Ex-jogador gonçalense volta a Ilha de Curaçao, onde brilhou nos anos 80
Paulinho das Arábias teve a oportunidade de reencontrar a sua 'segunda pátria'
Por Rennan Rebello e Ari Lopes
As lágrimas brotaram dos olhos e ele levou uma das mãos ao peito, como se quisesse apertá-lo, pressentindo a 'dor' daquela emoção. Quem via a reação daquele senhor de meia idade ao desembarcar no Aeroporto de Curaçao, na tarde de 20 de novembro do ano passado, não imaginava que ela representava a volta de um 'filho' para sua 'segunda casa' depois de 34 anos de ausência. Aquele senhor, de 65 anos, é o ex-meia atacante gonçalense Paulo Roberto da Silva, o Paulinho das Arábias, ídolo do futebol da ilha caribenha, onde defendeu o Sport Unie Brion Trappers (SUBT), o mais tradicional clube de Curaçao, entre os anos de 1984 e 86. Na sua trajetória no mundo do futebol, Paulinho jogou no Bonsucesso, Corinthians (junto com Rivelino), Atlético-PR, Figueirense, Pelotas, além de uma passagem por campos da Arábia Saudita.
O desembarque de Paulinho em terras caribenhas aconteceu graças ao governo local, que em conjunto com a Gracco Viagens, Ministério do Turismo (Curacao Tourist Board) e o do Curaçao Marriott Beach Resort, convidou a equipe de O SÃO GONÇALO para levar o atleta para um reencontro com ex-jogadores que atuaram com ele, além de utilizar a visita do craque para promover o futebol local. A ideia do retorno de Paulinho a Curaçao surgiu após a repercussão da matéria 'Sonhando com Curaçao', publicada em março de 2018 na edição impressa, no portal e na página do Facebook de OSG, que narrava a trajetória dele de São Gonçalo por vários estados do Brasil, passando pelo SUBT de Curaçao e o mundo árabe.
"Passei por muitos clubes tradicionais do Brasil, como o Corinthians, de Rivellino, e o Athletico-PR, mas a oportunidade de jogar no SUBT foi uma coisa especial. Em 1984, eu já tinha 34 anos e para os clubes do Brasil já era considerado velho. Então, o Jair Pereira, que era o técnico do América, onde eu estava treinando, jogou limpo comigo e se tornou um amigo. Ele me indicou para jogar no SUBT. Cheguei lá e me apaixonei", disse Paulinho na época. A reportagem revelava o desejo dele em trabalhar nas divisões de base do futebol local e a paixão de Paulinho pelo povo e cultura do país caribenho. "Acompanho notícias do futebol de lá pela internet. Eu amava morar lá. O povo é hospitaleiro e a qualidade de vida é excelente, além de ser um lugar lindo. Aprendi a falar o papiamento, uma língua crioula originária dos nativos. Me identifiquei também com a presença negra. Me sentia um deles. Foram maravilhosos aqueles dois anos”, revelou Paulinho, na época.
E foi assim, que um ano depois da reportagem, O SÃO GONÇALO acompanhou o retorno de Paulinho a Curaçao, onde foi recebido com 'honras' de ídolo. Além de ser recebido pelo presidente da Federação Curaçalenha de Futebol, Paulinho visitou o estádio onde marcou muitos gols, reviu companheiros de clube e até foi reconhecido por um filho de imigrantes portugueses que o viu jogar com a camisa amarela e azul do SUBT, que tem o uniforme inspirado no Boca Juniors da Argentina. "Curaçao é meu segundo país. A forma como fui tratado com carinho e respeito aqui, agora e há 34 anos, mostra isso. Não tenho palavras para agradecer a oportunidade de ter voltado aqui. Se um dia voltarei para trabalhar e morar, não sei. Mas esta viagem não tem preço. Pensei muito na minha família lá no Brasil, mas também penso na amizade que tenho com pessoas daqui de Curaçao e me coloquei a disposição para qualquer coisa que eles precisem", finalizou emocionado o brasileiro que chegou a arriscar algumas palavras em papiamento, dialeto local que é falado além do holandês e espanhol.