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Pesquisador de São Gonçalo promove atividade de astronomia na internet e oferece premiação

Atividade consiste em achar novos planetas sem sair de casa. Objetivo do fundador do Clube de Astronomia de São Gonçalo - Leonardo da Vinci é estimular estudos sobre a dinâmica espacial

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 17 de abril de 2020 - 20:00
Milton Vasconcelos é o fundador do Clube de Astronomia de São Gonçalo - Leonardo da Vinci
Milton Vasconcelos é o fundador do Clube de Astronomia de São Gonçalo - Leonardo da Vinci -

Por Rennan Rebello

As estrofes "We sail Through endless skies; Stars shine like eyes ;The black night sighs ( "Nós velejamos; Pelos céus infinitos; As estrelas brilham como olhos; A noite escura suspira, em português)" da música Planet Caravan (Caravana Planetária) da banda de rock inglesa Black Sabbath, além de desbravar o universo através da arte, também pode servir para ilustrar o cotidiano do pesquisador Milton Cesar Vasconcelos Machado, 52, também fundador do Clube Astronomia de São Gonçalo - Leonardo da Vinci, que funcionava no Centro Cultural Vila Lage, e agora, tem previsão de de voltar a funcionar no bairro do Lindo Parque, em um espaço reduzido, após a pandemia do novo coronavírus (covid-19). Enquanto este dia não chega e respeitando as medidas de isolamento social para evitar contágio; Milton promoveu um desafio como forma de entretenimento neste período quarentena a partir de seu perfil no rede social e em seu canal no Youtube, onde pede para que as pessoas descubram novos planetas através da internet. Os três melhores, ganharam prêmios. 

"Este ano de 2020 tem sido bastante tumultuado para todos nós, e assim que passarem todas estas dificuldades, nós do Clube de Astronomia Leonardo da Vinci vamos divulgar o novo endereço para os nossos encontros presenciais de observação do céu. Até lá, todos respeitando o distanciamento social e seguindo as orientações das autoridades de saúde. Por ora, vamos fazer um convite a todos. O que acha de praticar Astronomia de ponta e ajudar os pesquisadores a encontrar planetas em orbita de outras estrelas? Tudo isso sem sair de casa. O satélite de pesquisa de exoplanetas em trânsito (TESS) é uma missão da NASA liderada pelo MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) para passar dois anos descobrindo exoplanetas. O Tess, gera diariamente milhares de dados relativos à curva de luz das estrelas, e estes dados precisam ser processados pelos pesquisadores. É nesse ponto que entramos e doamos o nosso tempo, observando os gráficos fornecidos pela plataforma on-line Zooniverse relativos ao Planet Hunters TESS, marcando os possíveis trânsitos planetários e enviando estes de volta a equipe de pesquisa. Assim você pode literalmente descobrir um novo planeta orbitando em torno de uma estrela distante em nossa galáxia! 


Achou interessante? Então aqui está a nossa surpresa de páscoa... de hoje até o dia 20 de abril, estamos lançando um desafio a todos! Quem consegue processar o maior número de gráficos? E quem o fizer até a meia noite do dia 10 de maio, será consagrado o maior caçador de planetas do nosso Clube de Astronomia Leonardo da Vinci, o vencedor receberá um certificado, uma camiseta do Clube e ainda um livro de astronomia. Gostaria de salientar que os segundo e terceiro lugares também serão contemplados com brindes. Os demais participantes receberão um certificado digital constatando a sua classificação no evento oferecido pelo nosso clube. As inscrições são gratuitas e estão abertas até a meia noite do dia 20 de abril. Para se inscrever, faça a sua inscrição no site do projeto (clique aqui) e envie o seu nome de usuário no projeto, seu nome completo e endereço eletrônico, assim como o número de contato para o nosso e-mail, nasaclubebrasil@yahoo.com.br e boa caçada!", informou Milton em sua conta no Facebook.

Em entrevista ao O SÃO GONÇALO, o pesquisador que atualmente ministra atividades relacionadas à astronomia na Rede Municipal de Niterói,  confidenciou uma frustração pessoal que o fez criar seu clube em São Gonçalo, cidade onde ainda reside. 

"Eu iniciei o clube de ciências que mais tarde se tornaria o clube de astronomia em 23 de outubro de 1986 quando a mídia fazia um grande alarde com a passagem do cometa Halley (que dá nome a um posto de gasolina em São Gonçalo, no Colubandê). Nesta época, fui soldado lá no 3º BI (extinto Batalhão de Infantaria, na Venda da Cruz) e fizeram até uma festa para observar o cometa e eu fiquei muito animado para ver. Só que fui impedido, pois soldado não poderia participar. Eu fiquei muito triste, daí pensei em criar um local onde as  pessoas que tivessem a vontade de observar o céu, de conhecer um pouco mais sobre o universo tivessem passe livre. Então, no dia do meu aniversário com os meus amigos mais próximos reunidos, anunciei a criação do clube que resiste até os dias atuais", contou Milton, que teve que trancar a sua graduação em Astronomia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) por questões financeiras.

