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Morre o cineasta e jornalista Arnaldo Jabor

Ele estava internado em decorrência das complicações de um AVC desde dezembro

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 15 de fevereiro de 2022 - 14:15
Arnaldo Jabor
Arnaldo Jabor -

O cineasta e jornalista Arnaldo Jabor morreu em decorrência das complicações de um acidente vascular cerebral, na madrugada desta terça-feira (15). Ele estava internado no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, desde o dia 17 de dezembro do ano passado.

Nascido em 12 de dezembro de 1940 no Rio de Janeiro, Jabor alcançou o estrelato com longas-metragens internacionalmente reconhecidos, produzidos entre as décadas de 70’ e 80’, passando a atuar como colunista na mídia impressa e, posteriormente, como comentarista no rádio e na televisão, após o sucateamento do cinema nacional durante o governo Collor.

Filho de um oficial da aeronáutica e uma dona de casa, Jabor formou-se no ambiente do Cinema Novo, participando da segunda fase do movimento que, inspirado pelo neorrealismo italiano, de Roberto Rossellini, e a nova onda (nouvelle vague) francesa, de Jean-Luc Godard, contrapunha-se às tradicionais produções hollywoodianas, buscando promover análises críticas da realidade política e social do país à época.

Ele fez sua estreia como cineasta em 1967, com o documentário Opinião Pública, que retrata a percepção do povo brasileiro sobre a realidade do país no contexto do governo Castelo Branco, primeiro ditador do regime militar no Brasil. No início dos anos 70, com o recrudescimento da censura e da repressão da ditadura militar, a produção dos cinemanovistas precisou buscar alegorias para driblar as ações do governo e conseguir transmitir suas ideias.

Exemplo disto é o longa “Toda Nudez Será Castigada”, de 1973, adaptação da homônima peça de Nelson Rodrigues ao cinema, amplamente reverenciada como o magnum opus de Jabor. O filme conta a história de Herculano, um homem que, após perder sua esposa, jura nunca mais se envolver com outra mulher, até que conhece uma prostituta chamada Geni, por quem se apaixona.

Uma crítica aberta à moral burguesa e seus costumes, a obra foi considerado uma afronta à família tradicional brasileira, teve suas cópias recolhidas e sua circulação proibida. Contudo, a pressão popular causada pela conquista do Urso de Prata, no Festival Internacional de Berlim, trouxe o longa de volta ao circuito de cinemas do país, ainda que com diversas cenas censuradas. “Toda Nudez Será Castigada” teve a quarta maior bilheteria do país naquele ano.

Outra produção do cineasta que marcou época foi o longa “Eu Sei Que Vou Te Amar”, estrelando uma jovem Fernanda Torres. A obra conta o drama de um casal recém-separado, que marca de se ver três meses após o término de uma união de seis anos. Sucesso de bilheteria, o filme rendeu uma indicação à Palma de Ouro e o prêmio de Melhor Atriz para Fernanda Torres, no Festival de Cannes.

A transição de Jabor de diretor à jornalista se deu em função do perda dos subsídios governamentais de incentivo à cultura e o subsequente sucateamento do cinema nacional durante a administração de Fernanda Collor de Mello.

O cineasta estreou como colunista no O Globo, em 1995, passando a atuar como comentarista em diversos programas jornalísticos da emissora Rede Globo e da Rádio CBN, posteriormente, além de ter contribuído com o jornal Folha de São Paulo por mais de uma década. Jabor manteve sua coluna no Globo até este ano. Seus comentários irreverentes lhe renderam muitos fãs e muitos críticos, como relembra seu site oficial.

“Abordando os mais variados temas (cinema, artes, sexualidade, política nacional e internacional, economia, amor, filosofia, preconceito), suas intervenções “apimentadas” na televisão e em suas colunas lhe renderam admiradores e muitos críticos”, recobra a página.

O último filme do cineasta, “A Suprema Felicidade”, foi lançado em 2010. Ele deixa três filhos, João Pedro, Juliana e Carolina Jabor, que é cineasta, como o pai.

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