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Viver de rock: a resistência de artistas gonçalenses

Músicos de São Gonçalo se reinventam para permanecerem no mercado

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 05 de agosto de 2019 - 15:08
A banda Thecybeis é formada pelos irmãos Dinucci com Gabriel (vocal), Guilherme (guitarra), Daniel (bateria) e Danilo (baixo). O grupo que toca versões de hits de outras bandas tem o apoio incondicional do pai Marcelo Mota
A banda Thecybeis é formada pelos irmãos Dinucci com Gabriel (vocal), Guilherme (guitarra), Daniel (bateria) e Danilo (baixo). O grupo que toca versões de hits de outras bandas tem o apoio incondicional do pai Marcelo Mota -

Por Rennan Rebello

O sonho e o objetivo de viver tocando o bom e velho rock n´roll é uma realidade de diversos artistas do mundo e em São Gonçalo, este cenário não é diferente e apesar da dificuldade de tocar um estilo musical que não está na moda, os músicos locais resistem as dificuldades do mercado para se manterem ativos na cena, seja por meio por meio de banda cover, instrumental e até mesmo como Dj. Desta forma, seguen o ‘conselho’ da banda inglesa Rolling Stones, que canta desde 1974, o verso “I know, it’s only rock ‘n’ roll but I like it” (“Eu sei, isto é apenas rock n´roll mas eu gosto”, na tradução para a língua portuguesa).

O Rock in Rio que terá a sua próxima edição no final de setembro e início de outubro além de ser um festival de projeção internacional também influência diversos músicos como é o caso dos membros do Thecybeis, do Mutondo, banda formada pelos irmãos Dinucci: Gabriel (vocal), 31, Guilherme (guitarra), 28, e os gêmeos Danilo (baixo) e Daniel (bateria), de 22 anos. O grupo está em atividade desde 15 de julho 2008 (dois dias após o Dia Mundial do Rock) e teve duas gerações de seus integrantes influenciados pelo megaevento musical. “Meu irmão mais velho, o Gabriel, teve grande influência do Rock in Rio (de 2001), já o Danilo e eu, que tínhamos uma banda, a ‘Panic’, tocamos no ‘Rock in Adino’ (no Colégio Estadual Adino Xavier), em 2011, mesmo ano de outra edição do Rock in Rio, que de certa forma nos influenciou também. No ano seguinte, entramos em definitivo para o Thecybeis”, disse o baterista Daniel.

Consolidados como músicos que tocam versões de bandas de rock famosas como The Smiths e AC/DC pela noite da região e de outras cidades do Estado. Embora tenham músicas autorais ainda a serem lançadas, o vocalista Gabriel enxerga que o caminho do cover é uma forma de gerar renda e abrir caminhos em outros lugares. “Temos músicas próprias e pretendemos lançá-las no ano que vem mas por enquanto seguimos tocando covers que é uma forma de ganhar dinheiro pois dificilmente conseguiríamos isso, apenas tocando autoral pois precisamos custear as nossas despesas. Também há a possibilidade de criarmos uma outra banda para divulgar as nossas canções mas isso é algo que ainda está sendo discutido entre nós”, explicou o vocalista que na adolescência aprendeu a tocar oito instrumentos na igreja evangélica, que foi uma das ‘encruzilhadas’ da vida que o levaram ao rock.

A união que forma uma banda - Para sobreviver no mercado de shows da noite tocando rock, tendo a forte concorrência de estilos da moda como o sertanejo universitário, além de determinação também é preciso ter incentivo; e o apoio que é uma espécie de engrenagem para o funcionamento musical entre os irmãos, deve-se ao pai, Marcelo Mota, 57, que apoia seus herdeiros desde o início da trajetória no rock. “Quando recebi o dinheiro da minha rescisão das Casas Bahia, investi em equipamentos e comprei uma kombi que batizei de ‘Chaninha’ para transportar os meninos para fazerem shows. Eu queria realizar o sonho deles, desde pequeno eu os incentivo tanto no esporte quanto na música. Não entendo muito de rock mas gosto do que eles fazem e também sou rigoroso nos compromissos profissionais que nós temos, por exemplo, não desmarcamos shows e bebida alcoólica somente após as apresentações”, relatou orgulhoso.

