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Militares que dispararam 257 tiros contra carro de família no Rio são condenados

Quatro dos 12 envolvidos foram absolvidos e os condenados ainda podem recorrer

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 14 de outubro de 2021 - 14:22
Julgamento na Ilha do Governador
Julgamento na Ilha do Governador -

Oito militares foram condenados a mais de 20 anos de prisão pelas mortes do músico Evaldo Rosa e do catador de latinha Luciano Macedo, no início da madrugada desta quinta-feira (14). As duas vítimas foram assassinadas durante uma ação das Forças Armadas em Guadalupe, na Zona Norte do Rio, no dia sete de abril de 2019.

Durante o ocorrido, os militares dispararam 257 tiros contra o veículo em que Evaldo e outros dois membros da sua família estavam presentes, após “confundi-los” com criminosos. Evaldo morreu na hora. Já Luciano, que foi baleado enquanto tentava socorrer a vítima, morreu no hospital, 11 dias depois.

A Justiça militar declarou os acusados culpados de homicídio qualificado e tentativa de homicídio, por três votos a dois. A defesa recorrerá da decisão e os réus responderão em liberdade até que se esgotem os recursos e o caso transite em julgado.

O Ministério Público Militar teve seu pedido de absolvição dos outros quatro militares envolvidos no caso acatado, após ser constatado que suas armas não foram disparadas. Todos os 12 foram acusados e absolvidos de omissão de socorro.

O tenente Ítalo da Silva Nunes, que chefiava a operação, recebeu a maior pena e caso a decisão seja mantida pelas instâncias superiores cumprirá 31 anos e 6 meses em regime fechado. Os outros sete condenados receberam pena de 28 anos.

"Eles não têm noção de como estão trazendo uma paz para a minha alma. Eu sei que não vai trazer o meu esposo de volta, mas não seria justo eu sair daqui sem uma resposta positiva. Hoje vou chegar em casa, vou tomar um banho e acho que hoje vou conseguir dormir.", desabafou a víuva de Evaldo em entrevista à Rede Globo.

O julgamento

O julgamento ocorreu na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio, e durou mais de 15 horas, começando às 9h17 e terminando à 0h30 de quinta. O conselho de Justiça Militar responsável pelo caso foi composto de cinco magistrados, quatro dos quais eram militares.

A defesa dos réus alegou que a região era conflagrada, que houve confronto e os acusados agiram em legítima defesa. De acordo com eles, Luciano seria um assaltante que estaria armado e o carro da família Rosa seria roubado. Contudo, nenhuma arma de fogo foi encontrada sob a posse do catador e a perícia não constatou nenhum vestígio de troca de tiros entre as vítimas e os acusados. A promotora do caso, Najla Nassif Palma, criticou a versão dos condenados, afirmando que afeta a dignidade das vítimas.

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