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Futebol: Seleção feminina perde para o Canadá nos pênaltis e está fora da Olimpíada

A derrota marca a despedida de uma geração dourada do futebol feminino no Brasil

relogio min de leitura | Escrito por *Pedro Di Marco | 30 de julho de 2021 - 10:44
Brasil 0 (3) x (4) 0 Canadá
Brasil 0 (3) x (4) 0 Canadá -

A seleção brasileira de futebol feminino foi a campo na manhã desta sexta-feira (30) para enfrentar o Canadá no  pelas quartas de final da Olimpíada de Tóquio 2020. Contudo, a equipe da treinadora Pia Sundhage não fez um bom jogo e foi eliminada nos pênaltis em meio a muitas decisões controversas da sueca. O resultado marca a despedida de uma geração dourada do Brasil na modalidade que faturou a prata em Atenas (2004) e Pequim (2008).

Foi uma partida equilibrada, houveram poucas chances para os dois lados e nenhuma das duas equipes foi dominante ofensivamente. Isso em parte, se deu em função da boa atuação da linha de defesa canadense, em particular da zagueira Gilles, mas também do sistema tático escolhido por Sundhage. O time brasileiro começou a partida em um 4-4-2 clássico, com Duda na direita, Marta na esquerda e uma dupla de ataque formada por Debinha e Bia Zaneratto.

Com Marta deslocado ao corredor, as atacantes brasileiras se viram isoladas do resto do time. A falta de uma presença no meio de campo com capacidade técnica para se deslocar por um setor congestionado, controlando o ritmo do jogo brasileiro e encontrando passes que pudessem quebrar a linha de marcação canadense e deixar as atacantes brasileiras em boa condição para finalizar, obrigou a dupla a voltar para buscar o jogo. Isto somada à falta de entrosamento entre as duas na partida dificultou a chegada à meta da goleira Stephanie Labbé, que também fez excelente partida.

A primeira boa chance da seleção brasileira veio pela esquerda em uma tabelinha entre Marta e a lateral Tamires, que bateu forte de canhota por cima do travessão. Apesar da boa chance, criada logo no início do jogo, o esquema escolhido pela treinadora sueca, restringiu muito a presença ofensiva rainha do futebol que no brilho dos seus 35 já não está mais no auge de sua forma física. Obrigada a marcar as subidas da canadense Ashley Lawrence pela direita, a 10 brasileira se viu desgastada pela função exigida dela, reduzindo a consistência de suas subidas pelo corredor e impedindo a triangulação com Tamires e Bia Zaneratto, o que deixou a lateral esquerda isolada e sem opções de passe frente uma zaga extremamente eficiente no jogo aéreo.

Do outro lado a situação foi a mesma. A lateral improvisada Bruna Benites, zagueira de ofício, ficou pregada ao campo defensivo e não foi capaz de oferecer o suporte ofensivo necessário a Duda para criar superioridade numérica na ponta direita e a abrir o jogo. Com o jogo travado pelas pontas a alternativa era procurar o jogo pelo meio. Contudo, com duas linhas ofensivas paralelas e sua dupla de atacantes muito bem marcada pelas canadenses que não hesitavam em subir a marcação quando necessário, faltou ao Brasil uma jogadora que pudesse se infiltrar para receber a bola entre as linhas adversárias, com mais espaço para trabalhar a bola e diminuir o espaço entre o ataque e o meio campo.

A melhor chance brasileira no tempo regular veio após o erro de Gilles da saída de bola. Aos 40 minutos do primeiro tempo, a zagueira sozinha se embolou com a bola e foi desarmada por Debinha. A brasileira partiu livre em direção ao gol, mas Labbé saiu bem para fechar o ângulo e fazer a defesa.

No segundo tempo o Brasil melhorou com a entrada de Ludmilla no lugar de Bia Zaneratto e se aproveitou de sua velocidade e posicionamento inteligente para trabalhar suas infiltrações. Além disso, com Ludmilla ocupando a zaga canadense, Debinha ficou mais solta para fazer a segunda atacante, buscando o jogo no meio de campo e aparecendo livre na entrada área para oferecer opção de passe e finalizar com mais espaço. Ainda assim, a zagueira Gilles estava em um dia iluminado e foi muito eficiente ao interceptar as tentativas de bola enfiada do Brasil, cedendo pouquíssimas oportunidades a dupla brasileira. Mas ela não foi crucial apenas no jogo defensivo, a melhor chance do Canadá na partida também veio com ela, que aos 13 minutos do segundo tempo subiu muito na cobrança de escanteio para cabecear forte no travessão.

Depois disso o jogo deu uma esfriada, as canadenses deixaram de propor o jogo e compactaram ainda mais suas linhas defensivas, impedindo o Brasil de criar e levando o confronto para a prorrogação. A melhor chance do tempo extra foi brasileira e veio após a entrada de Andressa Alves no lugar de Duda aos 10 minutos da prorrogação. Após Debinha fazer uma boa jogada e arrumar um escanteio na direita para o Brasil aos 119 minutos, Andressa levantou a bola na área. A defesa canadense tirou, mas a bola sobrou na esquerda para a onipresente Debinha. A brasileira ajeitou para a perna boa e cruzou forte para a zagueira Erika que, mesmo cercada de defensoras canadenses conseguiu subir mais que todo mundo e cabecear no canto para boa defesa de Labbé.

Era chegado o momento decisivo. Sem gols, a partida terminou empatada e foi para os pênaltis. As brasileiras começaram defendendo. Na primeira cobrança, a capitã do Canadá, Christine Sinclair bateu a meia altura, facilitando a defesa da goleira Bárbara, que escolheu bem o canto e chegou muito bem na batida. Por sua vez, Marta deslocou a goleira rival e bateu com segurança no canto esquerdo para botar o Brasil na frente. Na cobrança seguinte Barbara acertou o lado novamente e se esticou toda para fazer a defesa, mas não alcançou a bola. Os dois times marcaram suas cobranças seguintes. Ficou tudo igual, 2 a 2 e era a vez de Erika bater. A zagueira tomou pouca distância e esperou até o último momento para decidir o canto, batendo com calma e categoria para tirar a goleira da jogada e botar o Brasil na frente novamente. As canadenses voltaram a marcar.

Andressa vai à bola para a quarta cobrança do Brasil. A atacante bate mal e não consegue deslocar Labbé que fez boa defesa para acabar com a vantagem brasileira. No último pênalti, após mais uma cobrança exemplar das canadenses, Rafaelle precisava fazer para levar para as cobranças alternadas, mas a exemplo de Andressa também foi no canto no canto direito e desperdiçou a cobrança. Com isso, a geração de Marta e Formiga, foi eliminada da competição em uma campanha decepcionante que deixa brasileiras e brasileiros de todo o país um gostinho de quero mais. Esta, provavelmente, foi a última oportunidade da Rainha do Futebol de conquistar um ouro olímpico.

Estagiário sob supervisão de Marcela Freitas*

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