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São Gonçalo sedia celebração Inter Religiosa na Praça Luiz Palmier

O evento será às 16h

relogio min de leitura | Escrito por * Pedro Di Marco | 23 de julho de 2021 - 10:17
Praça Luiz Palmier, no centro de São Gonçalo
Praça Luiz Palmier, no centro de São Gonçalo -

O Conselho Municipal de Defesa dos Direitos do Negro e Promoção da Igualdade Racial e étnica em São Gonçalo (Comirsg) promove, nesta sexta-feira (23), um evento em memória das vítimas do genocídio da juventude preta e homenagem a todas as mães negras que perderam seus filhos para a violência do país. A iniciativa é uma parceria com o Centro Cultural Santo Antônio de Catigeró e o Coletivo Mulheres do Salgueiro, com colaboração de Koinonia Presença Ecumênica e Serviço. A cerimônia será às 16h na Praça Luiz Palmier, no centro da cidade.

De acordo com dados divulgados este mês pelo 15º Anuário Nacional de Segurança Pública, a maior parte das vítimas da violência no Brasil são jovens (54,3%) negros (76,2%). Pensando nisso, Juçara Tereza Mões da Silva, mais conhecida como Mãe Juçara, decidiu  propor a realização do evento ao Comirsg.

Como nos explicou Pedro Rebello, representante de Koinonia Presença Ecumêmica e Serviço, o ato contará com diversos momentos de reflexão e orações em diferentes credos com o intuito de promover o acolhimento dessas mulheres negras que perderam seus filhos para a violência tanto por parte do Estado quanto de nossa estrutura social racista. Segundo Rebello, o evento já tem confirmada a participação de lideranças do Candomblé, da Umbanda e das Igrejas Evangélica e Católica.

“A ideia partiu de Mãe Juçara de Yemanjá, que tem uma atuação política de diálogo com diferentes religiões e é Conselheira de Igualdade Racial em SG e Conselheira Estadual de Promoção da Liberdade Religiosa. Em seu terreiro em Tribobó, algumas atividades já foram realizadas antes da pandemia. Um grande parceiro dela nestas ações é o Pastor Júlio da comunidade Batista de São Gonçalo, quem vem promovendo ações em conjunto com o terreiro, inclusive a doação de cestas básicas no período de pandemia.”, explicou ele.

Questionada sobre o papel da religião na vida dos brasileiros e estrutura social do país, Mãe Juçara afirmou que é imprescindível que lideranças religiosas se pronunciem e posicionem sobre questões tão enraizadas em nossa sociedade e que afetam tantas vidas quanto o racismo.

"Chegou a hora das religiões orientarem seus fiéis para questões como o racismo que é uma ferida aberta em nossa História. Vem dele a Intolerância Religiosa contra as religiões de matriz africana e vem dele o extermínio da juventude negra nas periferias. A dura da polícia, o segurança seguindo no supermercado, está tudo conectado. E como o povo brasileiro é um povo de fé, ninguém melhor que o sacerdote, seja ele qual for, para orientar nossa população.", defendeu ela.

O evento terá lugar em meio as celebrações do Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, neste domingo (25), e do aniversário de 28 anos da Chacina da Candelária. O massacre de 23 de julho de 1993, no qual oito jovens moradores de rua entre 11 e 19 anos foram fuzilados nos arredores da Igreja da Candelária, no centro do Rio de Janeiro, é um marco histórico, que reflete a violência e o preconceito no país.

"Eu desejo a essas mães o consolo divino dos Orixás. Desejo que Yemanjá, que é a grande mãe da humanidade, tenha em seu seio suas filhas e filhos vitimados pelo Estado racista. Desejo que elas tenham força para continuar sua caminhada e transformem sua dor em luta. O evento de amanhã é para dizer a essas mães que nós estamos aqui. Que não vamos nos calar e que queremos nossa juventude viva, no banco da escola e não no banco dos réus.", clamou Mãe Juçara.

Estagiário sob supervisão de Marcela Freitas*

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