Instagram Facebook Twitter Whatsapp
Dólar R$ 5,1515 | Euro R$ 5,5085
Search

Produzido por niteroiense, documentário polêmico sobre 'Os Trapalhões' busca patrocínio

Filmagens já foram concluídas, mas falta financiamento para a pós-produção

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 30 de agosto de 2020 - 19:52
Fernanda e Gabriel (de vermelho) são dois dos três niteroienses que dão as caras no projeto
Fernanda e Gabriel (de vermelho) são dois dos três niteroienses que dão as caras no projeto -

Responsável por alegrar diferentes gerações, as aventuras do quarteto 'Os Trapalhões', formado por Didi, Dedé, Mussum e Zacarias, são um clássico da televisão brasileira que até hoje é lembrado com carinho e admiração pelos fãs. Durante os 30 anos de sua exibição, o programa do quarteto atingiu grandes feitos e deixou um grande legado para a teledramaturgia e o cinema brasileiros. Sete filmes do grupo estão até hoje entre as dez maiores bilheterias do cinema nacional. 

Toda essa 'herança' da comédia brasileira está sendo revisitada pelo diretor Rafael Scapa, que junto com o jornalista e produtor niteroiense, Gabriel Gontijo, de 32 anos, e equipe, estão realizando o documentário "Trapalhadas sem fim", que conta a trajetória e a carreira dos quatro humoristas, revelando histórias passadas atrás das câmeras e não conhecidas do grande público.

Já na etapa de pós-produção, a conclusão do filme depende apenas do patrocínio para que a edição e montagem sejam concluídas e o longa vá ao ar. 

O documentário, segundo Gontijo, tem como objetivo homenagear o quarteto que mudou a história da televisão da comédia brasileira, mas também mostrar a vida real dos 'quatro trapalhões' por trás das câmeras. 

"A intenção do documentário é fazer uma homenagem cinematográfica aos quatro, jamais feita, revelando que por trás das gargalhadas que eles provocavam,

existiam histórias reais, onde nem sempre a alegria estava presente", disse o jornalista.

Grande fã dos Trapalhões, Gabriel concluiu a formação em Jornalismo na UFF, apresentando um rádio-documentário sobre o legado do quarteto como monografia. O convite para participar da produção do documentário veio do diretor Rafael Scapa, em 2016, quando o diretor lançou o filme "O Cinema dos Trapalhões. Por Quem Fez e Quem viu", no Rio. O jornalista entrevistou Scapa e Dedé Santana para um programa na extinta Rádio Fluminense 540 AM e os dois viraram amigos. 

A equipe de produção começou as filmagens em outubro de 2018, em São Paulo, e depois os trabalhos seguiram para o Rio de Janeiro, em abril de 2019, quando Gabriel passou a atuar presencialmente. O trabalho de filmagem foi concluído há dez meses, mas para a edição e montagem, que tem alto custo, eles buscam patrocínio para finalização da obra. 

"O custo de pós-produção é altíssimo. Fazer cinema é muito caro. Somente o preço de um minuto de imagens do arquivo da TV Globo custa R$ 6 mil! Isso mesmo, 6 mil por minuto! Agora imagine a edição de vídeo, áudio, montagem, remasterização, a mão de obra disso e etc. É muita coisa. Por isso estamos tentando captar R$ 500 mil para concluir o filme", disse Gabriel.

O filme, que já possui alguns trechos divulgados no Youtube, traz depoimento de personalidades importantes na trajetória dos 'Trapalhões'. Nomes como Tony Ramos, Angélica, Pelé, Tom Cavalcante, Danilo Gentili e Tiririca falam sobre suas participações no programa e a influência do quarteto na cultura brasileira. 

O longa também conta com a participação dos niteroienses Baiaco, conhecido como o dublê de Renato Aragão; e de Fernanda Brasil Schmidt, que foi protagonista do filme "A Filha dos Trapalhões", de 1984. 

Polêmica - O filme, no entanto, também aborda alguns assuntos polêmicos. Sem espetacularização ou sensacionalismo, os diretores conseguem extrair de alguns personagens, a realidade por trás dos bastidores do programa que cativou a população brasileira. São temas como a personalidade de Renato Aragão, a sexualidade de Zacarias e a própria participação da então atriz-mirim Fernanda Schmidt. "Esse rótulo que alguns colocam no filme me irrita, algumas vezes me irrita. Não tivemos esse propósito. Agora, numa obra com mais de 60 entrevistados é impossível não ter críticas. E como queremos fazer algo plural, obviamente que não faríamos nenhuma censura", explica. 

Uma das polêmicas envolve o depoimento da niteroiense Fernanda Schimidt, que após completar a maioridade entrou com processo judicial contra as produtoras/distribuidoras Renato Aragão Produções, Europa Filmes, InfoGlobo e Globo Filmes, reclamando de direitos autorais, e que não teria recebido por sua participação no longa-metragem "A Filha dos Trapalhões". 

Hoje jornalista, depois de aproximadamente 20 anos, conseguiu receber uma indenização por danos morais, mas ainda aguarda decisão da Justiça por danos materiais, que podem chegar a R$ 1 milhão.

"Há alguns anos entrei com um processo, não contra os Trapalhões ou contra o próprio Renato Aragão, mas contra a Renato Aragão Produções. Era uma reclamação sobre meus direitos autorais. Em um momento da minha vida, mesmo sem o apoio dos meus pais, entrei na Justiça e lá se foram quase 20 anos de briga judicial. Eu já recebi a indenização por danos morais e agora está sendo calculado por um perito o dano material.", contou. 

Segundo ela, na época do filme, seus pais receberam pela atuação dela, um valor que foi revertido apenas na compra de uma cama trelhice e roupas de cama. Isso acabou gerando, tempos depois, um desgaste na família, já que seus pais não a apoiaram na ação judicial.

O filme também aborda a sexualidade de Zacarias. Gabriel adianta que conversou com a ex-esposa do ator, que quebrou o silêncio após 30 anos. 

"Conversamos com a Selma Lopes, que foi casada com ele por mais de 20 anos, e foi quem indiciou o Zacarias para integrar Os Trapalhões em 1974, na época da TV Tupi. Ela, também participou de muitos quadros com eles, já na época da TV Globo, e, depois que ele faleceu, nunca mais deu entrevistas. Então, no filme ela quebra 30 anos de silêncio", disse o jornalista. 

Recheado de assuntos controversos, o documentário tem recebido bastante incentivo de internautas nas redes sociais, que aguardam pelo seu lançamento. Quem quiser participar do  financiamento do documentário e ajudar nos custos de pós-produção, pode entrar no link catarse.me/trapalhadas_sem_fim_2020?ref=ctrse_explore_pgsearch&project_id=120784&project_user_id=1387729 e deixar sua contribuição.

*Estagiário sob supervisão de Ari Lopes

Matérias Relacionadas