A ‘Chaninha’ que é modelo de 1978, nem sempre é usada, contudo, é o mascote da banda, já que quando anda por São Gonçalo, leva junto a imagem dos Thecybeis estampada. “Como a kombi já está velha, colocamos nossa imagem nela para divulgar a nossa banda mas também para esconder um pouco o estado dela (risos). Tanto que para shows longe a gente conta com ajuda de outras pessoas como um tio nosso (Alexandre). Fora o transporte a gente recebe apoio integral de parentes, amigos, das esposas do Guilherme e Gabriel, além da minha namorada e a do Danilo, que nos auxilia nas redes sociais”, contou Danilo.

Rock instrumental como alternativa

Seguindo por um caminho ‘alternativo’ no rock, onde a letra é substituída apenas pelo instrumental da canção e seguindo o exemplo de grupos como o Chimpanzé Clube Trio de São Paulo e Beach Combers do Rio; o guitarrista e morador do Colubandê, Rubens Azevedo, de 27 anos, segue investindo nesta linha e fundou sua própria banda intitulada como Rubens Azevedo Trio (com mais um baixista e baterista), que tem influências de blues e artistas como Jimi Hendrix, Led Zeppelin, B.B. King, Stevie Ray Vaughan, em seu trabalho autoral e em seu repertório com covers.

“Acredito que o rock instrumental enfrenta certa dificuldade pelo fato do rock não ter uma tradição de ser instrumental como o jazz e o chorinho por exemplo, no rock isso é bem raro, no entanto, vejo algumas bandas surgindo e que ganharam destaque dentro da cena do rock nacional como a Pata de Elefante, Camarones Orquestra Guitarrística e Macaco Bong. Meu próximo objetivo a longo prazo é lançar o nosso primeiro cd e levar nosso som paro maior número possível de pessoas. Inclusive, no dia 29 de agosto estaremos tocando no Caverna (no Gragoatá), em Niterói.”, disse o músico que cursa Geografia, na Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FFP/UERJ), no bairro do Patronato.

Atualmente, Rubens pesquisa para sua monografia, como a internet mudou a difusão da música na perspectiva do artista por meio de conceitos geográficos; mas apesar de seus estudos nesta área de conhecimento, ele tem a Geografia como segunda opção já que sua carreira artística é a sua prioridade máxima. “Entrei na faculdade de Geografia da na FFP/UERJ, em 2012, mas foi totalmente o famoso ‘plano B’, já que a minha paixão sempre foi a música e nunca escondi isso de ninguém, nem dos meus pais.”, contou.

O poeta advogado que virou Dj com inspiração no rock

Já o poeta Romulo Narducci, 43, que foi um dos fundadores do sarau ‘Uma Noite na Taverna’ e que também ocupa a presidência da comissão de Arte e Cultura na OAB-SG, também utiliza o rock para ‘atacar’ como Dj. “Em 2005, me reuni com minha amiga Isabela Cardozo e criamos a festa Protège Moi (homônimo de uma canção da banda Placebo), que teve suas duas únicas edições na antiga boate Vollupya, em Niterói, e uma no Rio. Nessa festa surgiu minha alcunha de DJ Allen Poe (em referências aos escritores Allen Ginsberg e Edgard Allan Poe), tocávamos glam rock, punk, post-punk e alternativo”, relembra o artista que toca na festa ‘Dirty Mind’ com produção do músico Dico.

“A ‘Dirty Mind’ além de rock dos anos 80 e pop rock, também discoteco soul music e dance music. O melhor é que as entradas dessas festas são gratuitas. As próximas irão ocorrer no pub Rock ’n Beer, na Parada 40, no próximo dia 16, às 20h e no Bar da Frente, no Patronato, no dia 27 de agosto, às 21h”, relatou Narducci que também foi guitarrista da banda Mangusto.

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