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Família pede doações para ajudar no tratamento de homem com neurossífilis

Família, que mora no Tribobó, em São Gonçalo, também tenta conseguir auxílio do INSS

relogio min de leitura | Escrito por Ana Carolina Moraes | 14 de maio de 2021 - 13:54
A família de Márcio hoje vive com o auxílio de doações
A família de Márcio hoje vive com o auxílio de doações -

A vida da família do especialista em serviços gerais Márcio de Oliveira Pimentel, 35 anos, virou de cabeça para baixo nos últimos anos, depois que ele foi diagnosticado com neurossífilis, uma variante da sífilis, doença sexualmente transmissível. Hoje, a doença já evoluiu tanto que atingiu grande parte do sistema nervoso de Márcio, que encontra-se atualmente em estado vegetativo e precisa de doações de remédios, fraldas e suplementos alimentares, além de itens médicos para curativos. 

Segundo Gildo de Oliveira Pimentel, de 44 anos, irmão de Márcio, o especialista em serviços gerais contraiu a doença há cerca de 10 anos, mas foi apenas em 2018 que começaram a aparecer os primeiros sintomas. Até então, ninguém da família e nem o próprio Márcio sabiam da neurossífilis. 

"O meu irmão tinha uma vida muito desregrada, chegou a morar na rua e foi dependente químico. Tentamos interná-lo em clínicas de reabilitação muitas vezes, mas ele fugia. Só tinha a carteira assinada em um serviço há anos atrás e depois ficou sem. Há uns dois anos, começamos a perceber que ele estava mancando e com dificuldade de mover o braço. Achamos que poderia ter sido por causa de alguma briga na rua que teria participado e deixamos. Depois, ele começou ter dificuldades em falar. A partir daí, procuramos alguns hospitais e corremos atrás de um diagnóstico para realizar o tratamento", contou Gildo, que trabalha como zelador predial residencial.

Márcio tem 35 anos e possui neurossífilis, uma variante da sífilis, uma doença sexualmente transmissível
Márcio tem 35 anos e possui neurossífilis, uma variante da sífilis, uma doença sexualmente transmissível |  Foto: Arquivo pessoal
 

Eles começaram a pedir ajuda para Márcio em PAMs e receberam alguns diagnósticos, após exames, por exemplo, hidrocefalia. Na época, o médico disse que se fosse hidrocefalia, Márcio teria que ser operado, mas, exames seguintes desmentiram o diagnóstico. Foram anos até sair o diagnóstico correto e Márcio acabou precisando de cadeira de rodas.

"Em meados do ano passado, fomos encaminhados para o Hospital Universitário Antônio Pedro e lá explicamos tudo para uma neurologista que fez exames e comprovou a doença dele, a neurossífilis. A partir daí, começamos a dar procedimento ao tratamento para dar uma boa qualidade de vida, já que, no caso dele, a doença já estava muito avançada e havia ocupado boa parte do sistema nervoso. A doença causou complicações também em outros órgãos do meu irmão e por isso o caso dele é mais grave. Hoje, ele faz tratamento com Penicilina Cristalina", contou Gildo. Segundo um laudo médico a que a equipe de O SÃO GONÇALO teve acesso, os danos neurológicos do paciente são irreversíveis.

Atualmente, Márcio vive em uma cama, se alimentando através de uma sonda GTT. Ele também tem uma bolsa que recebe o líquido pleural (que é um líquido acumulado que estava comprimindo o pulmão de Márcio e causava problemas de respiração; o caso poderia levá-lo à morte), se alimenta de comida especial receitada por médicos, que inclui o suplemento Nutren Sênior, no valor de R$ 80 cada um, além de fazer o uso contínuo de cinco remédios (que incluem Baclofeno, Fenitoína, Domperídona, Ácido Valproíco, Tramadol), e é levado constantemente ao Antônio Pedro para rever o pulmão e a doença.

Márcio tem 35 anos e possui neurossífilis, uma variante da sífilis, uma doença sexualmente transmissível
Márcio tem 35 anos e possui neurossífilis, uma variante da sífilis, uma doença sexualmente transmissível |  Foto: Arquivo pessoal
 

"Hoje não sabemos se ele está com dor ou não, ele é totalmente vegetativo. É muito difícil ver um irmão assim, até porque não somos enfermeiros e tudo que fazemos por ele é novo. Não temos uma assistência home care, então, tudo somos nós que fazemos. Hoje, ele vive em uma casa em Tribobó, com a minha mãe, que é  aposentada e ganha apenas um salário mínimo, e meu sobrinho, que também não trabalha e tem Síndrome de Asperger. Então, os três vivem apenas com uma renda. Como família, ajudamos, mas está difícil e vivemos muito com doações", relata familiares, que pedem ajuda nos suplementos alimentares, em fraldas geriátricas (tamanho G), objetos para curativos e remédios.

Para quem quiser ajudar, basta entrar em contato com Gildo pelo telefone (21) 96766-2440 ou doar qualquer valor para a conta bancária: 

Agência 2180 

Conta poupança 4304-1 

Caixa Econômica Federal 

CPF 05173380764 (que também é chave pix)

Gildo de oliveira Pimentel.

Caso com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)

No início de 2020, Gildo tentou dar entrada no auxílio-doença do INSS para o irmão, que se encontrava incapaz fisicamente e mentalmente. Ele chegou a levar Márcio na perícia antes da pandemia e a médica perita havia informado que, pela falta de contribuições por não ter carteira assinada desde 2004, dificilmente eles conseguiriam o benefício, mas fez a solicitação. No fim do mês, o pedido foi indeferido.

Gildo então tentou dar entrada no pedido do Benefício de Prestação Continuada (BPC) da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), mas estão também deu indeferido, pois a mãe de Márcio, dona Juracir de Oliveira Pimentel, que mora com ele, tem o salário mínimo da aposentadora. Só tem direito ao LOAS aqueles que possuem a renda por família menor que 1/4 do salário mínimo. 

"Só que o meu irmão é um cara especial e estamos com poucas condições para cuidar dele, minha mãe está bancando tudo sozinha. Por isso, entraremos com uma ação judicial, com a ajuda de uma advogada que está nos ajudando, e entraremos também com um pedido na área administrativa do INSS para que isso seja revisto. Segundo a advogada, em 2020, foi decretada uma nova regra que dispensa a questão salarial", afirmou Gildo. 

Procurado, o INSS informou que "os requisitos previstos na legislação da Previdência Social para a concessão do BPC/LOAS não foram alterados, entre eles a renda per capita correspondente a 1/4 do Salário Mínimo. Dessa forma, a informação prestada pelo advogado da família não possui fundamento legal". 

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