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Jornalista cria canal para falar sobre umbanda e candomblé

Em 20018 foram registrados 152 casos de intolerância

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 16 de outubro de 2019 - 09:45
Em 20018 foram registrados 152 casos de intolerância
Em 20018 foram registrados 152 casos de intolerância -

De janeiro a novembro de 2018, foram registrados 152 casos de intolerância religiosa contra umbanda e candomblé pelo Disque 100, canal do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Além desse número, outras 261 vítimas não informaram suas religiões e, de acordo com o jornalista Gabriel Sorrentino, responsável pelo documentário “Cárcere dos Deuses”, que fala sobre perseguição a cultos afro-brasileiros, uma quantidade relevante de denúncias é originada do povo de terreiro. 

“Apesar de não podermos assegurar que foram candomblecistas e umbandistas que realizaram estas denúncias, a realidade que o povo de axé vive hoje em dia acaba mostrando a verdade. Hoje, no Brasil, o principal alvo de perseguição religiosa é o macumbeiro”, afirma o jornalista, referindo-se às invasões sofridas por terreiros. 

Em meio a esta realidade, o documentarista lançou um canal no YouTube com objetivo de disseminar conhecimento e desvendar tabus sobre as religiões de matrizes-africanas. “É uma forma de vencer o ódio da forma mais adequada: educando e mostrando a beleza do culto à ancestralidade, feito pelo candomblé, e à caridade, feito pela umbanda”, explica. 

Intitulado como “Kobá”, uma saudação a Exu, orixá da comunicação e das encruzilhadas, o canal pretende divulgar semanalmente um conteúdo voltado para jovens da religião e àqueles que procuram se informar sobre ela. “Falaremos desde a história da Umbanda até desmistificar as mentiras mais contadas sobre Exu, como por exemplo a clássica afirmativa: Exu é o diabo. Em pleno século XXI, fazer a assimilação de uma divindade milenar africana a um ser cristão com menos de 2 mil anos de registro histórico é justamente falta de conhecimento”.

Para produção dos vídeos, o jornalista conta com o auxílio de babalorixás e yalorixás de candomblé do Rio de Janeiro e Salvador, babás de umbanda, antropólogos, historiadores e outros integrantes da comunidade acadêmica para dar pluralidade aos assuntos. 

“O legal de unir a fé à tecnologia é que consigo justamente abordar assuntos que teoricamente seriam desinteressantes para o público geral com um viés animado. Dá para unir bom humor e memes ao debate sobre religiosidade de matriz-africana. É também uma maneira de humanizar essas fés e aproximá-la da realidade daqueles que não têm familiaridade com elas”, conta o umbandista.

Os vídeos do canal que tem apoio do Mercadão de Niterói, maior loja de artigos religiosos da Região Metropolitana do Rio, serão publicados semanalmente a partir de novembro e, por enquanto, o jornalista disponibilizou o documentário produzido em 2018 para iniciar um debate sobre o tema. 

“Inicialmente, ‘Cárcere dos Deuses’ era um filme. Depois, virou um evento que reuniu grandes nomes do candomblé na Universidade Federal Fluminense, em Niterói, como a jornalista Flávia Oliveira e o ex-BBB e cientista social Rodrigo França. Hoje, ele virou um movimento. E o canal Kobá é a prova disso”, conclui.

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