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Mercado de Peixe São Pedro aposta no delivery para enfrentar período de pandemia

Segundo diretor da Associação do Mercado, vendas por delivery subiram 60%

relogio min de leitura | Escrito por Daniel Magalhães | 01 de abril de 2021 - 18:57
Entregadores são um dos mais beneficiados com as restrições no comércio
Entregadores são um dos mais beneficiados com as restrições no comércio -

As restrições impostas pela Prefeitura de Niterói aos serviços não essenciais devido ao aumento das contaminações por Covid-19 afetou significativamente o comércio, que luta para não fechar as portas diante de mais um lockdown parcial. No entanto, o mesmo não pode ser dito sobre o tradicional Mercado de Peixe São Pedro, na Ponta D'Areia, em Niterói. Ao contrário de alguns estabelecimentos que até fecharam por causa do baixo movimento, o mercado tem registrado aumento de vendas em todos os 39 boxes de peixes e frutos do mar. Neste ano, o resultado positivo e acima do esperado se deve principalmente ao sistema de delivery e entregas, que cresceu 60% desde o início da pandemia, de acordo com o diretor da Associação dos Comerciantes do Mercado São Pedro, Atílio Guglielmo.

De acordo com Guglielmo, o medo da contaminação e a maior quantidade de tempo gasta com a família causada pelo Home Office e as restrições de circulação tem aumentado as vendas do Mercado de Peixe, o que causa também a necessidade de ter mais funcionários para entregar as mercadorias do maior mercado de pescado do estado do Rio de Janeiro. Se antes, só 2 entregadores eram suficientes para o serviço, hoje, o número de motoboys aumentou para 8, com entregas em diferentes pontos do Rio, desde São Gonçalo até Nova Iguaçu e Recreio dos Bandeirantes, com taxas de frete chegando a até R$ 150.

“Desde o ano passado, o movimento deu uma aquecida. Com muita gente trabalhando em casa, as pessoas têm mais tempo para preparar a comida, então não estão mais saindo para almoçar todo dia, e elas acabam transformando o peixe em um almoço familiar, juntando cinco ou seis pessoas para fazer uma peixada, o que deu um aumento não só nas vendas presenciais, mas também nas entregas. Ano passado, nós tínhamos três motoboys e agora temos 8. Outra coisa é que os boxes se modernizaram. Aqueles que já possuem clientes fiéis, que conhecem bem o produto, já estão entregando em casa, porque os clientes preferem assim.”, explicou.

Os entregadores Gabriel Mendonça, 25, e Peterson Freire, 34, são alguns dos motoboys que trabalham no Mercado do Peixe e têm conseguido uma boa renda com o sistema de delivery recentemente adotado pelo local. Os dois atribuem o aumento das entregas ao marketing criado pelos donos dos boxes, que tiveram que se adaptar com número de telefone específico para vendas e até perfil em redes sociais, mas também ao isolamento social, que facilita a vida dos clientes que costumam sair de cidades vizinhas para comprar no mercado.

Segundo os entregadores Gabriel e Peterson, os dois chegam a fazer 30 entregas por dia
Segundo os entregadores Gabriel e Peterson, os dois chegam a fazer 30 entregas por dia |  Foto: Kiko Charret
 

Os dois contam que, embora as entregas tenham diminuído um pouco, ainda assim estão trabalhando mais e também conseguindo mais renda com o serviço. De acordo com eles, os entregadores costumam chegar no local por volta das 7h ou 8h da manhã e fazem o mínimo de 10 e o máximo de 30 entregas diárias.

"Ano passado foi melhor em questão de entrega, até porque as pessoas estavam com mais receio de sair de casa, então pediam delivery. Esse ano, as pessoas passaram a vir mais no mercado, vêm com a família, estão com menos medo, mas ainda temos bastante entrega para fazer.", disse Gabriel. Sobre o movimento comum às Semanas Santas, Peterson completa: "A gente espera que continue esse movimento também nas próximas Semanas santas. A pandemia, desde o ano passado para cá, foi importante nesse sentido. Aqui sempre teve o sistema de delivery, mas, durante a pandemia, aumentou bastante o nosso número de entregas, e é isso o que a gente quer sempre, não que a gente esteja se aproveitando de toda situação causada por ela."

Assim como os entregadores, Guglielmo também notou o aumento no fluxo de compradores que vão presencialmente para o Mercado de Peixe São Pedro. Para estes, ele deixa um alerta. "Embora nós estejamos cumprindo as medidas de distanciamento, exigindo o uso de máscaras e disponibilizando álcool em gel, as pessoas precisam entender que o melhor é vir apenas um membro da família fazer as compras, mas o que a gente observa é uma pessoa trazendo os filhos, o pai, a mãe, esposa, marido", disse.

Pelo lado positivo, o Mercado espera um bom faturamento somando as vendas presenciais e as entregas. Ainda segundo o diretor Atílio, a estimativa é que as vendas aumentem em 30% em 2021.

"O movimento tem sido ótimo, e acredito que vai ser até acima do que a gente esperava. Acreditamos que as vendas desse ano devem superar em 30% as dos anos anteriores. Muita gente tem vindo para cá todos os dias por causa de todos esses feriados que juntaram essa semana.", completou.

Os vendedores também estão animados com as vendas presenciais e por entregas, sendo esta última considerada por alguns como a salvação do comércio, como dito por Rogério do Nascimento, da Peixaria Pai e Filho. "Aqui a pandemia não afetou em nada, olha como está o movimento hoje, tem fila até lá fora. Também vendo muito delivery, que é a salvação do comércio. A gente tá fazendo, em média, 30 a 50 entregas por dia.", disse Rogério.

Apesar das determinações de restrição do recesso, Mercado estava lotado nesta quinta-feira (1º)
Apesar das determinações de restrição do recesso, Mercado estava lotado nesta quinta-feira (1º) |  Foto: Kiko Charret
 

Os clientes têm aproveitado as promoções dos diferentes tipos de peixes e frutos do mar, que segundo Guglielmo, pouco sofreram com o aumento da inflação e dos preços dos alimentos em geral. Como resultado, uma revoada de clientes foram ao estabelecimento garantir o peixe para o almoço da Sexta-feira Santa. Um deles é o Pedro Vinícius, que saiu do Porto da Pedra, em São Gonçalo, para garantir o peixe para o almoço especial de amanhã. Segundo ele, a pandemia afetou sim alguns preços, mas nada que o obrigue a escolher uma opção mais barata ou comprar menos quilos do peixe da espécie Namorado, o qual chegou determinado a levar para casa.

Média de Preços

Em um breve levantamento feito pela equipe do OSG no Mercado de Peixe São Pedro, o preço de alguns peixes difere em até R$ 3,00 de uma barraca para a outra. Mas, em média, os preços se mantém em alguns, como namorado e bacalhau. O bacalhau, por exemplo, é encontrado pelo preço médio de R$ 65 o quilo, o preço médio do quilo do Corvina é de R$ 19,99; do Namorado é de R$ 22,99; da Tilápia e do Dourado é de R$ 17,00 e o do camarão é de R$ 34,99.

Segundo Rogério do Nascimento, da Peixaria Pai e Filho, o delivery é a salvação do comércio
Segundo Rogério do Nascimento, da Peixaria Pai e Filho, o delivery é a salvação do comércio |  Foto: Kiko Charret
 

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