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Jeffinho Farias, o Ceguinho da 'Praça É Nossa' faz show de humor em Niterói

Sessões únicas acontecem de sexta (16) a domingo, no Teatro da UFF

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 15 de agosto de 2019 - 19:00
Show de comédia 'Ponto de Vista' tem apresentações neste fim de semana
Show de comédia 'Ponto de Vista' tem apresentações neste fim de semana -

Por Cyntia Fonseca

Destaque no humorístico 'A Praça é Nossa', o ator Jefferson Farias se apresenta nos dias 16, 17 e 18 de agosto, sexta e sábado às 20h e domingo às 19h, com a  comédia “Ponto de Vista” no Teatro da UFF, em Icaraí,  Niterói. 

O espetáculo conta com direção de Alexandre Régis e traz Jefferson reunindo inúmeras histórias do cotidiano de um deficiente visual, colocadas numa narrativa bem-humorada. 

Através da comédia teatral, o público passa a participar das vivências e observações relacionadas ao dia-a-dia de um cego com versatilidade e bom humor sobre temas relacionados à vida.

O cenário é composto por piso tátil, por onde o ator circula ao longo do espetáculo. E a ambientação, ainda maior sobre o universo dos cegos, se dá ao longo da peça quando Jefferson também convida o público a participar de uma experiência sobre seu cotidiano ao vivo. Cada espectador, por alguns minutos, passa a experimentar o cotidiano dos deficientes visuais.

Relacionamentos, tendências contemporâneas, moda, entre demais assuntos, também são ingredientes do cardápio sobre o qual o jovem artista lança o seu olhar particular.

O valor do ingresso é R$ 40 e a classificação é 14 anos. O Teatro da UFF fica na Rua Miguel de Frias, 9, Icaraí. 

Leia a entrevista exclusiva que o comediante concedeu a O SÃO GONÇALO:

O SÃO GONÇALO - Você já tem mais de nove anos de carreira, já passou por TV, Teatro e, há três anos, está fixo com um quadro na 'Praça É Nossa'. Quais as principais diferenças entre atuar na TV e apresentar um show de humor solo no palco?

Jeffinho - No palco a resposta ao que você está fazendo é imediata. A troca é intensa e constante. As pessoas estão diante de você e você percebe a energia no mesmo instante. Tudo acontece ali. Erros, acertos, improvisos. É um acontecimento coletivo. Já na tv, embora sempre haja pessoas para trocar, a resposta é posterior. No meu caso, que trabalho num programa de humor com presença de pessoas acompanhando a gravaçao, até dá para sentir a troca. Mas o resultado do trabalho, se tocou ou não as pessoas, você só sabe após ir ao ar. Além disso, claro, por ser TV, sempre há a possibilidade de refazer, editar, levar a  atenção do público para determinado local através da câmera... É uma outra forma de construção.

O SÃO GONÇALO - Você é nascido em São Gonçalo, mas foi para o Rio estudar e de lá para outras partes do país crescendo na comédia. Você acha que, desde que iniciou na arte, muita coisa mudou no sentido de mais possibilidades para artistas de São Gonçalo ? Quais principais dificuldades você enfrentou assim que começou a atuar?

Jeffinho - Muita coisa mudou sim. Quando eu comecei a fazer comédia em 2009, o stand up comedy, esse gênero de humor no qual o humorista se apresenta com textos autoriais e sem o uso de figurino e adereços, estava em voga. Havia muitos lugares para se apresentar e amadurecer o material e a performance. Com o tempo, principalmente no RJ e por conseguinte em São Gonçalo a coisa foi ficando mais escassa. Contraditoriamente, no entanto, o número de pessoas dispostas a começar a fazer stand up aumentou paralelamente. Hoje em dia, uma nova geração de humoristas fizeram com que o RJ ficasse minimamente interessante para a prática do gênero e já há diversas noites em andamento. Inclusive, em São Gonçalo existem noites fixas de humor e a tendência e que novas noites e espaços apareçam. Eu mesmo, sempre que posso, trago projetos para a região que possue um potencial enorme.

O SÃO GONÇALO - O que mais te encanta em fazer TV? E o que mais te encanta ao atuar no palco?

Jeffinho - Na TV o que mais me encanta é a possibilidade de atingir milhões de pessoas, ao mesmo tempo, de uma vez só. Isso é fascinante e bastante poderoso. Sem falar que a dinâmica de escrita, atuação e construção das cenas são diferentes. Já o palco é aquela cachaça. A troca imediata com pessoas que estão ali dispostas a ouvir o que você tem pra falar através de um discurso humorístico. É indescritível. Só fazendo para saber.

O SÃO GONÇALO - Ainda hoje há preconceito, seja do público, seja no mundo profissional, pelo fato de ser cego? Se sim, como você lida com isso?

Jeffinho - Nunca sofri preconceito nem dos colegas, nem do público. E acredito que isso acontece pelo fato de eu ter escolhido a comédia como área de atuação. Nenhuma arte é mais democrática, principalmente se falarmos de stand-up. O humorista não precisa ser bonito, inteligente, rico, não precisa andar, enxergar, falar bem. Só precisa ser engraçado e apresentar algo autoral.

O SÃO GONÇALO -  Você sempre quis fazer comédia, ou já passou pela sua cabeça atuar em papéis de drama, romance, por exemplo?

Jeffinho - Sempre quis fazer comédia, mas já pensei sim em fazer outros estilos. Sou formado em teatro pela Universidade da Cidade, que ficava em Ipanema, e lá exercitei bastante as modalidades artísticas como drama, palhaçaria... Tenho alguns projetos fora do humor, mas os realizarei mais para frente.

O SÃO GONÇALO - Você tem novos projetos em mente? Se sim, quais?

Jeffinho - Estou finalizando um livro no qual relato passagens de bastidores vivenciadas ao longo desses dez anos de carreira completado nesse mês de agosto de 2019. Além disso, estou preparando inúmeros produtos novos para o meu canal do Yutube, o Canal Cego Jeffinho no qual posto semanalmente vídeos de stand up. Pertenço a um grupo também de stand-up chamado 'Os Caras' e já estamos há dois anos nos apresentando em diversos teatros do Rio. Em setembro atracaremos no Teatro Cândido Mendes em Ipanema, todas as sextas-feiras às 20h. Continuo a rodar com o meu solo Ponto de Vista e em breve teremos novidades dos Malandros da Praça, mas na web. Também, se tudo der certo, pinte um filme e uma série aí...

O SÃO GONÇALO - Qual recado você deixa para artistas de São Gonçalo e região que têm alguma limitação e sonham em conquistar espaço na comédia como você conquistou?

Jeffinho - Trabalhe, estude, acredite que é possível, se dedique.

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