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Projeto 'Som e Letras' surge com propósito de promover a cultura em São Gonçalo

Encontros que envolvem música e leitura acontecem às terças na Praça Chico Mendes, em Alcântara

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 17 de janeiro de 2020 - 18:39
Leon também abre espaço para a música em seu projeto cultural
Leon também abre espaço para a música em seu projeto cultural -

Por Rennan Rebello

"Contemplava em silêncio todas aquelas maravilhas. Faltavam-me palavras para transmitir minhas sensações. Acreditava estar assistindo em algum planeta longínquo, Urano ou Netuno,  fenômenos dos quais minha natureza terrestre não tinha consciência. Seriam necessárias palavras novas para novas sensações, mas minha imaginação não era capaz de fornecê-las. Olhava, pensava, admirava com um estupor misturado a uma certa dose de medo", este trecho do clássico livro 'Viagem ao centro da Terra' do escritor francês Jules Verne, de 1864, pode definir em 2020, a atitude do músico Leon Barroso, de 44 anos, em São Gonçalo.

Em sua 'missão' pessoal e cultural de inserir pessoas no mundo da música e ao hábito da leitura através de seu projeto 'Som e Letras', ele começou na última semana, no circuito de parkour da Praça Chico Mendes, em Alcântara, aulas de violão gratuitamente, de 9h às  11h, às terças-feiras (para até duas pessoas).

Lá também, ele doa um livro a um jovem e encomenda uma resenha sobra a obra e caso seja aprovada, na semana seguinte, ele remunera o 'novo leitor' com R$10. E o primeiro livro doado, foi justamente o do Vernes.

"Eu escolhi este livro (Viagem ao centro da Terra) porque aguça a imaginação e estimula a criatividade pois aponta para o lúdico que é um universo que me fascina além de ser uma boa introdução a leitura adolescente por ser um romance de aventura. Além da música, trabalho como Uber, e em todo encontro doou um livro a um jovem de 11 até 17 anos, e encomendo a ele uma resenha de duas páginas que irei ler antes de pagar R$10. Isto é uma forma de 'inventar um leitor' e incentivar a leitura pois muitos jovens nunca leram um livro. Além da música, trabalho como Uber e por isso, posso por mês pagar até cinco resenhas. Já a aula de violão é livre para qualquer pessoa, porém, apenas para as duas pessoas que chegarem primeiro ao encontro e eu ainda disponibilizo o material didático", explicou Leon a O SÃO GONÇALO.

A ideia de começar o projeto 'Som e Letras' surgiu após Leon ter contato com o público que frequenta a tradicional 'Roda Cultural do Alcântara', evento que reúne adeptos do rap e hip hop, na Praça Chico Mendes.

"Eu achei legal a reunião daqueles jovens na 'Roda Cultural', eles prestam atenção no que você fala e sempre quer saber de alguma coisa, porém, havia uma coisa que me incomodava que é a 'americanização' da cultura como rap, hip hop e grafite, apesar de serem legais e culturais. Expliquei a eles que o rap tem origem da Jamaica, também falei de ritmos brasileiros como repente e o coco e eles gostaram bastante. A partir disso, resolvi dar aulas gratuitas de violão (além do incentivo a leitura)", contou. 

"Eu não acho que os adolescentes são alienados como muitas pessoas falam. Eu vejo assim, atualmente os jovens têm acesso a muitas informações na internet porém de forma superficial, como em um resumo no Wikipedia, por exemplo. Na minha época, nós nos aprofundávamos em busca de mais detalhes na cultura de livros e discos. No entanto, tenho contatos com jovens inteligentes e que são rápidos para pesquisar coisas na internet, por exemplo, apresentei (o ritmo) 'embolada' para o pessoal do rap e eles adoraram. O que falta por parte da grande mídia é mostrar esse tipo de coisa e por isso, que é preciso 'garimpar' para ter acesso a este tipo de material, e eu estou aí para isso, para 'garimpar'", finalizou o músico.

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