Bolsonaro lança dúvidas sobre sua tentativa de reeleição à presidência em 2022
Alegação foi dada em meio a reaproximação do Centrão

O presidente da república, Jair Bolsonaro, afirmou na manhã desta quarta-feira (28) que não sabe se lançará candidatura às eleições presidenciais de 2022. Ainda sem partido, o governante vem se reaproximando do “Centrão”, fortemente criticado por ele durante a campanha eleitoral de 2018, em busca de uma sigla.
É provável que a declaração tenha o intuito de afastar possíveis acusações de campanha eleitoral antecipada, já que Bolsonaro se encontra em maus lençóis com o judiciário. Faz meses que o presidente viaja pelo país para inaugurar obras e participar de passeatas de apoiadores, atraindo os holofotes, quase sempre de maneira negativa, por onde quer que passe.
Além disso, as pesquisas apontam que o regente encontraria uma iminente derrota no segundo turno, caso tente a candidatura. Bolsonaro deu várias declarações a favor da PEC do voto impresso, chegando a afirmar que não haveriam eleições sem que houvesse voto impresso e alegando que as urnas eletrônicas são passíveis de fraude. Mas a proposta de lei vem perdendo força no Senado e encontra a oposição de muitos membros da casa, o que poderia vir a motivar sua desistência.
Contudo, isto é improvável, visto que a reeleição em 2022 foi defendida pelo presidente como um de seus principais objetivos desde o primeiro ano de seu mandato. O mais provável agora é um alinhamento de Bolsonaro com partidos do Centrão em busca de conquistar o apoio do legislativo e formar uma base de apoio mais sólida para seu governo.
O ex-deputado foi filiado ao PP durante boa parte dos seus 7 mandatos na câmara, mas rompeu com o partido em busca de espaço para a candidatura à presidência em 2018, após investigações da Lava Jato atingirem a cúpula da sigla. Em 2018, passou a criticar o bloco formado por partidos de centro e centro-direita que compõem a base governista no Congresso. Agora, após indicar o senador Ciro Nogueira, presidente do PP, ao comando da Casa Civil, Bolsonaro vem rasgando elogios ao bloco com o qual alegou nunca ter rompido.
A aproximação com um dos nomes mais influentes do Centrão deve abrir espaço para o retorno de Bolsonaro à legenda e facilitar a formação de uma coalisão política em apoio à sua reeleição. Contudo, o núcleo do presidente não descarta a migração para o Patriotas, um partido nanico ao qual seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, é filiado desde maio e no qual Bolsonaro controlaria os diretórios estaduais.