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Lutadora invicta de S. Gonçalo vence torneio de muay thai e traz cinturão para município

Atleta de CT no bairro Coelho já está entre os nomes de maior destaque na modalidade feminina no estado

relogio min de leitura | Escrito por Felipe Galeno | 27 de outubro de 2022 - 18:01
Nathália Pletz, do CT Bravus, começou a lutar há dois anos e já conquistou três cinturões
Nathália Pletz, do CT Bravus, começou a lutar há dois anos e já conquistou três cinturões -

Quando começou a treinar muay thai, há quase dois anos, a gonçalense Nathália Pletz ainda não sabia muito bem o que a aguardava, mas já sabia que não estava dando um passo em falso. “Quando eu cheguei, não conhecia ninguém e mal sabia o que era muay thai, mas falei: ‘se eu for treinar, eu quero competir. Não quero ficar fazendo por fazer’”, relembra a atleta. Hoje, aos 27 anos, ela definitivamente não está ‘fazendo por fazer’; a lutadora saiu campeã de cada uma das cinco lutas disputadas desde o início da carreira.

O êxito mais recente aconteceu no último sábado (22/10), no BioThai Stadium Ladies, um dos raros torneios exclusivamente femininos. Na disputa, Nathália saiu campeã da categoria de até 60kg e derrotou a oponente Fernanda Caetano em decisão unânime do júri.

Com a vitória, a lutadora mantém a invencibilidade e conquista seu terceiro cinturão com a equipe do Centro de Treinamento Bravus, no Coelho. Foi lá mesmo que ela começou a trilhar sua trajetória, de jovem curiosa iniciando na arte marcial para um dos principais nomes do esporte no estado do Rio de Janeiro.

Cinturão coloca lutadora entre principais nomes do esporte no Rio
Cinturão coloca lutadora entre principais nomes do esporte no Rio |  Foto: Filipe Aguiar
 

“A Nathália veio de um momento de saúde completamente diferente. Ela era sedentária, fumante, e virou a vida ao avesso no meio da pandemia”, conta Camila Araújo, de 33 anos, CEO e treinadora do CT. Juntas, a dupla tem lutado para deixar uma marca no cenário do muay thai nacional e expandir o alcance do esporte para atletas mulheres.

O espaço é o único da modalidade em São Gonçalo fundado e liderado por uma mulher, fator que determinou a escolha de Nathália. “Esse detalhe, de ser um CT liderado por uma mulher, para mim fez toda a diferença”, ela relata. O acolhimento encontrado no Centro somou-se à paixão desenvolvida pela luta e resultou em, como ela mesma diz, uma transformação completa em sua vida.

Multiartista e aluna da Escola de Belas Artes da UFRJ, a jovem, hoje, se dedica exclusivamente ao esporte. Isso não significa que sua formação artística tenha ficado para trás. Para ela, a experiência com teatro e performances no Coletivo Mundé, também do município, e todo o aprendizado com o trabalho anterior na área de artes tem trazido algo de especial a sua jornada como esportista.

“Minha formação como artista agregou de uma maneira que eu não podia imaginar. Ter noção da minha imagem e de como me expressar publicamente são coisas que somam às vitórias. Não adianta só ser campeão se eu não souber falar bem e não conseguir fazer com que isso se torne um bem para o coletivo”, acredita Nathália.

A palavra ‘coletivo’ é, aliás, um dos motores para quase tudo no CT. A treinadora Camila conta que um dos objetivos do espaço é construir laços através do esporte. “É uma coisa bem de família. Um vai sempre somando na vida do outro para todo mundo conseguir chegar, juntos, onde a gente quer”, declara a fundadora, que também veio de outras áreas antes do esporte.

Graduada em Engenharia Elétrica e musicista integrante da banda ‘Severino e sua Gente’, Camila também mescla conhecimentos de campos diferentes para tentar construir um ambiente inspirador para lutadores e, sobretudo, lutadoras do município.

CT Bravus, no bairro Coelho, é pioneiro no muay thai feminino no município
CT Bravus, no bairro Coelho, é pioneiro no muay thai feminino no município |  Foto: Filipe Aguiar
 

Formar esse senso de inspiração, é claro, não é uma tarefa fácil para nenhuma das duas. Enquanto Camila se desdobra entre as duas unidades da Bravus, Nathália se dedica por cerca de 12 horas por semana para treinar e manter a forma para as lutas. Além dos seus esforços, outro elemento crucial para a construção dessa trajetória são os patrocínios e parcerias.

A dupla conta que conseguir patrocinadores para o muay thai feminino prova ser, por vezes, um desafio. “Muita coisa sai dos nossos bolsos”, confessa Camila. Nathália complementa: “Se não tiver um parceiro e um patrocínio, não tem salário para o atleta. Aqui em São Gonçalo não tem nenhum incentivo público em relação a isso, o que torna tudo muito difícil”.

Felizmente, a equipe da Bravus tem conseguido encontrar esse apoio na forma de médios empreendedores, como a marca de roupas FLK Esportes e a biscoiteria Cookies do Pai, e de profissionais da região, como a nutricionista Tuyla Class e a massoterapeuta Alessandra Delgado. 

As parcerias são essenciais, na opinião de Nathália, principalmente por, em sua maioria, ser feita com mulheres que também estão lutando para marcar seu espaço. “Poder colaborar com mulheres que estão empreendendo torna tudo muito especial. Quando juntamos as forças, transformamos tipo num ‘Megazord’, com uma apoiando a outra”, brinca a atleta.

E é nessa dinâmica de apoio e colaboração que a lutadora segue em rumo a suas próximas vitórias. Mais importante do que a vitória, porém, é a mensagem e a experiência de grupo que o esporte proporciona. “Não é sobre só se bater em cima de um ringue. É uma coisa muito íntima com o corpo e que tem a ver com construir valores e virtudes, que não são individuais e sempre vão para o coletivo” acredita.

Para ela, esse estímulo ao coletivo se torna ainda mais especial quando termina se voltando para outras mulheres de sua cidade. “Só tenho a agradecer por toda essa trajetória que está sendo escrita e espero, com isso, poder inspirar mulheres aqui da cidade”, define Nathália.

CT Bravus, no bairro Coelho, é pioneiro no muay thai feminino no município
CT Bravus, no bairro Coelho, é pioneiro no muay thai feminino no município |  Foto: Filipe Aguiar
 
"Não é sobre só se bater em cima de um ringue", afirma a artista, que se apaixonou pelo esporte há dois anos
"Não é sobre só se bater em cima de um ringue", afirma a artista, que se apaixonou pelo esporte há dois anos |  Foto: Filipe Aguiar

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