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Judocas de países árabes se recusam a enfrentar atleta israelense nas Olimpíadas

O fato é uma consequência da recente escalada da violência entre Israel e Palestina

relogio min de leitura | Escrito por * Pedro Di Marco | 26 de julho de 2021 - 17:14
Tohar Butbul
Tohar Butbul -

Em meio ao acirramento dos conflitos entre Israel e Palestina, outro atleta do judô se recusou a enfrentar um competidor israelense durante a Olimpíada de Tóquio 2020, nesta segunda-feira (26). A recente escalada da violência entre o governo israelense e o Hamas, responsável por trazer o conflito, que já se arrasta por décadas, de volta aos holofotes, é uma das principais razões para o acontecido.

O conflito data desde os anos 40, quando a comunidade internacional encarregou o Reino Unido de estabelecer uma nação judaica na Palestina, após o fim da 2ª Guerra Mundial. O conflito foi responsável pelo que chamamos hoje de Holocausto, isto é, o extermínio em massa de milhões de judeus, entre outras minorias, pelo governo nazista de Adolf Hitler na Alemanha.

Em função do Princípio da Autodeterminação dos Povos, ratificado pelo tratado fundamental das Nações Unidas, redigido em 1945, segundo o qual todos os povos têm direito a determinar livremente sua condição política e perseguir seu desenvolvimento econômico, social e cultural através da criação de um Estado soberano, era preciso encontrar um lar nacional para a comunidade judaica dispersa pelo mundo após o Holocausto.

Assim, motivado pela migração em massa de judeus fugidos dos conflitos na Europa à Jerusalém (terra sagrada tanto para muçulmanos quanto judeus) entre os anos 20 e 40 e ao controle da Palestina pelos britânicos que ocupavam a região desde a derrota do Império Otomano na Primeira Guerra Mundial, foi criado Israel.

Contudo, o local já era habitado por árabes no momento da anunciação da criação do novo Estado Nação, o que acarretou no crescimento da violência entre os dois povos e contra o domínio britânico no local. Tendo isso em vista, a Organização das Nações Unidas (ONU) chegou a estabelecer ainda em 1947, que a região fosse dividida igualmente entre estados árabes e judeus, mas o plano nunca chegou a ser implementado de fato. No ano seguinte, com a declaração da fundação oficial do Estado de Israel pelos líderes judeus, o que provocou diversos confrontos entre as forças armadas dos dois grupos.

Apesar do cessar-fogo assinado pelos dois povos em 1949, o embate, que terminou com mais de 700 mil palestinos expulsos de seus lares e lançados à própria sorte no evento conhecido como Al Nakba (“A Catástrofe”), segue firme até hoje.

O fato é evidenciado pela recente recusa de competidores de países majoritariamente árabes em enfrentar atletas israelenses na Olimpíada de Tóquio 2020. A primeira desistência veio por parte do judoca argelino Fethi Nourine, que ao saber que poderia enfrentar o israelense Tohar Butbul se passasse para a segunda fase da competição, desistiu de lutar. Seguindo o exemplo de Nourine, o sudanês Mohamed Abdalrasool que lutaria contra Butbul nesta segunda-feira (26) pelas décimas-sextas de final da categoria até 73kg também desistiu. O israelense acabou sendo eliminado da competição após perder nas quartas de final para o sul-coreano An Chang-rim e ser derrotado pelo canadense Arthur Margelidon na repescagem novamente.

O motivo mais recente de conflito entre árabes e judeus na palestina foi a reivindicação, por parte de colonos judeus, de terras de famílias árabes no bairro de Sheikh Jadar na Jerusalém Oriental, reconhecida pela ONU como território palestino. A tomada das terras árabes é corroborada pela legislação israelense que garante aos seus reivindicar como suas quaisquer terras que pertencessem a proprietários judeus previamente aos conflitos de 1948. O mesmo direito não é garantido por lei aos 700 mil árabes expulsos do local no mesmo conflito.

Após as exigências do braço armado da resistência palestina, conhecido como Hamas, de que o governo de Benjamin Netanyahu parasse de expulsar as famílias árabes de seus lares e retirasse suas tropas do território palestino serem desacatadas pelo Primeiro Ministro de Israel, 1800 mísseis foram lançados contra território israelense, a grande maioria dos quais, interceptados pelo sistema de defesa do país. Em resposta de força desproporcional Netanyahu ordenou diversos bombardeiros ao território palestino. 11 israelenses e 232 palestinos foram mortos durante os confrontos.

*Estagiário sob supervisão de Thiago Soares

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