Instagram Facebook Twitter Whatsapp
Dólar R$ 5,4921 | Euro R$ 6,3263
Search

Parabéns, grande amigo!

Mais velho que o Maracanã, Estádio Caio Martins, em Niterói, completa hoje 75 anos

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 20 de julho de 2016 - 12:00
Imagem ilustrativa da imagem Parabéns, grande amigo!

Imagine um velho amigo. Companheiro que está sempre com você, nos bons e maus momentos. Desses, existem poucos e a gente jamais esquece, não é mesmo? Ainda mais quando ele completa mais um ano de vida. Pois é! Esse grande companheiro chama-se Caio Martins, e ao longo de toda existência, foi sempre um ‘generoso’ anfitrião, recebendo multidões, em Icaraí, na Zona Sul de Niterói, para memoráveis jogos de futebol. 

Hoje, data em que completa 75 anos de existência, deveria ser muito especial, com direito a uma ‘festa de arromba’ a que toda celebridade tem direito quando completa ‘mais uma primavera’. Mas o Caio Martins, ‘nascido’ em 1941, sendo nove anos ‘mais velho’ que o seu ‘primo rico’, o Maracanã, não vai ganhar hoje nenhum ‘presente’ do poder público ou do Botafogo, que detém a sua concessão até 2023. 

Mas o famoso estádio, que é personagem principal da história do futebol de Niterói e do Estado do Rio, não ficará sem o reconhecimento que merece. A partir de hoje, O SÃO GONÇALO resgata a história do estádio através de personagens que desfilaram seu talento no gramado do Caio Martins, com uma série especial em quatro capítulos. 

Entre a partida inaugural do Caio Martins, entre Canto do Rio e Vasco da Gama - vencida por 3 a 1 pelo time de São Januário, em 20 de julho de 1941, foram centenas de jogos e um autêntico ‘desfile’ dos maiores craques brasileiros, como Zizinho, Pelé, Zico, entre outros. Mas não só alegrias marcam a trajetória do tradicional estádio, que em um dos períodos mais negros da história do país - a ditadura militar - foi usado como o ‘cárcere’ de presos políticos, fato que teria inspirado representantes de regimes semelhantes em outros países da América do Sul, como no Chile, de Augusto Pinochet, a fazer o mesmo. 

A série especial é uma continuação da epopéia ‘Nos Gramados da Vida’, sobre a história do futebol no Leste Fluminense, através dos clubes e de jogadores de futebol, publicada em O SÃO GONÇALO, em 22 capítulos, entre os meses de julho e agosto de 2015. Para um velho e grande amigo tão especial, essa homenagem é mais que merecida. É um agradecimento por tudo que representa para o futebol brasileiro. Parabéns, Caio Martins! 

Antes do estádio, área tinha canódromo para animais

Quem passa por Icaraí e vê o velho estádio Caio Martins jamais poderia imaginar que o ‘gigante’ de concreto, grama e terra, situado em uma área entre a Avenida Roberto Silveira e as ruas Lopes Trovão, João Pessoa e Presidente Alfredo Backer, fica numa área onde antes ‘desfilavam’ animais. Quando a Zona Sul de Niterói era constituída apenas por casas e grandes áreas de mata, e a cidade era a capital do Estado, o poder público criou ali um canódromo para corrida e exposições de cachorros, em meados da década de 1930. 

Em meio ao já consolidado processo de popularização do futebol, iniciado no fim do século 19, o então governador Amaral Peixoto e autoridades estaduais decidiram transformar o local num grande complexo esportivo, que segundo informações do arquivo pessoal do político - cedido à Fundação Getúlio Vargas (FGV), começou a ser construído na década de 40. Em meio à política voltada para as cidades do interior e do fortalecimento da então capital Niterói, era desejo do governador, que a cidade sediasse jogos do Campeonato Carioca e outros eventos esportivos. 

O estádio Caio Martins viria a ser o maior fora do Rio de Janeiro para a prática do futebol, depois do São Januário, Laranjeiras e Andaraí (todos do outro lado da Baía de Guanabara), já que o Maracanã só foi erguido em 1950. 

Da antiga área do canódromo, duas arquibancadas situadas às margens da Presidente Backer foram mantidas. E paralelamente à construção do estádio, foi erguido também um Complexo Esportivo. 

Caio Vianna Martins: um pequeno escoteiro - herói em Minas Gerais

Nascido na cidade mineira de Matozinhos, em 13 de julho de 1923, Caio Vianna Martins foi morar com a família na capital, Belo Horizonte. E, lá logo descobriu uma paixão: o escotismo, movimento que ‘abraçou’ aos 14 anos. 

Um ano depois, aos 15 anos, em 19 de dezembro de 1938, uma tragédia marcou para sempre o nome do pequeno escoteiro. O grupo de escoteiros de Caio havia organizado uma excursão de trem a São Paulo. Vinte e cinco membros viajavam no vagão da primeira classe do trem noturno da Central do Brasil, quando, no início da madrugada, a composição se chocou com um trem cargueiro que vinha em sentido contrário, entre as estações de Sítio e João Aires, próximo à cidade mineira de Barbacena. Quarenta pessoas morreram. 

Caio recebeu uma forte pancada na região lombar durante o choque, mas mesmo assim, continuou junto com os colegas a ajudar no socorro aos feridos. Recusou a maca e foi andando, com os amigos. O esforço foi determinante para a sua morte, por hemorragia interna. Além do nome no estádio, Caio recebeu homenagens por todo o país. Vários grupos es escoteiros levam seu nome, entre eles o 92 Caio Vianna Martins, de Jacarepaguá, no Rio. 

“O que nos levou a nomear o nosso grupo foi o exemplo de determinação, coragem, espirito escoteiro e bravura que este jovem teve”, afirmou o presidente do grupo Wiliam Iório. orizonte. (Colaborou Laryssa Moura).

Matérias Relacionadas