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Funcionária da CBF dá detalhes de acordo oferecido por Rogério Caboclo para omitir assédio

Ex-presidente fez diversas ofertas à secretária

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 20 de setembro de 2021 - 16:49
Rogério Caboclo, presidente afastado da CBF
Rogério Caboclo, presidente afastado da CBF -

A ex-secretária de Rogério Caboclo contou os detalhes dos assédios que sofreu na CBF. A funcionária revelou que foram várias intimidações, o que gerou um grave caso de depressão. Na busca por um acordo para silenciar a vítima, o ex-presidente ofereceu cursos na Europa, dinheiro para adquirir um apartamento e promoção na entidade. Em contrapartida, ela deveria não levar à público os casos de assédio e tinha que explicar suas faltas por questões familiares.

"Eu pedi para ele sair da presidência da CBF. Ele se recusou e em troca me ofereceu uma indenização para comprar um apartamento. Ofereceu um curso na Europa com todas as despesas pagas e me ofereceu uma promoção para um cargo de gerencia, para ficar lá até me aposentar. Só que eu não tinha a menor condição de continuar trabalhando na CBF com aquele homem que me dava uma sensação de terror só de pensar em estar ao lado dele novamente", falou a funcionária em entrevista ao Fantástico, da TV Globo.

Após cinco meses, ela retornou ao trabalho e reiterou que seguirá lutando pelos direitos das mulheres. A funcionária ainda revelou os desafios desse tempo que ficou afastada do trabalho.

"É uma situação pela qual nenhuma mulher deveria passar em nenhum momento da vida. É uma dor que não acaba. É uma dor que hora nenhuma sai de mim. Hora nenhuma eu esqueço que ela existe. Está sempre presente, latente, em todos os momentos do meu dia. A minha dignidade não tem preço. Porque eu fiquei pensando nas mulheres que viriam depois de mim. Era inaceitável proteger um assediador", contou a secretária, que também relembrou como ficou depois de dar seu testemunho sobre o abuso.

"Eu tive muitas crises de pânico. Principalmente porque eu sofri muitas ameaças do Rogério Caboclo. Ele mandou um carro na porta da minha casa, sensação de estar sendo seguida. Ele mandou invadir meu computador, minha conta bancária", explicou e ainda relatou que o assédio foi desde as primeiras vezes em que teve contato com o presidente afastado: "Desde o primeiro momento já ultrapassou o limite comigo. Desde a primeira viagem, para Luque, no Paraguai. E ele nessa viagem fez comentários a respeito do meu corpo. Eu achei que aquilo não cabia numa relação de patrão-empregado. Nessa mesma viagem, ele passou a madrugada ligando para o meu quarto, eu não atendi."

Três meses atrás, a funcionária revelou os abusos que sofreu do presidente afastado. Em áudios, Caboclo fazia questionamentos sobre o relacionamento da secretária e perguntava se ela se masturbava. Há cerca de três semanas, Rogério Caboclo fez um acordo com o Ministério Público do Rio de Janeiro para arquivamento do processo na área criminal, mediante um pagamento de R$ 110 mil. Ele afirma ser inocente perante todas as acusações. 

Com o andamento das investigações, Caboclo foi retirado do cargo no mês de junho pelo Conselho de Ética por 'conduta inapropriada', com pena de 15 meses. O alto escalão da CBF trabalha para que Rogério Caboclo saia em definitivo. Patrocinadores e a FIFA observam o caso com a atenção para tomar possíveis decisões.

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