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Após levar tudo nas Américas, atleta do Salgueiro busca patrocínio para disputar Campeonato Europeu de Jiu-Jitsu

Atleta falou ainda sobre as dificuldades impostas pela desigualdade social e à falta de incentivo ao esporte no Brasil

relogio min de leitura | Escrito por * Pedro Di Marco | 23 de novembro de 2021 - 14:32
João Victor durante a conquista do sulamericano
João Victor durante a conquista do sulamericano -

O jovem lutador de jiu-jitsu gonçalense, João Victor Nascimento, de apenas 17 anos, vem dominando as Américas com suas performances nos tablados e agora busca apoio para ir à Roma conquistar também o Velho Mundo, no Campeonato Europeu de Jiu-Jitsu, organizado pela International Brazilian Jiu-Jitsu Federation (IBJJF), em fevereiro de 2022. 

Nascido e criado no Complexo do Salgueiro, João, que atualmente defende a equipe Double Five, começou a praticar o esporte com apenas 7 anos, no mesmo projeto social em que hoje dá aula, e já têm em seu currículo a conquista de três brasileiros, um pan-americano, um sulamericano, um mundial de “No Gi” (Jiu-Jitsu sem kimono) e uma Rio International Cup, disputada no Velódromo Municipal da Arena Olímpica da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, no último sábado (20).

Ele conta que sua relação com o esporte foi de amor à primeira vista e assim que entrou no tablado pela primeira vez soube que era isto que queria para sua vida.

“Comecei no projeto social da minha comunidade. Um amigo me chamou para ir conhecer o projeto, fui e me identifiquei na hora. Quando entrei no tatame sabia que queria seguir a carreira e, mesmo com tantas dificuldades, sem apoio nenhum, fui vender trufa na rua para pagar meus campeonatos. [Naquela época, já] sabia o que queria e hoje busco meu sonho de ser referência para minha comunidade e ir cada dia além.”, contou o atleta.

Sobre o sucesso recente e a notoriedade que vem conquistando como combatente, o jovem explicou que suas conquistas são fruto de sua vontade de garantir um futuro melhor para si e sua família e servir de exemplo de superação para outros jovens de sua comunidade.

“A sensação de estar no tatame é sensacional, é uma oportunidade de mostrar que somos capazes de estar entre os melhores. Nervoso sempre dá, mas eu sei administrar isso. Entro pra dar o meu melhor, por mim mesmo, por minha família e minha comunidade. O meu diferencial é essa vontade de vencer e acreditar num futuro melhor para mim e minha família. Sei que posso ir muito além e todo dia acordo com vontade de vencer a mim mesmo. Luto contra as minhas dificuldades financeiras, luto por patrocínio, luto por um futuro melhor, para mostrar aos [mais] jovens que podemos sim ir além e que não é porque viemos de comunidade que não podemos estar entre os melhores. [E para isso] eu treino muito. Minha vida é treinar. Me divido entre os treinos de jiu jitsu, a escola, as aulas que dou pras crianças do projeto e minha preparação física com o personal Samuel Ramires”, sustentou João.

Projetos como este em que o João começou e hoje dá aula, na quadra da Palmeira, são imprescindíveis porque mudam a vida e a realidade de muitas pessoas nas comunidades. Tais iniciativas tiram as crianças das ruas, onde são constantemente expostas a situações de violência, as educam e formam bons cidadãos, oferecendo oportunidade de ascensão social àqueles que, por muitas vezes, são esquecidos pela sociedade. É o que  explica a cabeleireira Ana Paula do Nascimento, mãe de João.

“Como o esporte mudou a vida do João pode mudar a vida de muitas outras crianças aqui. Projetos como este mudam a vida de crianças, mostram que o esporte abre portas e dentro da nossa realidade tão violenta são uma forma de lapidar muitos talentos. Mas o projeto não tem apoio nenhum, só da associação de moradores que faz o impossível. As crianças não têm kimono, não têm acesso a lazer ou educação. A escola lá está sem aula há dois anos. Nossa parte estamos fazendo, mas o [próprio] João, que já tem mais de 40 medalhas de ouro, ainda está sem patrocínio. É difícil... nossos atletas só são lembrados em época de olimpíadas. Fomos até a Secretaria de Esporte e Lazer, mas não conseguimos ajuda. [Ainda assim] temos fé de que vamos conseguir patrocínio para ele lutar o europeu e mostrar que a nossa realidade pode ser mudada”, declarou a mãe do atleta.

A família estima que os custos com passagem, hospedagem e taxa de inscrição no Campeonato Europeu de Jiu-Jitsu de Roma, fiquem na casas dos R$ 6 mil. Quem quiser ajudar na realização do sonho do João de ir à Europa buscar a conquista deste título e, assim, dar mais um passo em direção à concretização de seu objetivo de mudar a realidade da sua família e de sua comunidade, pode contribuir através do pix é 057 388 672 08 (Ana Paula do Nascimento) ou divulgando sua história. Seu perfil no Instagram é @bolinho_bjj.

*Sob supervisão de Cyntia Fonseca

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