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Crítica OSG | Wicked: Parte 2 tem ritmo musical quebrado, mas atuações compensam; saiba mais

A trama aprofunda questões de opressão, identidade e privilégio, mostrando um Oz muito além do conto clássico

relogio min de leitura | Escrito por Robson Almeida com edição de Cyntia Fonseca | 21 de novembro de 2025 - 11:00
Divulgação
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Como fazer com que o público assista a um filme de duas horas e dezessete minutos quando muitos já conhecem a trama? John M. Chu tem plena certeza de como levar isso adiante, e demonstra isso em Wicked: Parte Dois.

A parte anterior foi aclamada nas principais premiações, tornando claro que a sequência necessitava de um impacto ainda maior para atrair um público mais amplo. A intenção aqui é alcançar não apenas os admiradores de Wicked, mas também os fãs de musicais, os arianators “fãs de Ariana Grande” e até mesmo aqueles que nunca assistiram ao musical, mas que podem ser conquistados após o primeiro filme ter conquistado dois Oscars. E podemos afirmar que Wicked Parte Dois é grandioso em todos os aspectos.

O filme inicia reforçando que a condição em Oz permanece quase igual. Na verdade, piorou para os animais e alguns dos cidadãos. A perseguição à Elphaba continua, assim como a marginalização e exclusão dos animais na sociedade. Glinda começa a realizar parte do seu sonho de se estabelecer como um símbolo de inspiração para Oz, enquanto Elphaba se mantém isolada, fugindo dos soldados do Mágico.

Mesmo para aqueles que já conhecem a história e todas as músicas, o filme evita cair na repetição. Os detalhes proporcionam uma nova vivência. "Thank Goodness", por exemplo, foi dividida em duas partes e obteve alterações em alguns trechos. Em "Wonderful", que originalmente era cantada pelo Mágico e Elphaba, agora conta com a participação de Glinda, que assume partes que anteriormente pertenciam apenas ao Mágico.

O único ponto negativo aqui é a forma como o filme trabalha com as músicas. Se usarmos o primeiro como parâmetro, lá as canções eram o grande destaque, porque conseguiam unir perfeitamente ação e sentimento e as músicas. Porém, aqui, isso muda. As músicas são interrompidas várias vezes para abrir espaço aos diálogos e ao aprofundamento do tema central, o que resulta em intervalos muito longos entre as cenas e acaba tirando um pouco da sensação de musical e da encantadora essência das músicas.

É impressionante como o diretor consegue permanecer fiel ao musical, ao mesmo tempo que insere pequenas adaptações que enriquecem a história. Ainda mais notável é o desempenho das protagonistas Cynthia Erivo e Ariana Grande. Ambas já falaram ser fãs do musical. Elas não apenas interpretam, elas viveram esses personagens.

🫧Suas atuações transmitem uma força emocional clara, já que estavam realizando um sonho pessoal em cena.

Ariana Grande e Cynthia Erivo em uma das cenas tensas da amizade rompida entre as duas bruxa
Ariana Grande e Cynthia Erivo em uma das cenas tensas da amizade rompida entre as duas bruxa |  Foto: Wicked: For Good

A atuação é um ponto de destaque neste filme, onde todos os atores se dedicaram intensamente. É evidente que Cynthia, no papel de "Elphaba", possui um vasto talento vocal, o que eleva a profundidade de suas canções e das emoções que transmite.

No entanto, acredito que uma das interpretações mais notáveis seja a de Ariana Grande como "Glinda". Ela se destaca de maneira significativa, assumindo um papel central. Enquanto Cynthia foi a protagonista no primeiro filme, aqui podemos perceber com mais clareza as nuances de sua personagem, pois ela conta com mais tempo de tela. A interpretação é mesclada no drama e na comédia, o que é verdadeiramente impressionante.

É difícil não se conectar aos personagens ao se perceber quantas camadas cada um deles possui. Nenhum deles é perfeito, e isso propicia um desenvolvimento da trama que é humano. A produção mantém um bom equilíbrio entre drama e comédia, pois em Wicked ninguém encontra plena felicidade.

Cada personagem carrega seus próprios conflitos, Elphaba, rotulada como a Bruxa Má do Oeste, carrega um peso de nunca ter sido realmente má; Fiyero se depara com sua transformação ao lado do Homem de Lata; e Glinda, que pode ser vista como a que menos sofreu, reconhece que sempre lidará com a dor de ter perdido sua amiga e seu amor, e estará lutando sozinha por Oz.

Wicked sempre abordou questões que vão além das bruxas de Oz. No livro original, temas como racismo, exclusão racial e econômica, privilégios e poder foram debatidos, elementos que continuam impossíveis de serem ignorados aqui. Dorothy, o leão, o Homem de Lata e o Espantalho, figuras tão importantes em O Mágico de Oz, aparecem apenas como figurantes. Mesmo sem diálogos, sua presença é vital para o desenvolvimento da narrativa, especialmente na trajetória final da de Elphaba.

Ao final, uma dúvida: os espectadores realmente vão conseguir absorver algo dessa obra? Cada produção possui uma moral, e em Wicked parte 2, ela é simples e evidente, já que o filme enfatiza que alguns grupos sempre serão considerados vitoriosos simplesmente por desfrutarem de privilégios.

Elphaba, na canção “For Good”, revela que preferiria morrer a se unir a um opressor, afirmando que defender nossas convicções exige exaustão e até o nosso próprio sacrifício. Nesse caso, para criar uma sociedade mais justa a todos.

Nota; ★★★★★ 

Direção: Jon M. Chu

Roteiristas: Stephen SchwartzWinnie HolzmanGregory Maguire

Estrelas: Cynthia ErivoAriana GrandeJeff Goldblum

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