda de livros, atividades culturais, teatro, palestras com escritores e outros artistas.
Entre as atrações, também há apresentações de peças de clássicos da literatura brasileira, como "O Alienista" e "O Homem que sabia javanês", de Machado de Assis e Lima Barreto, respectivamente. Nesta quinta-feira, houve palestras de autores renomados, como Sônia Rodrigues e André Gordirro, que escrevem livros com temática de fantasia e Roleplaying Game (RPG). Os autores, que estiveram pela primeira vez em São Gonçalo, elogiaram a iniciativa e a estrutura do evento.
"A estrutura tá muito boa, grande, divertida. E eu acho que se a cidade não tá acostumada a investir nisso parece um novo começo", disse a escritora Sônia Rodrigues, autora de livros como "O retorno de Emília", "Do que os homens têm medo", "A ilha dos Amores" e muitos outros livros. A autora também falou sobre a importância de eventos como esse e o poder da leitura, ainda mais no tempo de pandemia.

"A pandemia é uma coisa terrível, mas mostrou que o livro e as histórias são fontes de consolo e apoio para nós, porque quando nossa realidade tá muito ruim a gente recorre à narrativa de outras pessoas. A narrativa te dá uma perspectiva que consola e que ajuda.", completou.
Autor dos livros "O Império dos Mortos", "Os portões do Inferno" e "O Despertar dos dragões", o escritor André Gordirro, morador do Rio, esteve pela primeira vez em São Gonçalo para um evento literário e teceu bons elogios à edição gonçalense do Ler pra Valer.
"Eu não imaginava que aqui ia caber um evento tão grande, eu fui na versão de Itaipava e do Rio, que é no Cais do Porto, mas aqui acho que acomodou super bem e tem uma circulação muito legal, mas a forma como o evento tá espalhado, organizado, tá melhor que em outros lugares por ter um formato meio que circular você se sente abraçado pelo evento em qualquer lugar que você esteja", disse. "Cultura gera Economia e Economia gera Cultura. As pessoas quando não têm cultura em determinada área, elas vão procurar em outro lugar. A cultura melhora outros índices, gera empregos, a região se torna financeiramente e culturalmente mais rica e isso vai gerar ainda mais Cultura.", disse o autor ao ser questionado sobre a importância de eventos deste tipo e da utilização de espaços importantes da cidade, como a Fazenda Colubandê.

Para os professores tanto da rede municipal e estadual, o evento é extremamente importante para cultivar o interesse pela leitura nos alunos, mas também para que eles possam 'se encontrar'.
"É em uma oportunidade dessas que eles se encontram porque podem se identificar com algum assunto ou tema que antes nem sabiam que existia. Então pra mim isso é fantástico. O evento foi show, tinha que acontecer mais vezes em São Gonçalo para os alunos terem acesso. Eles amaram.", disse a professora Michelle Pimenta, do Colégio Estadual Ismael Branco.
O evento, muito aguardado pelos alunos, é uma ótima forma de acesso à cultura, no entanto, somente parte dos estudantes puderam desfrutar dos mais de cem mil títulos disponíveis na mega livraria montada no evento. O motivo é que apenas alunos da rede estadual de ensino receberam um voucher no valor de R$ 80 para compra de livros na feira. Intitulado como "passaporte", o ingresso dos alunos da rede municipal deu direito apenas ao acesso deles ao evento.
No local, alguns educadores disseram estar decepcionados com o fato de ver muitos alunos 'de mãos abanando' enquanto outros voltavam para casa com dois, três livros na sacola.

"[...] Além disso, os livros estão muito caros. Se você vai fazer um evento para estimular a leitura , não tem como vender aqui um livro por R$ 60 que lá fora você encontra por R$ 30. O município gasta quase R$ 1 milhão e meio com entrada de alunos, mas não dá condições para ele e os professores desfrutarem do evento.", desabafou o professor Vagner Brum, de 41 anos.
Questionada sobre o motivo de não conceder vouchers aos alunos da rede municipal, a Prefeitura de São Gonçalo ainda não se posicionou.