Após cinco anos de obra, quem vai consertar as ruas da Trindade?
A população já não crê mais que a situação irá melhorar

Os moradores da Trindade, bairro de São Gonçalo, sofrem constantemente com os enormes buracos nas vias da região. As crateras nas ruas Cuiabá, Curitiba, Vitória, Recife, Filipeia, Quadalajara, Uberlândia, Macaé, Juazeiro e na Avenida Humberto Soeiro de Carvalho (antiga Avenida São Paulo) são o resultado das obras de construção do sistema de saneamento na região, realizadas pela Secretaria Estadual de Ambiente (SEA). Os carros e coletivos que passam pelo local devem tomar cuidado para não terem o fundo de seus carros arrastados no chão. A população vive com a incerteza de quando isso vai melhorar.
A cuidadora de idosos Dione Estrela, de 63 anos, mora na Rua Cuiabá. Ela relata que, por causa dos buracos e da falta de asfalto sua casa fica cheia de poeira.
"Com a obra do governo, aqui ficou cheio de buraco, até com a calçada da minha vizinha eles acabaram. É uma poeirada danada! Quando não chove, os ônibus passam aqui na frente de casa e jogam poeira lá para dentro, temos sempre que ficar limpando a casa. Já quando chove, os buracos se tornam poças de água. Quem tenta reverter essa situação são os moradores e as empresas de ônibus. Sempre vem alguém aqui e joga uma areia fininha, quando faz obra em casa, para tentar resolver o caso, mas nunca resolve", contou ela.

Já a dona de casa Rosângela Sepúlveda, de 56 anos, disse que as obras aqui nunca são concluídas. "Aqui é horrível! Não era assim não, essa mudança ocorreu de uns anos para cá. Agora, até os ônibus passam aqui com cuidado, já que a rua é toda esburacada. Tem dia que a situação está tão crítica, que até os coletivos desistem e vão por outras ruas e nós é que sofremos. Antes da pandemia, tentaram consertar, veio a pandemia e tudo piorou. Eu já não acredito mais em uma solução", disse ela.

Em julho de 2016, o SEA iniciou obras de saneamento do entorno da Baía de Guanabara. A construção do Sistema de Esgotamento Sanitário de Alcântara, em São Gonçalo, beneficiaria inicialmente 230 mil pessoas, além de reduzir em 800 litros por segundo (média/dia) o volume de esgoto lançado in natura nas águas da baía através da Bacia do Rio Alcântara.
Essa não é a primeira matéria feita sobre o caso. Em 2019, O SÃO GONÇALO mostrou que outras pessoas da Trindade já sofriam com as obras na região.
Em nota, a Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade, por meio do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), informou que "executa que, como o município de São Gonçalo não tem cadastro do subsolo e as interferências das obras do Programa de Saneamento Ambiental dos Municípios do Entorno da Baía de Guanabara (PSAM) são muitas, por vezes, é necessário abrir a rua toda para assentamento de um coletor de 150 mm. No entanto, uma nova vistoria será realizada nas referidas ruas, e todas as aberturas realizadas terão o pavimento recomposto.
A implementação do Sistema de Esgotamento Sanitário de Alcântara é uma das frentes do serviço do Psam que é executado pela Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade. As intervenções abrangem a construção de uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE); de um tronco coletor; implantação de rede coletora e elevatórias, além das ligações domiciliares de residências no entorno da obra. As intervenções contribuirão para que 1.200 litros de esgoto por segundo, in natura, deixem de seguir para a Baía de Guanabara, o que representa cerca de 41 piscinas olímpicas de esgoto por dia, que receberão tratamento. As obras estão previstas para serem concluídas em abril de 2023."
Em nota, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano, por meio da Prefeitura Municipal de São Gonçalo, explicou que "já notificou o consórcio responsável pela realização das obras para que efetue os devidos reparos nas ruas danificadas. A secretária destacou que não houve fiscalização na gestão anterior para garantir a devida restauração dos locais que foram afetados pelo programa de saneamento ambiental. E adiantou que novas licença para a realização da segunda fase do programa foram suspensas pelo município e estão condicionadas ao término devido da primeira etapa. A secretaria já solicitou reunião com os representantes do consórcio para agilizar os trâmites e resolver a questão."