"Eu cheguei a cursar seis períodos de Geografia na (UFF) e depois iniciei Astronomia na UFRJ onde me encontro com a matricula trancada atualmente por falta de recursos financeiros para continuar cursando. Porque morar em São Gonçalo, trabalhar em Niterói e estudar no Fundão e Centro do Rio, sai bem caro. Contudo, estou tentando voltar o curso de Astronomia que entrei em terceiro lugar na classificação da época. Porque estou muito triste por não estar cursando pois acredito ser um grande desperdício de talento", revelou.

Embora reconheça as limitações no mercado de seu segmento de estudo, Milton, projeta o seu futuro nesta área além da sala de aula. "O mercado de Astronomia no Brasil é bastante restrito. No entanto, as pesquisas podem ser um caminho amigável para o astrônomo e também a divulgação científica. Pesquisas com bolsas para mestrado e doutorado são uma fonte de renda para o estudante durante a sua formação. Estas são geralmente relacionadas a universidade. Centros de pesquisa como por exemplo, o Observatório Nacional são locais onde pesquisas importantes são realizadas. Na USP (Universidade de São Paulo) e no INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) também. O diferencial de cada um também é importante, o talento e a sagacidade cientifica também conta. Um dos pontos mais almejados aos projetos de astronomia são realizados no Chile onde o Brasil participa de várias iniciativas. O Deserto do Atacama é um dos melhores lugares do mundo para a prática da astronomia e quase todos os países investem neste lugar", pontuou o estudioso que também vislumbra em um dia poder contar com uma oportunidade na região. Caso as cidades da Região Metropolitana do Rio,  investissem em um planetário, como o da Gávea, na Zona Sul carioca.

"Gostaria também de assumir uma função de pesquisa em astrofísica estelar seria interessante. Em divulgação cientifica, gostaria de dirigir um planetário. Poderia ser em São Gonçalo ou Niterói pois precisamos destes espaços por aqui", sugere.

Além de estudos espaciais, projeto utiliza Facebook para divulgar vídeo tutorial de confecção de máscaras caseiras de papel para serem utilizadas durante este período de pandemia da covid-19

Durante a conversa com a reportagem de OSG, Milton, também contou as suas metas e o plano de reestruturação da nova sede do Clube de Astronomia de São Gonçalo - Leonardo da Vinci, onde será permitido a observação lunar pública e também exposições para que os visitantes possam se inteirar mais a respeito deste tema.

"Nesta nova sede, que será onde hoje é a minha casa, também farei a exposição do acervo mas terei que arrumar bem, pois o espaço é menor do que tinha lá no Vila Lage. Neste primeiro momento, não vai ter uma exposição nova, porém, teremos uma versão reduzida da exposição chamada "Ao Infinito e Além" que é o nosso carro chefe e uma amostra do novo projeto que se chama "Amigos do Sol" que é novo por aqui. Mas tenho que reestruturar a questão dos sócios contribuintes (isso deve ficar bem resolvido no novo site) e espero que com esta ajuda eu possa manter as despesas do clube em dia. Quem sabe, futuramente um patrocínio também possa ajudar na despesa do clube e no curso de astronomia propriamente dito. Inclusive, vou providenciar a regularização por meio de CNPJ", disse.

Outra alternativa para seguir mantendo o seu clube também estar em uma eventual tentativa de parcerias com órgãos nacionais e até mesmo de agências espaciais internacionais, da quais Milton admira, como nos Estados Unidos (Nasa) e Rússia (Roskosmos), esta parceria entre estes centros, em 2006, trouxe em sua tripulação o primeiro cosmonauta brasileiro na espaçonave Soyuz (que significa, 'União', em russo) rumo à Estação Espacial Internacional. Em 2008, em comemoração a este feito, foi lançado um selo pelos Correios do Brasil). O astronauta da época, era o tenente-coronel da Força Área Brasileira, Marcos Pontes, atualmente ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.

Além disso, na América do Sul, é base do Centro Espacial de Kourou, na Guiana Francesa, que faz fronteira com o estado brasileiro do Amapá, na região Norte do país, e talvez possa servir como um futuro intercâmbio de conhecimento e cooperação, que é rotineiro neste ramo.

 "Até gostaria de pedir ajuda para estas agências internacionais, mas não faço ideia de como proceder. Eu sou fã da Nasa e gostaria de trabalhar lá em algum momento. Os centros espaciais menores, são desejáveis também. Mas por uma questão de linguagem a Rússia tem um grau de dificuldade a mais para mim. Vale ressaltar que os russos estiveram a frente na corrida espacial até que os americanos chegaram à Lua. Eu gosto muito da maneira prática com que a Rússia lida com a questão da conquista do espaço e de como a NASA está sempre em busca de novos mundos, novas fronteiras. A pesquisa planetária da Nasa está sempre em evidência e os planos para a colonização de Marte estão em andamento", finalizou o 'homem do espaço', de São Gonçalo.

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