Após soltura, Queiroz aparece comemorando aniversário da filha denunciada pelo MP

No último sábado (17), o policial militar Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, celebrou o aniversário de 32 anos de sua filha mais velha Nathália Queiroz, que trabalha como personal trainer. Ele havia publicado uma foto junto a filha em suas redes sociais. Após o fim da prisão domiciliar com a aprovação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Queiroz e sua esposa, Márcia Aguiar, a rotina começou a retornar aos trilhos.

O ex-assessor de Flávio Bolsonaro havia sido indicado pelo Ministério Público do RJ (MP-RJ) como operador de um esquema de devolução de salário, que ocorria dentro do gabinete do filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro. Além das denúncias feitas pelos procuradores em Queiroz e Flávio, outras 15 pessoas foram apontadas, incluindo Nathália. A filha do ex-assessor era uma funcionária fantasma, que exercia o seu papel em várias outras atividades, durante a sua nomeação nos gabinetes de Flávio e Jair. Foram repassados R$633,4 mil de Nathália a seu pai, quantia que seria seu salário na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).

Deputados estaduais bolsonaristas chegaram a comentar a publicação de aniversário, sendo cumprimentada pelo deputado Anderson Morais (PSL-RJ). De acordo com informações, Queiroz está retornando a comunicação através de mensagem de texto em aplicativos, contudo, desde que permitam a destruição automática das conversas, como o ‘Signal’ e o ‘Telegram’, que foram baixados a cerca de uma semana. A escolha dessas plataformas se deve a época em que a família do ex-assessor foi alvo de busca e apreensão, no final de 2019. Durante este período, foram apreendidos aparelhos celulares de Márcia e Nathália Queiros.

A investigação ganhou força com mensagem encontradas nos celulares entre a família de Queiroz, ao qual fizeram parte das provas para a solicitação da prisão do ex-assessor e sua esposa. Nas mensagens entre marido e mulher, Márcia reclamava que Queiroz continuava fazendo indicações políticas para cargos, comparando-o a um criminoso que está preso dando ordens do lado de fora. Foi possível ter acesso, por meio dos aparelhos, o local onde ele se escondia e por onde permaneceu durante a época.

A captura de Queiroz aconteceu em junho de 2020, na casa de Frederick Wassef, um dos advogados de Flávio Bolsonaro. Márcia ficou foragida por um mês depois de sua prisão ser anunciada. Em março deste ano a prisão domiciliar acompanhada pela tornozeleira eletrônica foi decretada. Logo depois, o STJ definiu a anulação das quebras de sigilo que tinham sido autorizadas em primeira instância para a investigação, as provas a partir dos celulares ainda terão suas validades debatidas. Foi recorrida pela MP-RJ a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

As provas primordiais expostas na denúncia contra Queiroz e Flávio eram informações financeiras conseguidas pela quebra de sigilo. Até o momento, o casal responde a denúncia apresentada pelo MP ao Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio em liberdade.