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Dia dos Pais: Pai e filho superam barreira da deficiência para participarem juntos de provas de triatlo

Família Rocha encontrou no esporte uma forma de promover uma vida mais alegre, ativa e saudável à seu primogênito

relogio min de leitura | Escrito por * Pedro Di Marco | 08 de agosto de 2021 - 17:28
Família Rocha em passeio
Família Rocha em passeio -

Até onde você iria para ver um sorriso no rosto de seu filho? Para o pai do Gabriel, essa é uma pergunta sem resposta. Nem mesmo oceanos, ciclovias e estradas sem fim impõe barreiras ao amor de Rodrigo Silva Rocha, de 42 anos, por seu primogênito.

Há 7 anos, o engenheiro encontrou no esporte uma forma de fortalecer os laços entre os dois, e desde então eles completaram juntos diversas maratonas, chegando inclusive a participar de provas de triatlo, um evento atlético que envolve disputas de natação, ciclismo e corrida. Essa poderia muito bem ser só a história da paixão de uma família pelo esporte, se não fosse pelo fato de Gabriel Couto Rocha ser uma Pessoa com Deficiência (PCD) e precisar de uma cadeira de rodas para se locomover.

Triatlo: Natação
Triatlo: Natação |  Foto: Divulgação
 

“Gabriel tem 19 anos e é muito ativo dentro de suas condições. Ele tem paralisia cerebral, causada pela falta de oxigenação gerada por perda de líquido amniótico durante o processo de gestação, mas o cognitivo dele é quase totalmente preservado, o que lhe garante algumas condições sem a dependência de nós pais. Ensinamos ele a utilizar o tablet e seus dias são ali, entre youtube, facebook e Instagram, ele liga para seus amigos por essas redes sociais, manda mensagens....dessa forma ele vai interagindo com o mundo, sem contar nossas provas de corrida e triathlon. Ele é muito alegre, muito feliz!”, afirmou Rodrigo.

O engenheiro conta que não teve problemas em aceitar e aprender a lidar com a condição de seu filho. Por ter um irmão PcD, ele cresceu nesse mundo e logo que descobriu sobre a possibilidade da paralisia começou a elaborar formas de se relacionar com Gabriel que ultrapassassem a barreira da deficiência e fossem capazes de lhe propiciar uma vida feliz.

“Nós fomos começando a notar que tinha alguma coisa errada quando ele devia começar a apresentar evoluções como firmar a cabecinha e isso não foi acontecendo. Dali o médico começou a relatar uma condição de atraso motor e logo em seguida veio o laudo da paralisia cerebral. Eu não tive problemas com a aceitação, tive um irmão especial e vivi neste mundo desde sempre. Foi mais difícil para minha esposa aceitar, compreender e aprender a lidar com tantas novidades, mas o tempo foi passando e hoje somos exemplos para muitos outros pais que inclusive tem essa dificuldade de aceitação.”, declarou ele.

Triatlo: Corrida
Triatlo: Corrida |  Foto: Divulgação
 

Entre as atividades que Rodrigo encontrou para facilitar o desenvolvimento do menino, a mais importante foi o esporte, a partir do qual Gabriel pode não só desenvolver capacidades físicas e cognitivas até então pouco exploradas, como também criar laços que ele levaria para vida toda. A trajetória dos dois na modalidade começou em 2014 quando o pai do menino foi convidado a disputar uma corrida de rua. À ocasião, o engenheiro resolveu levar o filho para prestigiá-lo e quando se deu conta estava se aproximando da linha de chegada após quase 5km empurrando uma cadeira de rodas. Durante a competição, Gabriel revelou um lado competitivo que os pais não conheciam, o que os motivou a deixá-lo participar de outras corridas e desde então, eles nunca mais pararam.

“O esporte, que iniciamos a 7 anos atrás, de fato abriram portas para nós e mostrou um mundo bem diferente. Gabriel evoluiu muito, tanto física quanto cognitivamente. Foram e são muitas novas amizades que fizemos, amigos que hoje conversam e dão atenção ao Biel, sem colocar a barreira da deficiência e da não comunicação verbal. As pessoas buscam lhe entender, falam de assuntos que ele adora e interagem com ele. Minha promessa ao Biel sempre foi essa, lhe fazer sorrir e viver dia após dia, enquanto Deus assim permitir. Afinal, seu sorriso é sua marca!”, disse o engenheiro.

A história da família Rocha vai além de uma história sobre os benefícios que o esporte podem trazer para a vida de uma Pessoa com Deficiência, é uma história sobre o amor de um pai por seu filho, um sentimento capaz de romper qualquer barreira, e superar qualquer dificuldade.

“Ser pai pra mim, é ser o melhor amigo, ser o exemplo, ser o herói e a inspiração para meus filhos. Em meu caso ainda diria que é ser braço, ser perna, ser aquele que faz acontecer para que ele possa viver da maneira mais normal possível. Nós somos responsáveis por aqueles que colocamos no mundo e devemos doar amor, atenção e carinho para eles, devemos conquistar além do respeito a verdadeira amizade dos filhos. Acredito que é isso que gera aquela relação duradoura e linda de ser vivenciada. Não existe limite para amar, principalmente seus filhos! Todos nós temos capacidade de lutar para superar as dificuldades, aprender a conviver com elas.”, sustentou Rodrigo.

Nesse dia dos pais, é essa a mensagem que pai e filho deixam para as famílias de todo o país: “Viva diariamente com seu filho, como puder, mas viva, abrace, ame, diga para ele o quanto ele é importante para você, mostre que o quão importante ele é para você e o quanto você se esforça para que ele tenha a vida que merece!”

*Estagiário sob supervisão de Thiago Soares

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