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Projeto Primeira Chance do Pita faz campanha para ajudar barbeiro do Complexo da Coruja a reformar seu salão

Ativista social se comoveu com a história do empreendedor que largou o mundo do crime

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 28 de outubro de 2020 - 18:30
Jonathan Venâncio e Douglas Oliveira, moradores de comunidades que integram o Complexo da Coruja, em São Gonçalo. Querem dar bons exemplos aos moradores da localidade
Jonathan Venâncio e Douglas Oliveira, moradores de comunidades que integram o Complexo da Coruja, em São Gonçalo. Querem dar bons exemplos aos moradores da localidade -

Por Rennan Rebello

"Às vezes, só do inferno é que se vê o céu. Veja com os seus olhos o que eu já vi com os meus". Estas estrofes da música "O que se faz" da banda brasiliense Plebe Rude pode também refletir a trajetória do jovem Jonathan Fortunato Venâncio, de 26 anos, da Rua da Carioca, na Covanca, uma das entradas do Complexo da Coruja, em São Gonçalo. Ele, que é morador de Morro da Alegria, uma das comunidades da localidade, chegou a ser preso por envolvimento com o tráfico de drogas mas largou o mundo do crime quando conseguiu uma oportunidade para trabalhar em uma barbearia de sua vizinhança. Atualmente, ele continua trabalhando no mesmo lugar, mas desta vez, como dono. Já que ficou com o ponto de seu antigo patrão e paga aluguel mensalmente para usar o espaço. 

E nesta nova vida, o Projeto Primeira Chance idealizado pelo líder comunitário, Douglas Oliveira,  30, no Morro do 40, no Pita, que também integra o Complexo da Coruja, resolveu ajudar Jonathan a reformar seu negócio como uma forma de incentivar outras crianças e jovens a trabalharem e não caírem na tentação da ilusão da 'vida fácil' que é ofertada pelo tráfico.

"Poxa, eu só posso agradecer a a Deus por ter enviado esse anjo, o Douglas (Oliveira), na minha vida. Ele viu que sou um menino sofredor e batalhador e a intenção dele é de me ajudar para incentivar outros jovens e adolescente a mudar de vida ao perceber que preciso muito da reforma no salão", disse Jonathan, ao O SÃO GONÇALO, mesmo jornal que noticiou a sua prisão, em 2012.

"No jornal, apareci sendo preso como braço direito de uns dos maiores traficantes de São Gonçalo, conhecido como Gaguinho, já falecido.  Eu sai de vez do presídio, em 2017, com tornozeleira eletrônica e algumas pessoas me chamaram para voltar ao tráfico. Apesar do medo de perder a vida ou de ser preso novamente, quase aceitei. Contudo, fui mais forte e pensei em minha família que sempre me ajudou. Na realidade, eu estava desesperado porque estava desempregado e mesmo distribuindo currículos, nunca era chamado. Pois, nós negros, que moramos em morro, somos mal vistos. Neste período, um vizinho, o Ricardo Freitas, me chamou para trabalhar em sua barbearia e desde então estou lá. Ele saiu para montar uma outra loja mas continuei e há três anos, sou o dono. No início tive a ajuda do meu pai, que comprou minha cadeira e pagou o primeiro mês de aluguel e depois trabalhei sozinho. Neste ano, incentivei o meu primo Ronald Venâncio e o meu vizinho Thiago Souza  a fazerem curso de barbeiro para trabalharem comigo. Além disso, sou um outro homem, estou casado e minha esposa, Jullie  Castro, está grávida, serei pai de um menino, que se chamará Heitor",  relembrou.

Para quem quiser ajudar com recursos financeiros na campanha idealizada pelo Douglas. Basta entrar em contato com Jonathan através do Whatsapp: (21) 99071-9840 ou depositar qualquer quantia na seguinte conta bancária.

Caixa Econômica Federal

Agência: 4161

0peração: 013

Conta Poupança: 00045284-9

Nome: Jonathan Fortunato Venâncio

O ativista Douglas Oliveira explica como tomou conhecimento da história de Jonathan e também revela a razão de se empenhar para ajudá-lo a desenvolver seu negócio dentro da comunidade. 

"No dia 26 de outubro, eu estava fazendo uma pesquisa no Google com a palavra 'Complexo da Coruja', quando me deparei com a foto do Jonathan. Na foto, ele estava sendo preso por tráfico de drogas na comunidade e me perguntei: "que fim levou esse rapaz?", foi quando lembrei de um rapaz parecido que eu tinha visto em um workshop de barbearia onde estávamos acompanhando um aluno assistido pelo Projeto Primeira Chance. Mandei algumas mensagens e realmente era ele, que chegou a ser condenado a oito anos de cadeia, tendo ficado quatro anos em regime fechado, e durante este tempo, os outros presos o incentivou a começar a cortar cabelo na cadeia. Quando ele foi para a condicional há um pouco mais de três anos, ele chegou a ser convidado para retornar ao crime e chegou a pensar em aceitar. Mas um outro morador o convidou para trabalhar na barbearia, e Jonathan mudou de vida. Quando o dono resolveu se mudar, Jonathan resolveu ficar e de ex-traficante, virou empreendedor e contratou outros dois jovens que o tem como exemplo de superação. Por isso, fiquei pensando como poderia ajudá-lo e motivá-lo ainda mais.  Sendo assim, tive uma ideia' maluca' de fazer uma pequena reforma na humilde barbearia do Jonathan. Já fizemos um orçamento do material pois a ideia é que toda a comunidade do Morro da Alegria faça essa reforma", contou Douglas, que teve seus pais mortos pelo tráfico de drogas, e fundou o Projeto Primeira Chance para incentivar as crianças de sua localidade a estudarem para terem uma vida melhor e longe do crime.

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